Inflação, receio com BC, tombo de AZUL4: Os fatores que estressaram o Ibovespa (IBOV) nesta quinta
O Ibovespa (IBOV) caiu forte nesta quinta-feira (9) marcada pela divulgação dos dados de inflação referentes a janeiro.
O índice despencou 1,77%, a 108.008,05 pontos, embora os números do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) tenham vindo melhor que o esperado.
O indicador registrou em janeiro alta de 0,53%, abaixo das projeções de +0,57%. Em relação a dezembro, a variação representa uma desaceleração em relação ao avanço de 0,62%.
Apesar dos dados positivos, economistas entendem que ainda é cedo para comemorar. Apesar da melhora nos números, os núcleos se mostraram relativamente acima do esperado.
Já o índice de difusão, que mostra o percentual de itens com que aumentaram de preços no mês, recuou de 68,9% para 63,1% em janeiro. Apesar da melhora, ainda está em níveis elevados.
Porém, o que abalou o Ibovespa nesta quinta foi a possibilidade de uma revisão das metas de inflação pelo Banco Central. O presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, teria dito a integrantes do governo de Luiz Inácio Lula da Silva que pode alterar a meta da inflação de 3,25% para 3,5%, segundo informações do jornalista Igor Gadelha, do Metrópoles.
Rafael Passos, sócio-analista da Ajax Asset, explica que a antecipação da mudança da meta no Comitê de Política Monetária (Copom), que acontece no próximo dia 16 de fevereiro, estressa a curva de juros, faz o dólar subir e, consequentemente, afeta mais as empresas domésticas.
Relação Lula-BC
O mercado ainda acompanha a relação tortuosa entre Lula e BC. O presidente da República fez críticas à condução dos juros do país por parte da autoridade monetária. O petista também mostrou descontentamento com Campos Neto.
Com a repercussão das falas de Lula, Alexandre Padilha, ministro das Relações Institucionais, enfatizou que não existe qualquer intenção do governo para mudar a lei que dá autonomia ao BC. Padilha também negou que haja pressão sobre qualquer mandato da autoridade monetária.
Segundo Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil Investimentos, esse clima deve esquentar a cada reunião do Copom, afetando a Bolsa ao criar ruído e incerteza.
“Tudo isso afeta o mercado local com muito ruído, insegurança, e falta de previsibilidade, o que promete adicionar muita volatilidade à Bolsa brasileira nos próximos meses”, avalia.
Altas e baixas
O setor de mineração e siderurgia viveu um dia sob pressão, apesar da recuperação nos preços do minério de ferro na China. Vale (VALE3) caiu 0,37%, enquanto o destaque negativo ficou para Gerdau (GGBR4), que tombou 7,93% após JPMorgan e Goldman Sachs cortarem a recomendação para “neutro”.
Os bancos caíram em bloco nesta quinta, após a forte valorização do pregão anterior.
Em movimento de penalização sobre empresas ligadas à economia doméstica, Azul (AZUL4) e Grupo Soma (SOMA3) tombaram na sessão. A Gol (GOLL4) recuou 5,54%.
As ações da Petrobras (PETR4) fecharam em queda de 0,46%, mesmo após divulgar dados de produção e vendas positivos no quarto trimestre de 2022. Os papéis da estatal seguiram a queda do petróleo nos mercados internacionais.