Ibovespa: O combo que fez o índice perder os 120 mil pontos
O Ibovespa fechou em queda nesta quarta-feira (12), refletindo a decisão do Federal Reserve em não cortar a taxa de juros. Para piorar o cenário, os efeitos negativos em relação ao desgaste público, principalmente do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afasta a bolsa brasileira das internacionais.
O índice fechou em baixa de 1,40%, a 119.936,02 pontos, indo na contramão de Wall Street.
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O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), optou por realizar mais uma manutenção nos juros de referência dos Estados Unidos (EUA). A taxa segue no intervalo entre 5,25% e 5,50% pela sétima reunião consecutiva.
O Fomc diz que avaliará cuidadosamente os dados recebidos, a evolução das perspectivas e o equilíbrio dos riscos, ao considerar ajustes na taxa. As autoridades monetárias projetam uma única redução de 0,25 ponto percentual nos juros este ano.
De acordo com Christian Iarussi, especialista em mercado de capitais e sócio da The Hill Capital, o estrangeiro depende de um diferencial de juros para tirar o risco dele do juro americano e colocar em ativos emergentes.
“Acho que o Fed está sendo mais cauteloso em relação à corte de juros, basicamente os Fed Boys vem reforçando a importância de ver de fato dados positivos […], mas a gente está realmente no descolamento”, afirmou.
Contudo, segundo Iarussi, nosso problema hoje está muito mais no fiscal do que em relação ao FED.
Fritura de Haddad
Além disso, outra preocupação do mercado é a fritura que o ministro Fernando Haddad vem sofrendo do próprio governo.
De acordo com a jornalista Daniela Lima, do G1, Haddad sofre um ataque especulativo, a céu aberto, celebrado pela oposição, e gestado dentro do Palácio do Planalto.
“Pelo que o mercado está interpretando, tem gente do próprio governo sabotando. Se tiver uma troca, vai ser muito ruim porque o Haddad tem sido bem moderado”, coloca Bruno Komura, da Potenza Investimentos.
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O Congresso recusou três saídas oferecidas pela Fazenda para reorganizar a arrecadação: a reoneração, a retomada de taxas sobre os municípios e, agora, uma nova formatação para o uso de créditos do Pis/Cofins.
Para o gestor de renda variável Tiago Cunha, da Ace Capital, o ruído começou no já fragilizado equilíbrio fiscal e agora atinge o núcleo político do governo, “principalmente na área econômica, que até agora tem sido fiador da credibilidade do governo junto ao mercado”.
As altas e baixas do Ibovespa
Entre as maiores altas do dia, a Embraer (EMBR3) disparou 2,99%, refletindo o avanço no câmbio e a alta demanda. De acordo com Iarussi, além da alta do dólar, que traz uma pressão mais positiva para companhias exportadoras, a Embraer se beneficia, principalmente, em relação à demanda de aeronaves.
Na ponta negativa, o Magazine Luiza (MGLU3) marcou a maior queda do pregão, com -7,96%, devido a sua sensibilidade a mudanças nos juros. Além dela, a Cogna (COGN3) e a Yduqs (YDUQ3) despencaram, respectivamente, 7,14% e 1,22%.
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A queda das duas companhias reflete a suspensão da criação de novos cursos de graduação à distância pelo ministro da Educação, Camilo Santana.
As companhias de commodities também sofrem nesta quarta. Com a redução dos ganhos do petróleo, a Petrobras (PETR3;PETR4) despencou 1,90% para ações ordinárias e 2,20% para preferenciais. A 3R Petroleum (RRRP3) e a PetroRecôncavo (RECV3) também caem 3,27% e 2,21%, respectivamente.
Para as mineradoras, a Vale (VALE3) derreteu 1,38% com a baixa do minério de ferro. Por fim, CSN (CSNA3) e CSN Mineração (CMIN3) fecharam em quedas respectivas de 3,09% e 2,42%.
*Com Giovana Leal e Renan Dantas