Ibovespa (IBOV) derrapa em meio a caos no exterior; tombo da Vale (VALE3) supera alta da Petrobras (PETR4)
O Ibovespa (IBOV) tombou nesta quarta-feira (18) diante dos últimos acontecimentos no exterior. Referência na B3, o índice teve uma forte desvalorização de 1,60% na sessão, caindo para os 114.059,64 pontos.
O aumento das tensões do conflito no Oriente Médio aprofundou o pessimismo dos mercados e fez os preços do petróleo reagirem.
Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, se reuniram hoje para discutir sobre a guerra contra o grupo islâmico Hamas.
Em discurso, o presidente norte-americano anunciou apoio humanitário de US$ 100 milhões, além de um pacote “sem precedentes” para apoiar Israel contra o Hamas. Biden reforçou o apoio dos EUA a Israel nessa nova guerra e, em falas recentes, comentou sobre a explosão do hospital Ahli Arab, em Gaza, que deixou cerca de 500 mortos.
Autoridades palestinas culparam Israel, que se defendeu dizendo que a explosão foi causada pelo lançamento de um foguete que falhou por um grupo militante palestino Jihad Islâmica.
Biden reforçou o discurso de que a explosão foi causada por militantes, apoiando a versão de Israel.
A alta dos Treasuries americanos pesaram ainda mais no pessimismo de agentes financeiros em meio a temores de juros mais elevados – que poderiam ser causados, inclusive, pela disparada do petróleo.
“Há expectativas de uma política monetária mais restritiva nos EUA, conforme sinalizado por vários membros do Federal Reserve, o que poderia atrair mais investidores para o mercado americano, que, mesmo em cenário de incertezas, ainda é a principal economia do mundo e é considerada o mercado de menor ‘risco’ na visão dos investidores em geral”, explica Lucas Almeida, especialista em mercado de capitais e sócio da AVG Capital.
Nesta quarta, o Fed divulgou o Livro Bege, relatório que traz as condições econômicas de distritos do banco central dos EUA. No documento, a autoridade monetária destacou que o cenário de curto prazo para a economia do país foi descrita como “estável” ou “com um crescimento ligeiramente mais fraco”.
Para Almeida, o Livro Bege “deixou claro que a inflação ainda não deve dar trégua nos próximos meses”.
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Fuga dos gringos
A possibilidade de patamares ainda mais altos de juros nos EUA tem causado uma onda de aversão a risco por parte de investidores estrangeiros com a bolsa local.
Um levantamento da Quantzed revelou que o fluxo estrangeiro ficou negativo pelo segundo mês consecutivo em setembro, em -R$ 1,68 bilhão.
Esse movimento, explica Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed, está associado à dificuldade de leitura que os mercados têm tido em relação à política monetária americana.
“Isso tem trazido uma série de preocupações e de movimentos que direcionam os recursos para outras economias, para outros mercados que não os emergentes”, destaca.
Segundo Jorge, os investidores têm preferido ganhar menos, mas com mais segurança, do que ficarem expostos a locais de maior volatilidade para os ativos, como é o caso do Brasil.
Petroleiras sobem em bloco
Com o forte avanço do petróleo nos mercados internacionais, as ações das petroleiras tiveram um pregão positivo, com destaque para Petrobras, que liderou as altas de óleo e gás dentro do Ibovespa. PETR3 avançou 2,34% e PETR4 mostrou valorização de 2,26%.
As preocupações com o conflito Israel-Hamas que levantaram o petróleo diz respeito ao posicionamento do Irã, membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).
Desde o início do conflito, os EUA têm tentado encontrar evidências de que os iranianos tinham conhecimento dos ataques de 7 de outubro. O Irã é um apoiador do Hamas e do grupo militante libanês Hezbollah, que prometeu um “dia de raiva sem precedentes” após a explosão no hospital.
O ministro das Relações Exteriores do Irã defendeu a imposição de um embargo de petróleo, além de outras sanções a Israel. A Opep+, no entanto, não planeja tomar uma ação imediata após o pedido do governo iraniano, segundo fontes ouvidas pela Reuters.
Também como reação à variação do petróleo, as aéreas tiveram uma sessão de forte baixa. Gol (GOLL4) foi destaque ao registrar tombo de 7,18%.
Mas quem liderou as perdas foi a MRV (MRVE3), após divulgar a prévia operacional de lançamentos e vendas do terceiro trimestre do ano.
Vale (VALE3), após a divulgação do relatório de produção e vendas, mostrou uma forte queda de 3,67%. As perdas do dia seguem o movimento de correção nos preços do minério de ferro na Ásia.