Mercados

Ibovespa (IBOV): O principal fator que fez índice marcar a pior sequência de quedas em quase 40 anos nesta segunda (14)

14 ago 2023, 17:16 - atualizado em 14 ago 2023, 17:29
B3, Ibovespa Futuro, Mercados, Ações, small caps
Ibovespa engata décimo pregão seguido no negativo (Imagem: Money Times/Diana Cheng)

O Ibovespa (IBOV) engatou seu décimo pregão seguido de queda nesta segunda-feira (14), confirmando a maior sequência de perdas em quase quatro décadas.

O índice fechou com desvalorização de 1,06%, a 116.809,55 pontos. A série de 10 sessões seguidas no vermelho só não supera a baixa de 11 pregões entre o fim de janeiro e o começo de fevereiro de 1984, conforme dados da Refinitiv.

Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital, destaca que o principal fator que moveu o Ibovespa para baixo é a China. Dados de crédito mais fracos alimentaram preocupações quanto à saúde econômica do gigante asiático, que segue enfrentando uma fraqueza persistente do setor imobiliário.

Os novos empréstimos bancários da China caíram em julho, enquanto outros indicadores importantes de crédito enfraqueceram, mesmo em meio a estímulos para tentar reerguer a economia chinesa e após as autoridades cortarem as taxas de juros.

Fernandes explica que os problemas do lado chinês vem causando “dor de cabeça” aos detentores de bonds das empresas do setor imobiliário local.

“Não estão sendo pagos o cupom dos juros desses bonds e isso acabou derrubando o mercado de ações ligadas a commodities, principalmente as metálicas”, afirma.

Não à toa, as ações da Vale (VALE3) derreteram 2,66% hoje, na esteira da queda nos preços do minério de ferro.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Queda do IBOV

Na avaliação de Fernandes, o mercado já estava precificando um corte de juros um pouco mais agressivo por parte do Copom. Após o corte, o mercado entrou em modo de realização de lucros e chegou a pressionar a curva de juros, precificando um possível corte de 0,75 ponto percentual na próxima reunião, movimento não assegurado na ata divulgada na semana passada.

O especialista destaca ainda que o mercado tem considerado uma alta nos combustíveis devido a um possível reajuste no diesel e na gasolina por parte da Petrobras (PETR4), “o que pode pressionar ainda mais nossa inflação”.

“Um aumento nos combustíveis, combinado a um dólar mais forte, acaba impactando a inflação, que deve voltar a acelerar”, diz.

Em análise gráfica, analistas do BB Investimentos afirmam que a correção das últimas semanas deve continuar de forma mais branda. Abaixo dos 117 mil pontos, o índice pode voltar ao patamar de 114 mil pontos, comenta a instituição.

No mercado doméstico, agentes financeiros devem repercutir a última leva de resultados do segundo trimestre do ano. Nesta segunda, haverá uma bateria de balanços de frigoríficos. Magazine Luiza (MGLU3) e IRB (IRBR3) também reportam seus números trimestrais após o fechamento.

Altas e baixas

Além da Vale, as ações de bancos recuaram, colocando mais pressão sobre o Ibovespa. O destaque do setor ficou para o Itaú (ITUB4), que recuou 1,45%.

Enquanto isso, a Petrobras registrou leve avanço de 0,26%.

Entre as maiores quedas, Yduqs (YDUQ3) derrapou mais de 14%, após notícias de que o Ministério da Educação (MEC) não sabe quantos cursos de medicina serão interrompidos com a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes de impor mais exigências envolvendo os novos cursos. As ações da Cogna (COGN3) caíram forte, apontando recuo de 6,10%.

Do lado das altas, houve poucos destaques. A Alpargatas (ALPA4) figurou entre as principais valorizações, com ganhos de 1,51%.