Ibovespa despenca 3% com fiscal e decisão de juros nos EUA; dólar tem novo recorde a R$ 6,26
O Ibovespa (IBOV) teve mais um dia de forte aversão ao risco com o temor de desidratação das medidas fiscais no Congresso Nacional como pano de fundo. O desempenho negativo também foi puxado pela decisão sobre os juros nos Estados Unidos — que derrubou os índices em Wall Street.
Nesta quarta-feira (18), o principal índice da bolsa brasileira caiu 3,15%, aos 120.771,88 pontos.
Já o dólar à vista (USBRL) quebrou o recorde anterior e terminou a sessão a R$ 6,2657 (+2,78%), no maior valor nominal de fechamento da história. Ao longo do dia, a divisa superou a cotação de R$ 6,27 pela primeira vez desde a criação do real, em 1994.
No cenário doméstico, os investidores seguiram avessos ao risco de olho na tramitação do pacote fiscal no Congresso Nacional.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o Banco Central e o Tesouro Nacional têm atuado para coibir eventuais movimentos especulativos de mercado, defendendo que há consistência no trabalho do governo na área fiscal.
O chefe da pasta econômica disse que o Congresso Nacional deve finalizar nesta semana a votação de medidas de contenção de gastos e se mostrou confiante de que não haverá desidratação das iniciativas — motivo que tem elevado o temor dos investidores nos últimos dias.
Por trás do pessimismo do mercado está uma enorme desconfiança no compromisso do governo com o equilíbrio das contas públicas, com analistas afirmando que o pacote fiscal não seria suficiente para enfrentar uma crise de credibilidade do Executivo.
Altas e quedas do Ibovespa
Com a forte deterioração do mercado doméstico, Marfrig (MRFG3) foi uma das três ações que terminaram a sessão em tom positivo, com o apoio do dólar.
Por ser uma empresa mais exposta ao mercado internacional e ter as receitas atreladas ao dólar, a valorização da moeda norte-americana tende a beneficiar o frigorífico.
Já a ponta negativa foi liderada por Automob (AMOB3), que caiu 26%, devolvendo parte dos ganhos da semana.
CVC(CVCB3) e Azul (AZUL4) também figuraram entre as maiores perdas da sessão, com o fortalecimento do dólar e a disparada dos juros futuros — que tendem resultar em uma taxa de juros elevada por mais tempo, impactando o consumo das famílias. Nesse cenário, há a redução da procura e da compra de pacotes de viagens e a reserva de hospedagens, principalmente no exterior.
Os pesos-pesados do índice acompanharam a forte aversão ao risco, com Vale (VALE3) caindo mais de 5% e Petrobras (PETR4;PETR3) com baixa de mais de 2%, a despeito da leve alta do petróleo.
Exterior
Nos Estados Unidos, os investidores reagiram à decisão do Comitê Federal do Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Federal Reserve (Fed) de cortar os juros em juros 25 pontos-base, para a faixa de 4,25% a 4,50% — como o esperado.
Mas o Banco Central norte-americano reservou uma ‘surpresa’ de fim de ano: a previsão de apenas dois cortes, de 25 pontos-base cada, em 2025 — segundo o gráfico de pontos (dot plot). Isso representa 50 pontos-base a menos do que as autoridades previam em setembro.
Confira o fechamento dos índices de Nova York:
- S&P 500: -2,95%, aos 5.872,16 pontos;
- Dow Jones: -2,58%, aos 42.326,87 pontos;
- Nasdaq: -3,56%, aos 19.392,69 pontos.