Ibovespa hoje: Mercado fica dividido entre eleições e decisão do Fed

O Ibovespa conseguiu engatar uma dinâmica própria ontem, superando Wall Street e fechando em forte alta, relegando o nervosismo dos investidores antes da decisão do Federal Reserve, amanhã. O mercado local recebeu de bom grado o anúncio público de apoio de Henrique Meirelles ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“A interpretação do mercado, aparentemente, é de que Meirelles poderia ser uma âncora de política econômica mais ‘ortodoxa’ dentro de um eventual governo Lula”, explicou o CIO da TAG Investimentos, Dan Kawa, em comentário matinal. Por ortodoxia, leia-se maior responsabilidade fiscal, por exemplo. 

“Meirelles é visto como o famoso ‘Posto Ipiranga’”, emendou Fabio Fares, da Quantzed, em alusão a como o ministro da Economia, Paulo Guedes, é conhecido. “O mercado viu que pode ser uma coisa boa. Ele é um político e sabe o suficiente”, completou. 

Portanto, na reta final para o primeiro turno das eleições, o mercado financeiro se prepara para os desafios e o cenário econômico que o candidato vitorioso nas urnas em outubro terá pela frente. E as pesquisas eleitorais mais recentes mostram aumento da vantagem do petista sobre o candidato à reeleição Jair Bolsonaro.

Tanto no levantamento FSB/btg quanto no Ipec, ambas divulgadas ontem, as intenções de voto em Lula aumentaram para além da margem de erro, enquanto o principal rival ficou estável. Ao que tudo indica, o “momentum” positivo que Bolsonaro apresentava estancou. Já a chance de vitória de um novo governo em primeiro turno segue viva – e crescente.

Exterior no radar

Ainda que as eleições tenham maior influência no comportamento dos ativos domésticos, tampouco se pode descartar o impacto dos mercados internacionais na cena local. Afinal, a elevada volatilidade vista na segunda-feira tende a se repetir, principalmente a partir da tarde de quarta-feira (21).

Nesta manhã, o viés negativo volta a prevalecer nos índices futuros das bolsas de Nova York, em meio ao avanço no rendimento (yields) dos Treasuries, diante da expectativa pela decisão Fed. A previsão majoritária continua sendo de nova alta – a terceira seguida – de 0,75 ponto percentual (pp) na taxa de juros dos Estados Unidos.

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Porém, o receio dos mercados é de que os juros norte-americanos subam ainda mais para combater a inflação elevada e permaneçam em nível elevado por mais tempo, levando os EUA à recessão. Portanto, qualquer melhora em Wall Street, como a que se viu ontem, tende a ser passageira. Afinal, o Fed e as ações globais estão em rota de colisão – e a bolsa brasileira não está blindada de eventuais solavancos vindos do exterior.

A seguir, veja o desempenho dos mercados financeiros por volta das 7h25:

EUA: os futuros do Dow Jones caía 0,41%; o S&P 500 recuava 0,49%; enquanto o Nasdaq cedia 0,59%;

Europa: o índice pan-europeu Stoxx 600 tinha queda de 0,79%; a bolsa de Frankfurt perdia 0,91%; a de Paris caía 1,05% e a de Londres recuava 0,30%

Câmbio: o DXY tinha alta de 0,11%, a 109.86 pontos; o euro cedia 0,17%, a US$ 1,0008; a libra tinha leve baixa de 0,04%, a US$ 1,1430; o dólar subia 0,28% ante o iene, a 143,60 ienes.

Treasuries: o rendimento da T-note de dez anos estava em 3,540%, de 3,492% na sessão anterior; o rendimento da T-bill de 2 anos estava em 3,979%, de 3,927% na sessão anterior

Commodities: o futuro do ouro caía 0,23%, a US$ 1.674,60 a onça na Comex; o futuro do petróleo WTI oscilava em alta de 0,06%, a US$ 85,78 o barril; o do petróleo Brent avançava 0,18%, a US$ 92,17 o barril; o minério de ferro para janeiro fechou em queda de 1,11% em Dalian (China), a 710 yuans.

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