Ibovespa (IBOV): 4 motivos que levam o índice a derreter 3% – e o que esperar da bolsa
O Ibovespa (IBOV) derrete mais de 3,4% na sessão desta quinta-feira (5), devolvendo os ganhos de 2022.
Na quarta (4), o índice chegou a subir 1,7% após as declarações do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, de que seria improvável uma de 0,75 ponto percentual dos juros nos Estados Unidos.
Mas qual o motivo da mudança tão drástica em tão pouco espaço de tempo? Confira:
1 – Alta dos juros nos EUA
A leitura de que o Federal Reserve não irá elevar os juros em 0,75 ponto percentual deixou de ser consenso. Agora, os mercados já começam vislumbrar altas mais agressivas do banco central norte-americano.
“Tem a devolução do mercado aqui por conta do movimento lá fora em Nova York”, diz Camila Abdelmalack, economista na Veedha Investimentos.
“Por mais que mercado entenda que a postura do Fed não foi tão agressiva assim, o fato é que na curva de juros dos EUA a elevação de 0,75 ponto continua sendo a mais provável”
Segundo Alexsandro Nishimura, da BRA Investimentos, o mercado passou a ter uma preocupação maior com o reflexo de um posicionamento mais dovish do Fed, trazendo mais inflação e possíveis turbulências.
Para Bruno Komura, da Ouro Preto Investimentos, o mercado não acredita que duas altas de 0,5 ponto serão suficientes para segurar a inflação do jeito que está.
“Tem movimento de bastante aversão ao risco por causa das incertezas e por causa do medo do Fed estar atrás da curva”, diz.
2 – Saída de investidores estrangeiros
Outro motivo apontado por analistas é a saída de investidores estrangeiros, que retiraram R$ 1,74 bilhão da bolsa brasileira em 29 de abril, de acordo com saldo do pregão divulgado na terça-feira (3) pela B3, o que elevou a saída de recursos no mês a R$ 7,68 bilhões.
O resultado em abril representa o primeiro saldo negativo mensal de 2022, ainda que no acumulado do ano o indicador exiba entrada de R$ 60,68 bilhões.
Os dados mensais de entrada e retirada de recursos por estrangeiros em 2021 estão em revisão pela B3, após a operadora da bolsa brasileira ter descoberto um erro de metodologia, divulgado em abril.
“O mercado brasileiro é visto como um ativo de risco. Então os estrangeiros acabam vendendo. Não porque necessariamente o Fed está subindo os juros, mas porque tem esse ambiente de incertezas”, coloca Komura, da Ouro Preto.
Pedro Gaudi, da Mirae Asset, lembra que o fluxo de estrangeiro começou a sair em abril e o Ibovespa caiu 10%. “Se a saída continuar temos espaço para cair mais. O quanto vai cair? É difícil, mas lá nos EUA caem no ano algo na faixa de 17%”, completa.
3 – Copom
Para analistas ouvidos pelo Money Times, o Banco Central do Brasil também pode estar “atrasado”. Na noite de quarta (5), o Copom elevou em 1 ponto percentual a taxa de juros, para 12,75%.
“Copom frustrou depois do Neto cravar alta da Selic nos 12,75% (apesar que nenhum banco comprou essa ideia)”, coloca analista Victor Benndorf, da corretora que leva o seu nome.
Segundo Fábio Galdino, chefe de renda variável da Veronezi Investimentos, o comunicado do Copom de ontem é preocupante.
“O BC fala de uma nova alta na próxima reunião e na reunião de agosto”, destaca. Ele vê o consenso do mercado sobre o patamar da taxa básica de juros para acima de 13,5%, “com a inflação mais persistente”.
“O Banco Central está bem atrás da curva e isso preocupa um pouco o mercado”, afirma.
4 – STF vs Bolsonaro
O desentendimento entre o presidente Jair Bolsonaro e o Supremo Tribunal Federal (STF) também tem chamado a atenção de parte do mercado, segundo Galdino. Ele classifica a questão como um “problema”.
Na terça, o ministro Alexandre de Moraes determinou multa de R$ 405 mil ao deputado bolsonarista Daniel Silveira (PTB-RJ) pelo descumprimento de medidas cautelares definidas pela Corte – que envolvem o uso de tornozeleira eletrônica, entre outros pontos.
Silveira recebeu pena de 8 anos e 9 meses de reclusão, em regime inicial fechado, além de multa e da perda do mandato parlamentar, mas foi beneficiado no dia seguinte por decreto de “graça constitucional” do presidente Jair Bolsonaro.
O que esperar?
Na visão de Pedro Serra, chefe de pesquisas da Ativa Investimentos, a volatilidade vista nos últimos meses deverá continuar.
“Não há nenhum gatilho para alta do Ibovespa no curto prazo. E como as empresas estão descontadas, fica esse entra e sai de estrangeiros, o que gera a volatilidade”, coloca.
O chefe de renda variável da Veronezi também vê o principal índice da bolsa operando entre fortes altas e baixas.
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