Ibovespa (IBOV) protagoniza sessão amarga após surpresa ruim com comunicado do Copom
O comunicado mais duro do Banco Central após a decisão de manter os juros do Brasil acertou em cheio o Ibovespa (IBOV) nesta quinta-feira (22). O índice de referência da Bolsa brasileira encerrou o pregão com desvalorização de 1,23%, a 118.934,20 pontos.
Ontem, o Ibovespa chegou a superar os 120 mil pontos, atingindo o maior patamar desde abril de 2022, com o mercado na expectativa pelo resultado da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).
Porém, um comunicado considerado mais hawkish (agressivo) afastou o índice das máximas do ano, levando também as ações fortemente penalizadas por juros elevados – varejistas e construtoras, principalmente.
Isso explica por que Magazine Luiza (MGLU3) e Via (VIIA3) figuraram entre os destaques de baixa da sessão, assim como Eztec (EZTC3), MRV (MRVE3) e Cyrela (CYRE3).
Fabio Louzada, economista, analista CNPI e fundador da Eu me banco, diz que o comunicado veio mais duro que o esperado. Sem uma indicação quanto a uma possível queda da Selic em agosto, o especialista avalia que o mercado pode esperar que uma eventual queda das taxas comece em setembro.
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Outros agentes do mercado acreditam que o impacto da notícia é temporário e o mau humor do mercado não se prolongará. Vanessa Fiorezzi Lui, economista e operadora de renda variável na WIT Invest, lembra do rali recente da Bolsa e diz que movimentos como o de hoje são naturais.
“Como nossas ações ainda estão muito descontadas, esse impacto não deve pesar muito”, defende.
As ações da Petrobras (PETR4) contribuíram para a queda do mercado local nesta quinta. A empresa estatal perdeu 1,26% com o baque nos preços do petróleo no exterior. A derrocada veio justamente pela “avalanche” de decisões hawkish dos bancos centrais na Europa e nos Estados Unidos.
Vale (VALE3), que chegou a testar alta no início do pregão, fechou o dia em queda de 0,54%.
Bancos também tiveram uma sessão negativa, contribuindo para a baixa do índice.
Fator Powell
O presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, voltou ao seu segundo dia de sabatina no Congresso dos EUA. Desta vez, Powell discursou para o Senado norte-americano.
Segundo Powell, um corte nos juros só deve acontecer até que as autoridades monetárias estejam confiantes com a desaceleração da inflação para a meta de 2% do banco central – o que elas não veem acontecendo tão cedo.
No entanto, Powell afirmou que o ajuste dos juros ocorrerá em “ritmo cuidadoso”.
O ritmo de aperto monetário é uma preocupação na Europa também. Pela manhã, o Banco da Inglaterra elevou a taxas de juros em 0,5 ponto percentual, mais do que o esperado, depois de dizer que havia notícias “significativas” sugerindo que a inflação britânica levará mais tempo para cair.
Os índices em Wall Street apresentaram performance mista, com Dow Jones fechando perto da estabilidade. S&P 500 e Nasdaq avançaram 0,37% e 0,95%, respectivamente.
*Com informações da Reuters