Bula do Mercado

Ibovespa hoje: queda-de-braço entre governo e mercado

19 jan 2023, 7:56 - atualizado em 19 jan 2023, 8:00
Ibovespa abre pregão no meio da queda-de-braço entre governo e mercado, repercutindo novas falas do presidente Lula com temas caros ao investidor (Arte: Equipe Money Times)

O Ibovespa inicia o pregão desta quinta-feira (19) no meio da queda-de-braço entre governo e mercado. A disputa ganhou um novo capítulo ontem, com as falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 

O Ibovespa já havia mostrado certo desconforto ontem às declarações de Lula sobre o salário mínimo em evento com as centrais sindicais. Porém, nem o discurso nem o sinal negativo vindo do exterior foram capazes de impedir mais uma sessão de ganhos.

Hoje, porém, a bolsa brasileira não deve conseguir escapar ilesa. Além da renovada aversão ao risco nos mercados globais nesta manhã, novas falas mais duras do presidente da República devem pressionar os negócios locais. 

Na primeira entrevista exclusiva à imprensa nacional, Lula falou à GloboNews. Boa parte da conversa foi dedicada aos atos antidemocráticos. Ele afirmou que o ocorrido em 8 de janeiro em Brasília foi uma tentativa de golpe patrocinada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e pelas Forças Armadas.    

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BC na mira de Lula

Mas a parte que interessa mesmo ao investidor estava lá no finalzinho da entrevista. Depois de passar boa parte da conversa abordando temas políticos, Lula tratou então de questões econômicas. E muitas delas caras ao mercado

O presidente disse que era uma “bobagem” a autonomia do Banco Central e criticou o regime de metas de inflação. Para ele, o atual alvo perseguido pelo BC, de 3,5%, é um “exagero”.

Além disso, Lula questionou o atual nível elevado da taxa básica de juros. Segundo o presidente, a forma como o BC conduz a política monetária força um arrocho na economia. Lula, então, voltou a dizer que responsabilidade social e fiscal precisam andar juntos. 

Queda-de-braço entre BC e mercado

Ou seja, o governo continua jogando contra o mercado. Ainda ontem, falou-se disso aqui. Esse parece ser o principal erro de Lula neste início de terceiro mandato. Afinal, o mercado não tem alma (para vender) nem ideologia (para viver). 

Qualquer disputa entre esses dois players tende a acabar em alta no dólar e nos juros futuros, respingando na inflação e no crescimento econômico. Ainda mais em um ambiente internacional que, enfim, se dá conta da evidente perda de tração da economia dos Estados Unidos.

Aliás, o risco real de uma recessão não parece em nada embutido nos preços dos ativos. Daí, então, fica a pergunta: quem vai ganhar essa briga?

Confira o desempenho dos mercados globais por volta das 7h50:

EUA: o futuro do Dow Jones caía 0,53%; o do S&P 500 recuava 0,56%; enquanto o Nasdaq cedia 0,63%;

NY: o Ibovespa em dólar (EWZ) caía 1,53% no pré-mercado; nos ADRs, o da Vale recuava 0,78%, enquanto o da Petrobras tinha baixa de 2,37%;

Europa: o índice pan-europeu Stoxx 600 perdia 1,13%; a bolsa de Frankfurt tinha queda de 1,22%; a de Paris cedia 1,23% e a de Londres recuava 0,83%;

Câmbio: o índice DXY caía 0,15%, a 102.21 pontos; o euro subia 0,27%, a US$ 1,0826; a libra cedia 0,15%, a US$ 1,2329; o dólar tinha queda de 0,28% ante o iene, a 128,55 ienes;

Treasuries: o rendimento da T-note de dez anos estava em 3,366%, de 3,373% na sessão anterior; o rendimento da T-bill de 2 anos estava em 4,068%, de 4,098% na mesma comparação;

Commodities: o futuro do ouro oscilava com +0,10%, a US$ 1.908,90 a onça na Comex; o futuro do petróleo WTI caía 1,00%, a US$ 79,00 o barril; o do petróleo Brent recuava 0,79%, a US$ 84,33 o barril; o contrato futuro mais líquido do minério de ferro (maio/23) negociado em Dalian (China) fechou em alta de 1,25%, a 850 yuans a tonelada métrica, após ajustes.