Ibovespa e dólar dedicam pregão do pós-eleição à vitória de Lula
O Ibovespa dedica o pregão desta segunda-feira (31) à vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de 2022. E a reação da bolsa brasileira à derrota de Jair Bolsonaro (PL) nas urnas não deve ser nada agradável.
Basta olhar o comportamento dos ativos locais no exterior. Os recibos de ações (ADRs) da Petrobras desabam cerca de 10% no pré-mercado em Nova York, com os investidores temendo a volta da mão pesada do governo na estatal petrolífera.
Os ADRs da Vale também recuam, porém de forma menos pronunciada. Além disso, o principal fundo de índice (ETF) brasileiro negociado em Nova York, o iShares MSCI Brazil (EWZ), tomba cerca de 5%.
Portanto, os investidores se preparam para uma forte pressão vendedora (sell off) nos mercados domésticos, que tende a içar o dólar. A expectativa é de estresse no câmbio, nos moldes do que se viu 20 anos atrás, quando o petista foi eleito pela primeira vez.
Incertezas pairam no ar
Espera-se, assim, um pregão alheio ao comportamento dos mercados globais, que estão em compasso de espera pela decisão de juros dos Federal Reserve na quarta-feira (2), feriado nacional. Lá fora, o sinal negativo também prevalece, em meio ao menor apetite por risco.
A principal razão para o esperado comportamento negativo por aqui é a falta de clareza em relação ao que será um terceiro mandato de Lula. O mercado está atento à agenda econômica do próximo governo e ao nome de quem comandará a pauta.
De um modo geral, a percepção é de que não dá para conciliar a agenda de inclusão social defendida pelo presidente eleito com a responsabilidade fiscal. Mais que isso, o maior desafio de Lula será pacificar o Brasil, que se mostrou totalmente dividido nas urnas.
Ciente disso, Lula afirmou, em discurso após eleito, que “não existem dois brasis” e garantiu que irá governar para todos os brasileiros, visando “restabelecer a paz entre os divergentes”. O problema é que o silêncio do outro lado é ensurdecedor.
Trump tropical
Fosse em qualquer outro lugar do mundo, o candidato derrotado já teria ligado, parabenizando o oponente pela vitória. É de bom tom que assim o fosse, respeitando a liturgia do cargo.
Mas Bolsonaro segue à risca a cartilha deixada por Donald Trump, que tampouco reconheceu a derrota para Joe Biden nas eleições dos Estados Unidos dois anos atrás e escalou a tensão eleitoral até as vésperas da posse. Quem não se lembra do episódio ocorrido em janeiro de 2021 no Capitólio?
Aliás, tanto Trump quanto Bolsonaro tornaram-se o primeiro presidente de seus respectivos países que não conseguiram se reeleger em mais de 20 anos. Contudo, a classe política mundial e local já vieram a público parabenizar a vitória de Lula, esfriando o clima para contestar as eleições nacionais.
Por tudo isso, o movimento de depreciação dos ativos locais tende a durar alguns dias. Contudo, vale lembrar “quedas muito acentuadas” do Ibovespa e do real em relação ao dólar podem ser vistas como oportunidades de alocação por alguns investidores, em especial estrangeiros. A conferir.
A seguir, veja o desempenho dos mercados financeiros por volta das 7h50:
EUA: o futuro do Dow Jones caía 0,50%; o do S&P 500 recuava 0,57%; enquanto o Nasdaq tinha queda de 0,74%;
Europa: o índice pan-europeu Stoxx 600 oscilava com -0,03%; a bolsa de Frankfurt subia 0,15%; a de Paris tinha baixa de 0,12%, enquanto a de Londres avançava 0,17%
Câmbio: o DXY tinha alta de 0,41%, a 111.20 pontos; o euro recuava 0,37%, a US$ 0,9929; a libra tinha queda de 0,69%, a US$ 1,1537; o dólar avança 0,80% ante o iene, a 148,66 ienes.
Treasuries: o rendimento da T-note de dez anos estava em 4,054%, de 4,016% na sessão anterior; o rendimento da T-bill de 2 anos estava em 4,491%, de 4,408% na sessão anterior
Commodities: o futuro do ouro caía 0,27%, a US$ 1.640,40 a onça na Comex; o futuro do petróleo WTI recuava 1,68%, a US$ 86,42 o barril; o do petróleo Brent cedia 1,47%, a US$ 92,39 o barri; o minério de ferro para janeiro fechou em queda de 3,08% em Dalian (China), a 613 yuans.
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