Ibovespa (IBOV) abre sem direção definida de olho nas taxas de Trump; 5 coisas para saber ao investir hoje (1º)

O Ibovespa (IBOV) abre o pregão desta terça-feira (1º) sem direção definida. O principal índice da bolsa brasileira recuava 0,03%, aos 130.223,48 pontos, por volta de 10h04 (horário de Brasília).
Hoje, o dólar à vista rondava a estabilidade ante o real nas primeiras negociações do dia, à medida que os investidores continuam se posicionando para o anúncio de tarifas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, enquanto aguardam dados econômicos.
Por volta das 10h, o dólar avançava 0,33%, a R$ 5,7235.
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Radar do mercado:
5 assuntos para saber ao investir no Ibovespa nesta terça (1)
1 – Novela do Banco Master e Banco de Brasília (BRB) ganha novo capítulo
A novela da aquisição Banco Master por parte do Banco de Brasília (BRB), confirmada na última sexta-feira (28), ganha novos capítulos.
O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, tem uma reunião marcada com Daniel Vorcaro, CEO do Banco Master, para avaliar o processo de aquisição da instituição. Ontem, ele se reuniu com Paulo Henrique Costa, presidente do BRB.
A operação é avaliada em R$ 2 bilhões, sendo que o BRB vai comprar 48% das ações ordinárias (com direito a voto) do Master, e 100% das preferenciais.
As informações eram de que o BC poderia barrar a compra. Segundo informações do jornal O Globo, a transação é arriscada, visto que o banco possui dificuldade de captação de recursos e vinha pagando taxas muito acima dos rivais, de 140% do CDI em seus CDBs.
2- À espera das tarifas
Lá fora, o clima é de expectativa enquanto os Estados Unidos não anuncias as suas tarifas recíprocas, que devem ser apresentadas por Donald Trump na quarta-feira (2), evento que está sendo chamado pelo presidente de “o dia da Libertação” dos EUA.
Ontem, o Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR, na sigla em inglês), divulgou um relatório acusando 59 países — incluindo o Brasil — de imporem numerosas barreiras e tarifas contra produtos americanos.
No caso do Brasil, o documento diz que o governo impõe tarifas relativamente altas sobre as importações em uma ampla gama de setores, incluindo automóveis, peças automotivas, tecnologia da informação e eletrônicos, produtos químicos, plásticos, maquinário industrial, aço, têxteis e vestuário.
O USTR alerta que a “falta de previsibilidade” das alíquotas brasileiras traz dificuldade aos exportadores norte-americanos na projeção de custos para fazerem negócios no país, que apresenta restrições e exige que os contratos contenham requisitos de compensação. Ou seja, o Brasil está na mira das tarifas recíprocas.
Na semana passada, Trump tentou acenar para os investidores, afirmando que as taxas podem ser menores do que ele estava se comprometendo, mas o temor segue. A avaliação é de que as medidas protecionistas resultarão em um aumento dos preços inevitável, afastando a inflação da meta de 2%, tão perseguida pelo Federal Reserve nos últimos anos.
3 – Bolsas americanas enfrentam quedas
O primeiro trimestre de 2025 terminou com fortes perdas para os mercados dos Estados Unidos, refletindo incertezas políticas e econômicas. O S&P 500 recuou 4,6% no período, registrando seu pior desempenho trimestral em três anos. Já o Nasdaq 100 teve queda de 8,3%, a maior desde 2021, pressionado principalmente pelo setor de tecnologia.
Além do desempenho negativo dos índices, o comportamento do dólar surpreendeu os investidores. Tradicionalmente visto como porto seguro em momentos de turbulência, a moeda americana oscilou de forma errática. “O dólar não tem seguido o roteiro clássico de refúgio seguro. Essa volatilidade alimenta especulações sobre moedas rivais se tornando alternativas mais confiáveis”, afirma Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.
No início do trimestre, o mercado demonstrava otimismo, impulsionado pela expectativa de um segundo mandato de Donald Trump, com promessas de desregulamentação e cortes de impostos. No entanto, esse cenário logo se desfez. “O que parecia ser um ambiente de previsibilidade se transformou em um campo minado de tarifas, atritos diplomáticos e incertezas econômicas”, observa Spiess.
Agora, abril começa com investidores em compasso de espera e foco na quarta-feira, 2 de abril — data apelidada por Trump de “Dia da Libertação”. “O mercado entra no mês tentando conter os danos, com nervos à flor da pele diante dos próximos desdobramentos políticos e econômicos”, conclui o analista.
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4 – Petróleo sobe quase 3% com tensão geopolítica e ameaça tarifária de Trump
O petróleo encerrou o pregão de ontem com forte alta, impulsionado por uma combinação de riscos geopolíticos e novas ameaças tarifárias. O barril do Brent para junho subiu quase 3%, fechando a US$ 74,77, em meio a declarações controversas do presidente dos EUA, Donald Trump.
“O mercado de petróleo está sendo diretamente impactado pelo cenário político global. As ameaças de Trump de impor tarifas de 25% ao petróleo russo e suas declarações agressivas contra o Irã aumentam a incerteza e colocam pressão sobre os preços”, explica Spiess.
Além das tensões diplomáticas, os conflitos renovados na Faixa de Gaza adicionaram mais um fator de risco à equação. “A perspectiva de uma escalada militar prolongada no Oriente Médio reforça a cautela dos investidores e mantém o petróleo em patamares elevados”, destaca.
No campo dos fundamentos, os dados também reforçam a tendência de alta. A demanda por petróleo nos EUA atingiu, em janeiro, o maior nível já registrado para o mês desde 1963, enquanto a produção doméstica caiu para 13,146 milhões de barris por dia, menor patamar desde fevereiro de 2024.
“A conjunção de oferta mais apertada e riscos geopolíticos faz com que o barril esteja mais confortável orbitando os US$ 75 do que voltando para a região dos US$ 70”, avalia Spiess. “E, dependendo do desenrolar das tensões internacionais, esse movimento de alta pode estar longe do fim”, conclui.
5- Quem entra e quem sai do Ibovespa? B3 divulga 1ª prévia da carteira do índice
Na disputa pelo grupo mais seleto da B3, duas ações darão ‘adeus’ ao Ibovespa a partir de maio: Automob (AMOB3) e LWSA (LWSA3), segundo a primeira prévia do índice divulgada nesta terça-feira (1º). A saída dos papéis já era esperada pelo Bank of America (BofA), BTG Pactual, Itaú BBA e XP Investimentos.
No caso de Automob, que ingressou no Ibovespa em dezembro passado com a cisão da Vamos (VAMO3), as ações da companhia têm operado abaixo de R$ 1 — o que infringe um dos critérios da B3 para a permanência do papel na carteira do principal índice da bolsa brasileira.
Já LWSA (LWSA3), antiga Locaweb, deve sair devido à negociabilidade da ação. As duas ações devem dar espaço para Direcional (DIRR3), que passa a integrar a carteira do índice a partir de maio, ainda de acordo com a prévia.
Com as mudanças, a nova carteira teórica do Ibovespa vai contar com 86 papéis de 83 empresas brasileiras.
*Com informações de Reuters