Ibovespa (IBOV): 3 fatores que levam índice a derreter nesta quinta-feira
O Ibovespa cai forte nesta quinta-feira (22) após o Banco Central manter a taxa básica de juros, a Selic, em 13,75%. Por volta das 13h08, o índice despencava 1,67%, a 118.404 pontos.
O problema, segundo alguns economistas, foi o tom, considerado duro e que fecha as portas para uma queda em agosto, jogando água fria no recente rali da bolsa, que acumulava disparada de 10% nas últimas semanas.
Apesar da frustração com expectativas em relação ao comunicado do BC, não é só o fator ‘Campos Neto’ que concorre para o tombo de hoje. Confira a seguir outros pontos que ajudam a empurrar o índice para baixo.
Cenário externo
Se aqui o comunicado do BC pegou o mercado de surpresa, lá fora a fala de outro presidente do Banco Central também mexe com os mercados, no caso Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, a autoridade monetária dos EUA.
Powell manteve sua posição agressiva sobre a trajetória dos juros e em seu segundo dia de depoimento perante um comitê do Senado norte-americano.
O presidente disse aos parlamentares em Washington na quarta-feira que as perspectivas para novas altas de juros são “um bom palpite” de para onde o banco central está indo se a economia continuar em sua direção atual.
“Nas bolsas externas ainda prevalece essa cautela, com o presidente central americano reforçando o aperto monetário”, discorre Felipe Leão, especialista da Valor Investimentos.
Mais cedo, o Banco da Inglaterra elevou a taxas de juros em 0,5 ponto percentual, mais do que o esperado, depois de dizer que havia notícias “significativas” sugerindo que a inflação britânica levará mais tempo para cair.
“Falas duras de Powell também reforçam a preocupação em relação ao aperto monetário e deixam o clima nos mercados pessimista”, reforça Fabio Louzada, fundador da Eu me banco.
Petróleo
E com a perspectiva de aumento de juros, com possíveis altas no Banco Central Europeu e Banco da Noruega, além das falas de Jerome Powell, o preço do petróleo Brent, referência para a Petrobras (PETR3), mergulhava quase 5%.
“Preocupações da demanda global se juntam à China com dificuldades para manter o crescimento”, explica João Abdouni, analista da Levante Investimentos.
Com isso, a empresa, que possui grande peso para o Ibovespa, caía 1,7%.
- O Banco Central jogou um balde de água fria no mercado, que esperava sinais de corte na Selic nas próximas reuniões. O plano de voo do Ibovespa foi mesmo interrompido? Assista ao Giro do Mercado de hoje (22) clicando aqui e saiba o que fazer com os seus investimentos. Inscreva-se no nosso canal e fique ligado nas próximas lives, de segunda a sexta-feira, às 12h.
Banho de água fria no Ibovespa
E o principal motivo para queda de hoje é o comunicado considerado duro por parte de economistas e agentes do mercado. A questão, segundo o analista da Empiricus, Matheus Spiess, é que o mercado criou expectativa para um corte já em agosto.
“Se esperava que o Banco Central fosse mais enfático na queda dos juros, mas ele não foi. O BC também está falando duro para que não haja flexibilização da meta da inflação”, argumenta.
Já Victor Benndorff, da corretora que leva o seu nome, classifica o tom usado pelo BC como exagerado.
“Não precisava ficar tão agressivo, temos um ponto de inflexão forte da inflação. Teve um pouco de jogo de ego com o executivo”, discorre.
Campos Neto e o BC travam uma ‘batalha’ com o presidente Lula. A equipe econômica não gostou da decisão da autoridade monetária de manter a Selic no patamar de 13,75% e ainda reforçar que manterá a taxa de juros alta até conseguir reduzir a inflação.
Benndorff diz que o mercado vai sentir no curto prazo, mas está encaminhado para o médio e longo.
Com informações da Reuters