Ibovespa hoje: Ibovespa testa dinâmica própria em meio à cautela no exterior
O Ibovespa tem conseguido se desvencilhar do ambiente externo mais negativo, vivendo sua dinâmica própria em meio ao forte fluxo estrangeiro. Ontem, o principal índice acionário da B3 saltou mais de 2%, apesar dos mercados internacionais ainda pressionados.
Hoje, a cautela lá fora permanece. As especulações sobre o tom do discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, em Jackson Hole na sexta-feira continuam afetando os mercados. Os índices futuros das bolsas de Nova York amanheceram na linha d’água, enquanto o rendimento (yield) da T-note de 10 anos segue acima de 3%.
Com isso, percebe-se o contraste entre a mensagem do Fed de priorizar o combate à alta dos preços, em detrimento ao pleno emprego, versus a expectativa de um “pivô” rumo a cortes na taxa de juros em 2023. Se repetir esse discurso na sexta-feira, Powell não convencerá o mercado de que o Fed é capaz de derrubar a inflação sem causar recessão.
Fato é que a narrativa de “pouso suave” da economia dos Estados Unidos carece de qualquer lógica econômica. Ainda mais diante da perda de tração da atividade na Europa e na China, onde a fraqueza do euro e do renminbi falam por si. Portanto, tal avaliação pode ser apenas mais uma ilusão por parte do Fed, que também dizia que a inflação elevada seria “temporária”.
Aqui tem inflação e eleição
Já no Brasil, a prévia de agosto do índice oficial de preços ao consumidor (IPCA-15) irá mostrar se o processo deflacionário é disseminado ou se está contido apenas aos combustíveis. O dado será divulgado às 9h pelo IBGE.
Ao que tudo indica, ainda é cedo para comemorar que chegou ao fim a alta generalizada dos preços, principalmente nos alimentos, vivida desde o início da pandemia e potencializada pela guerra da Ucrânia – que, aliás, completa seis meses hoje. Nesse caso, a deflação parece sim ser temporária, uma vez que é estimulada por medidas pontuais, como corte de impostos na gasolina.
Fica claro, então, que boa parte do combate à inflação está fora do escopo de qualquer banco central. Em vez disso, é um trabalho mais dos governos (federal, estadual e local) ou das empresas.
E é aí que entram as eleições de outubro. Afinal, são mudanças conjunturais e reformas estruturais que levam a um processo consistente de recuperação econômica.
Por ora, a disputa presidencial segue sem novidades, o que deixa a sensação no mercado de que o resultado das urnas já está embutido nos preços dos ativos. Mas o jogo está apenas começando e não se sabe ao certo quem será o vencedor.
Ontem, foi a vez da sabatina de Ciro Gomes no Jornal Nacional. Assim como o presidente Jair Bolsonaro, o candidato do PDT também se saiu bem e conseguiu passar sua mensagem, ainda que tenha se complicado nas explicações. Seja como for, o desempenho de ambos só aumenta a pressão sobre os próximos sabatinados.
A seguir, veja o desempenho dos mercados financeiros por volta das 7h50:
EUA: o futuro do Dow Jones tinha leve baixa de 0,02%; o do S&P 500 oscilava com +0,01%; e o do Nasdaq cedia 0,04%;
Europa: o índice pan-europeu Stoxx 600 estava estável; a bolsa de Frankfurt caía 0,15%; a de Londres recuava 0,28% e a de Paris tinha -0,02%.
Câmbio: o DXY subia 0,24%, a 108.88 pontos; o euro caía 0,49%, a US$ 0,9922; a libra tinha queda de 0,51%, a US$ 1,1775; o dólar oscilava com -0,04% ante o iene, a 136,69 ienes.
Treasuries: o rendimento da T-note de dez anos subia a 3,051%, de 3,049% na sessão anterior; o rendimento da T-bill de 2 anos estava em 3,323%, de 3,333% na sessão anterior
Commodities: o futuro do ouro tinha queda de 0,20%, a US$ 1.757,10 a onça na Comex; o futuro do petróleo WTI subia 0,80%, a US$ 94,52 o barril; o do petróleo Brent avançava 0,83%, a US$ 101,07 o barril; o minério de ferro para janeiro teve alta de 1,36% em Dalian (China), a 707 yuans.
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