Ibovespa hoje: Sem Copa, com PEC mais enxuta e Copom duro
O Ibovespa vive hoje o primeiro pregão desde meados do mês passado sem nenhum jogo da Copa do Mundo para acompanhar. Apesar de a interferência nos negócios locais ocorrer apenas em dias em que a seleção brasileira entra em campo, os investidores podem aproveitar essa privação vinda do Catar para ajustar suas carteiras.
Ainda mais porque vem novidades de Brasília. Os mercados domésticos já estavam praticamente fechados ontem quando a CCJ aprovou um texto desidratado da PEC da Transição. Apenas a bolsa brasileira teve uma reação positiva, acelerando os ganhos logo na reta final da sessão.
Esse movimento deve ter continuidade nesta quarta-feira (7), com o Ibovespa pegando carona no alívio do dólar e nos juros futuros, já sinalizado na sessão estendida da véspera. Afinal, a comissão do Senado aprovou uma proposta mais enxuta, de aumentar o limite do teto dos gastos em R$ 145 bilhões pelo prazo de dois anos.
Os R$ 23 bilhões excedentes foram mantidos, resultando em um impacto nas contas públicas de R$ 168 bilhões. Ainda que represente uma expansão dos gastos, o valor proposto é menor que os R$ 198 bilhões pedido pelo governo eleito. Além disso, o prazo para apresentar uma nova regra fiscal é agosto de 2023 – e não mais até o fim do ano que vem.
Hoje é dia de Copom
Com a aprovação por unanimidade na CCJ, o texto segue para o plenário do Senado, onde deve ser votado ainda hoje, em sessão às 16h. A PEC precisa de pelo menos 49 votos, em dois turnos, para então ir à votação no plenário da Câmara. A expectativa é de que o texto aprovado pelos senadores não sofra alterações entre os deputados.
O dia ainda reserva o desfecho da última reunião de 2022 do Comitê de Política Monetária (Copom). Apesar da expectativa de manutenção da Selic em 13,75%, o comunicado que acompanhará o anúncio da decisão deve vir com um tom mais duro (“hawkish”), diante das incertezas fiscais e com o fim da deflação.
Com isso, também merecem atenção o julgamento no STF das ações que contestam a constitucionalidade do orçamento secreto, que tem tudo a ver com a PEC da Transição, bem como o resultado de novembro do IGP-DI (8h). O indicador deve apresentar queda menor em novembro, lançando luz para o que esperar para o IPCA, que sai na sexta-feira.
Em meio a tudo isso, os mercados domésticos não devem descuidar do cenário externo. Lá fora, o mar não está para peixe, em meio à falta de clareza sobre a situação econômica do mundo, sobretudo dos Estados Unidos e da China. Aos poucos, os ativos de risco, principalmente as commodities industriais, vão se dando conta do perigo vindo da palavra que vai abalar o mundo em 2023: recessão.
Confira o desempenho dos mercados financeiros por volta das 7h40:
EUA: o futuro do Dow Jones tinha baixa de 0,19%; o do S&P 500 recuava 0,30%; enquanto o Nasdaq caía 0,42%;
NY: o Ibovespa em dólar (EWZ) oscilava com -0,03% no pré-mercado; nos ADRs, Vale caía 1,07%, enquanto o da Petrobras tinha leve baixa de 0,06%;
Europa: o índice pan-europeu Stoxx 600 tinha queda de 0,64%; a bolsa de Frankfurt caía 0,55%, a de Paris cedia 0,46% e a de Londres recuava 0,14%;
Câmbio: o índice DXY tinha baixa de 0,06%, a 105.51 pontos; o euro subia 0,33%, a US$ 1,0501; a libra tinha alta de 0,36%, a US$ 1,2174; o dólar tinha alta de 0,31% ante o iene, a 137,49 ienes;
Treasuries: o rendimento da T-note de dez anos estava em 3,532%, de 3,533% na sessão anterior; o rendimento da T-bill de 2 anos estava em 4,354%, de 4,366%, na mesma comparação;
Commodities: o futuro do ouro subia 0,11%, a US$ 1.784,30 a onça na Comex; o futuro do petróleo WTI caía 0,86%, a US$ 73,61 o barril; o do petróleo Brent recuava 0,86%, a US$ 78,67 o barril; o contrato futuro mais líquido do minério de ferro (maio/23) negociado em Dalian (China) fechou em baixa de 0,13%, a 779 yuans a tonelada métrica, após ajustes.