Mercados

Foi o fiscal? Os gatilhos que fizeram Ibovespa desabar nesta quinta-feira

03 out 2024, 17:07 - atualizado em 03 out 2024, 17:20
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(Imagem: iStock/Alfribeiro)

O Ibovespa, que parecia caminhar para alta sustentável após a boa notícia da elevação do rating do Brasil pela Moodys, entornou o caldo e desabou nesta quinta-feira. O índice fechou em queda de 1,38%, a 131.671 pontos.

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A queda foi generalizada, puxada principalmente por Vale (VALE3) e os bancos, como Itaú (ITUB4) e Bradesco (BBDC4). Somente nove ativos fecharam em alta.

O tombo até poderia ter sido pior, não fosse a alta da Petrobras (PETR4), que subiu 1,12%. A ação refletiu a disparada do petróleo. Os contratos do Brent, usado como referência pela estatal, subiram nada menos que 5% em meio ao conflito no Oriente Médio.

De acordo com analistas, o ‘freio’ do investidor foi puxado, em parte, pelo fiscal brasileiro.

Mais cedo, o secretário do Tesouro, Rogério Ceron, disse que o governo não está usando artifícios para liberar créditos extraordinários, fora do Orçamento, citando que a maior parte desses gastos diz respeito à catástrofe no Rio Grande do Sul.

Já na véspera, Roberto Campos Neto afirmou que o Brasil precisa de um programa que gere uma percepção de choque fiscal positivo, se quiser conviver com a taxa Selic mais baixa.

“Apesar da elevação do rating do Brasil pela Moody’s, que beneficiou diversas empresas, os investidores seguem demandando prêmios maiores para alocar capital no país, o que continua pressionando as curvas futuras de juros”, diz Anderson Silva, sócio da GT Capital.

Cenário geopolítico

O mercado também segue de olho nos desdobramentos da tensão entre Israel e Irã.

De acordo com o gestor, a guerra traz mais um componente de risco, já que é capaz de abalar qualquer tese de investimento fundamentada em premissas econômicas.

Uma alta expressiva e contínua do petróleo, por exemplo, pode ‘bater’ na inflação, tanto no Brasil como em outros países, como nos Estados Unidos, onde se vive um período de corte das taxas.

“Como grande parte dos investidores na bolsa brasileira é composta por estrangeiros, este fator também entra nas análises, fazendo com que o IBOV registre mais um dia de movimento corretivo, impulsionado tanto por questões externas (como o conflito no Oriente Médio) quanto pela retomada da alta nas taxas de juros no cenário doméstico”, diz.

Para estrategistas do BTG Pactual, apesar do cenário externo com queda de juro e “pouso suave” nos EUA e medidas de estímulo da China, desafios fiscais contínuos estão mais uma vez impedindo o Brasil de capturar os benefícios do momento favorável.

“Infelizmente, parece que o país está perdendo outra oportunidade de ouro, especialmente porque alguns de seus principais pares de EM (mercados emergentes) enfrentam desafios ainda mais agudos”, afirmaram em relatório enviado a clientes.

Em Wall Street, S&P 500 caiu 0,17%, Nasdaq recuou 0,04% e Dow Jones fechou em queda de 0,44%.

Maiores altas e quedas do Ibovespa

Entre as maiores quedas, a Vamos é destaque.

Mais cedo, a empresa confirmou a contratação do Bradesco BBI para atuar como assessor financeiro do Comitê Independente na Operação de Reorganização Estratégica, no qual resultará na criação de uma nova empresa listada na B3.

No início da semana, a Simpar (SIMH3) comunicou a intenção em se desmembrar da Vamos, a qual ficaria apenas com locação de caminhões, máquinas e equipamentos, e combinar o braço de locação da companhia à Automob, também subsidiária da companhia.

“Evento ainda precisa ser assimilado pelos investidores até que se possa realizar uma avaliação mais precisa”, diz Anderson Silva.

Já o Assaí (ASAI3) estendeu as quedas. Pesa contra a empresa um Termo de Arrolamento no valor de R$ 1,3 bilhão emitido pela Receita Federal.

Entre as maiores altas, a Natura (NTCO3) liderou, possivelmente impulsionada pela notícia de que a gestora Baillie Gifford aumentou sua participação na empresa.

Além disso, Petrobras e PetroReconcavo (RECV3) também se sobressaíram, com alta expressiva em função da valorização do petróleo nos últimos dias, decorrente da intensificação do conflito no Oriente Médio.

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