Ibovespa (IBOV): As notícias que assustaram o mercado nesta segunda-feira
O Ibovespa (IBOV) abriu a semana em queda, com o mercado avaliando os nomes que ainda podem ser anunciados pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva para o seu novo governo.
Nos últimos minutos do pregão desta segunda-feira (12), o principal índice da Bolsa brasileira engatou uma boa recuperação, mas ainda assim fechou com desvalorização de 2,02%, a 105.343,33 pontos. Petrobras (PETR3;PETR4) viu suas ações recuarem 2,71% (ordinária) e 3,24% (preferencial), com investidores temendo que Aloizio Mercadante seja confirmado para presidir a estatal.
Circulam notícias de que Mercadante é cotado para comandar a Petrobras. Seu nome também estaria sendo avaliado para o comando do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Mercadante faz parte da coordenação da transição do governo Lula e ocupou três cargos de ministro durante o governo de Dilma Rousseff: Educação, Ciência e Tecnologia e Casa Civil.
Recentemente, Mercadante fez críticas à TLP, taxa de juros do BNDES introduzida pelo governo Temer que tirou os subsídios concedidos pelo Tesouro aos empréstimos feitos pela instituição.
Em entrevista, Mercadante, de perfil mais desenvolvimentista, comentou que o BNDES deve ficar vinculado ao novo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, junto com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex).
Nesta segunda, Mercadante, questionado por repórteres, não respondeu se será indicado para comandar algum ministério ou estatal no próximo governo.
Rumores de mudanças na Lei das Estatais também levaram à forte queda do Ibovespa nesta segunda, avaliam agentes financeiros. De acordo com a Eurásia, Lula deve derrubar a legislação das empresas estatais por meio de medida provisória.
Segundo a consultoria, a revogação dessa legislação facilitaria significativamente as nomeações políticas para os conselhos das estatais. Isso abriria brechas para que Lula pudesse indicar o senador Jean Paul Prates como CEO da Petrobras e nomeados políticos para bancos públicos, diz.
Mercadante disse que desconhece qualquer iniciativa por parte do governo eleito de alterar a lei.
Nesta segunda, Lula e o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, foram diplomados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em discursos, tanto o presidente eleito quanto o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, falaram das eleições como uma “defesa da democracia”.
Dúvida com Haddad
O mercado está à espera da definição da equipe econômica de Fernando Haddad, nomeado para ser o ministro da Fazenda no próximo governo.
Segundo Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil Investimentos, a “grande pulga atrás da orelha” é saber a força que irá conduzir a Fazenda a partir do próximo ano: “o lado técnico de Pérsio Arida e equipe, caso seja um dos nomes da equipe econômica, com foco em políticas públicas direcionadas para a geração de emprego, renda e crescimento do Brasil, ou o viés mais político capitaneado por Haddad, com mais Estado na Economia”.
Na avaliação do Julius Baer, a depender dos nomes que forem apresentados, a formação da equipe econômica pode ajudar a animar o mercado, assim como as novas orientações para as reformas fiscais.
“Esperamos que um momentum positivo possa potencialmente aparecer com a nomeação da equipe econômica de Haddad, com nomes liberais e de sinalizações pró-mercado, nos próximos dias, bem como com mais orientações sobre as reformas fiscais ao longo das próximas semanas”, afirma.
Ainda assim, o banco destaca que a nomeação de Haddad não traz alívio para o aumento dos riscos fiscais no Brasil.
PEC da Transição
A PEC da Transição, atualmente sob análise na Câmara dos Deputados, continua sendo um tópico quente para os investidores.
A proposta que permite expandir o teto de gastos em R$ 145 bilhões para a manutenção do pagamento do Bolsa Família de R$ 600, uma das promessas de campanha de Lula, e outras despesas, além de abrir margem de R$ 23 bilhões nas contas do ano que vem para investimentos, com base em parcela de excesso de arrecadação do governo, foi aprovada no Senado na semana passada.
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), abreviou o trâmite da PEC ao incluir o texto para tramitar conjuntamente com outra proposta que já está pronta para ser votada no plenário da Casa pelos deputados, o que deve ocorrer ainda nesta semana.