Mercados

Ibovespa despenca 3% com fiscal e decisão de juros nos EUA; dólar tem novo recorde a R$ 6,26

18 dez 2024, 18:17 - atualizado em 18 dez 2024, 18:38
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O Ibovespa acelerou as perdas após a decisão do Fed com a perspectiva de menos cortes dos juros nos EUA em 2025; risco fiscal segue no radar (Imagem: Pixabay)

O Ibovespa (IBOV) teve mais um dia de forte aversão ao risco com o temor de desidratação das medidas fiscais no Congresso Nacional como pano de fundo. O desempenho negativo também foi puxado pela decisão sobre os juros nos Estados Unidos — que derrubou os índices em Wall Street. 

Nesta quarta-feira (18), o principal índice da bolsa brasileira caiu 3,15%, aos 120.771,88 pontos. 

Já o dólar à vista (USBRL) quebrou o recorde anterior e terminou a sessão a R$ 6,2657 (+2,78%), no maior valor nominal de fechamento da história. Ao longo do dia, a divisa superou a cotação de R$ 6,27 pela primeira vez desde a criação do real, em 1994. 

No cenário doméstico, os investidores seguiram avessos ao risco de olho na tramitação do pacote fiscal no Congresso Nacional.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o Banco Central e o Tesouro Nacional têm atuado para coibir eventuais movimentos especulativos de mercado, defendendo que há consistência no trabalho do governo na área fiscal.

O chefe da pasta econômica disse que o Congresso Nacional deve finalizar nesta semana a votação de medidas de contenção de gastos e se mostrou confiante de que não haverá desidratação das iniciativas — motivo que tem elevado o temor dos investidores nos últimos dias.

Por trás do pessimismo do mercado está uma enorme desconfiança no compromisso do governo com o equilíbrio das contas públicas, com analistas afirmando que o pacote fiscal não seria suficiente para enfrentar uma crise de credibilidade do Executivo.

Altas e quedas do Ibovespa 

Com a forte deterioração do mercado doméstico, Marfrig (MRFG3) foi uma das três ações que terminaram a sessão em tom positivo, com o apoio do dólar.

Por ser uma empresa mais exposta ao mercado internacional e ter as receitas atreladas ao dólar, a valorização da moeda norte-americana tende a beneficiar o frigorífico.

Já a ponta negativa foi liderada por Automob (AMOB3), que caiu 26%, devolvendo parte dos ganhos da semana.

CVC(CVCB3) e Azul (AZUL4) também figuraram entre as maiores perdas da sessão, com o fortalecimento do dólar e a disparada dos juros futuros — que tendem resultar em uma taxa de juros elevada por mais tempo, impactando o consumo das famílias. Nesse cenário, há a redução da procura e da compra de pacotes de viagens e a reserva de hospedagens, principalmente no exterior.

Os pesos-pesados do índice acompanharam a forte aversão ao risco, com Vale (VALE3) caindo mais de 5% e Petrobras (PETR4;PETR3) com baixa de mais de 2%, a despeito da leve alta do petróleo.

Exterior 

Nos Estados Unidos, os investidores reagiram à decisão do Comitê Federal do Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Federal Reserve (Fed) de cortar os juros em juros 25 pontos-base, para a faixa de 4,25% a 4,50% — como o esperado.

Mas o Banco Central norte-americano reservou uma ‘surpresa’ de fim de ano: a previsão de apenas dois cortes, de 25 pontos-base cada, em 2025 — segundo o gráfico de pontos (dot plot). Isso representa 50 pontos-base a menos do que as autoridades previam em setembro.

Confira o fechamento dos índices de Nova York:

  • S&P 500: -2,95%, aos 5.872,16 pontos;
  • Dow Jones: -2,58%, aos 42.326,87 pontos;
  • Nasdaq: -3,56%, aos 19.392,69 pontos.

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Jornalista formada pela PUC-SP, com especialização em Finanças e Economia pela FGV. É repórter do MoneyTimes e já passou pela redação do Seu Dinheiro e setor de análise politica da XP Investimentos.
liliane.santos@moneytimes.com.br
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