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Ibovespa (IBOV) derrete 2,8%, maior queda em 5 meses; índice retorna a patamares de março

22 abr 2022, 17:03 - atualizado em 22 abr 2022, 18:53
B3, Ibovespa, Mercados, Ações
A retirada de estímulos dos bancos centrais, como Fed nos EUA e o BCE na Europa, derrubou o Ibovespa (Imagem: Money Times/Diana Cheng)

O Ibovespa (IBOV) fechou a sessão desta sexta-feira com forte queda de 2,86%, a 111.077.51 pontos, segundo dados preliminares. Essa foi a maior queda desde 26 de novembro de 2021, quando o índice despencou 3,39%.

Com isso, o Ibovespa retornou aos patamares de março. Nos últimos 30 dias, o índice acumula queda de 5,63%.

O principal fator para a queda foi a fala do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, de que irá retirar os estímulos da economia mais rápido do que o esperado.

Além disso, Powell afirmou que uma alta de juros de 0,5 ponto percentual deve ser debatida no encontro de maio do Fed.

A declaração causou pânico generalizado nos mercados. Em Wall Street, a Nasdaq despencou 2,31% e o S&P 500 2,58%, segundo dados preliminares.

As sinalizações mais hawkish das autoridades monetárias norte-americanas e da zona do euro também se refletiram sobre o câmbio, com o dólar ganhando força, acima de R$ 4,70.

“O novo ruído político entre o Executivo e o Judiciário quanto à intervenção no caso do Daniel Silveira incrementou o mau humor local”, destaca economista Alexsandro Nishimura, head de conteúdo e sócio da BRA.

De acordo com Pedro Gaudi, da Mirae Asset, um movimento de saída de estrangeiros também influencia bastante o pregão.

“Nesta linha, vale lembrar que o Ibovespa devolve gordura já há algumas semanas e esta não foi diferente, com o Ibovespa devolvendo 4,4% na semana”, completa.

Entre as ações, papéis da CSN (CSNA3) despencaram, em meio a maior busca por segurança e preocupações sobre os resultados do primeiro trimestre de 2022.

A Vale (VALE3) tombou quase 6% puxado pelo minério de ferro.

O contrato de minério de ferro mais negociado para setembro na bolsa de commodities de Dalian caiu 2,4%, para 881 iuanes (US$ 136,16) a tonelada, depois de atingir 876 iuanes no início da sessão, o menor nível desde 14 de abril. No acumulado da semana, o recuo foi de 2,6%.

Confira as notícias que movimentaram o Ibovespa hoje

Fed vai para cima (e isso é só começo)

Traders apostam que o Federal Reserve realizará os maiores aumentos de juros nos EUA em mais de duas décadas em cada uma das próximas quatro reuniões de política monetária.

O mercado monetário precifica 2 pontos percentuais de aperto até setembro, de acordo com swaps de taxas de juros. Isso implica aumentos de meio ponto percentual – inédito desde 2000 – em maio, junho, julho e setembro para levar o limite superior da taxa básica para 2,50%.

Essa precificação vem após o presidente do Fed Jerome Powell expor sua mais agressiva abordagem para domar a inflação até o momento na quinta-feira.

Os chefes de alguns dos maiores bancos regionais dos EUA veem riscos crescentes de uma recessão provocada pelos aumentos das taxas de juros do Federal Reserve, embora esses aumentos devem elevar a receita de empréstimos.

Os formuladores de política monetária do Fed lutam para conter preços ao consumidor que subiram 8,5% em relação ao ano anterior em março, e o presidente da autoridade Jerome Powell disse que um aumento de meio ponto percentual na taxa de juros “estará na mesa” em maio.

BCE não fica atrás

Os mercados monetários da zona do euro passaram a precificar nesta sexta-feira aumentos de mais de 80 pontos básicos nos juros pelo Banco Central Europeu neste ano, antecipando o momento para a primeira alta depois de declarações de autoridades e dados econômicos melhores que o esperado.

Operadores intensificaram suas apostas para precificar quase 85 pontos de altas de juros até o final do ano, de cerca de 70 pontos na quinta-feira.

Eles também passaram a precificar um movimento de 25 pontos –tamanho da primeira alta esperada por muitos analistas –até julho, ante 15 pontos após reunião do BCE na semana passada.

Eletrobras e o risco da não privatização

Os papéis da Eletrobras (ELET6) figuraram entre as maiores quedas do Ibovespa após o TCU postergar privatização da estatal.

Em relatório, o Goldman Sachs disse que a nova concessão a um pedido de vista sobre o processo de privatização da Eletrobras (ELET6) potencialmente levará a oferta de capitalização para segundo semestre deste ano.

Em relatório assinado por Pedro Manfredini e equipe, o Goldman Sachs comenta que o processo de privatização da companhia ficará mais próximo das eleições, em outubro de 2022, “o que pode gerar volatilidade adicional aos mercados”.

Destaques

PETROBRAS (PETR3) e (PETR4) mostraram decréscimo de 3,9% e 5%, respectivamente, em meio à redução de 1,6% do petróleo Brent, que subiu na véspera.

ITAÚ UNIBANCO PN (ITUB4) desvalorizou-se 2% e BRADESCO PN (BBDC4) teve queda de 1,4%, em sessão negativa também para bancos.

LOCAWEB ON (LWSA3) diminuiu 6,3%, IGUATEMI UNIT (IGTI11) reduziu 5,4% e COGNA ON (COGN3) recuou 5,3%.

NATURA ON (NTCO3) fechou 3,4% no negativo, estendendo perdas após tombo de 15,6% na quarta-feira, em meio a rumores de mercado de que a empresa reportaria números fracos para o trimestre. Na noite da véspera, a empresa divulgou expectativa de queda de 12,7% a 13,3% na receita líquida em reais no primeiro trimestre ante igual período do ano anterior, enquanto a margem Ebitda ajustada deve cair para entre 7,0% e 7,3%. O Citi cortou recomendação e o preço-alvo da ação.

KLABIN UNIT (KLBN4) caiu 0,2%. A empresa anunciou reajuste de 30 dólares a tonelada nos preços da celulose de fibra curta a partir de 1 de maio na China.

COPEL PNB (CPLE6)  subiu 1,6%, RAIA DROGASIL ON (RADL3) avançou 0,2% e AMBEV ON (ABEV3) ganhou 0,1%, sendo as únicas ações do índice a fechar no positivo.

Com Reuters e Bloomberg

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