Ibovespa (IBOV) termina junho com pior desempenho mensal desde março de 2020
O Ibovespa (IBOV) seguiu o humor dos mercados globais e fechou o último pregão do mês (e do semestre) em queda consistente, com investidores preocupados sobre uma possível recessão global.
O índice de referência da B3 (B3SA3) caiu 1,08% nesta quinta-feira (30), a 98.541,95 pontos. Com isso, o Ibovespa encerra junho com uma queda acumulada de 11,5%, pior desempenho para um mês desde março de 2020, quando contraiu quase 30%.
O volume financeiro desta quinta somou R$ 27,5 bilhões.
Dados divulgados nos Estados Unidos mais cedo reforçaram as preocupações dos mercados em relação ao crescimento da economia mundial e à dificuldade do banco central norte-americano de controlar a inflação crescente no país.
Alexandre Póvoa, sócio e estrategista da Meta Asset Management, destacou à Reuters que os bancos centrais dos países desenvolvidos estão atrás da curva em relação à inflação, deixando o cenário nublado para os investidores no que diz respeito à atividade econômica.
Segundo Póvoa, os investidores começaram a antever um aperto monetário mais forte e passaram a projetar um cenário de recessão mundial, “ou até pior, uma estagflação”.
No caso do Brasil, Póvoa disse que a Bolsa vive o “pior dos mundos”: ações de commodities sofrem pelo receio de deterioração de atividade, enquanto os papéis com maior exposição doméstica são penalizadas pelo estresse na curva de juros em razão de riscos fiscais.
Hoje, a notícia da combinação de negócios entre Fleury (FLRY3) e Hermes Pardini (PARD3) foi o destaque positivo do dia no mercado local. Os papéis da Fleury dispararam 16,1% na sessão de hoje, fechando a R$ 16,30 cada.
Notícias que movimentaram o Ibovespa hoje
Medo da recessão
A recessão dos EUA virou tema recorrente desde o último ajuste da taxa de juros norte-americana pelo Federal Reserve (Fed).
Na terceira revisão, o governo dos EUA disse que o Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA caiu para uma taxa anualizada de 1,6% no último trimestre em meio a um déficit comercial recorde.
O dado, divulgado ontem, foi revisado para baixo em relação ao ritmo de queda de 1,5% relatado no mês passado. No quarto trimestre, a economia norte-americana cresceu a um ritmo de 6,9%.
As informações dos EUA abrem caminho para investidores começarem a pensar na possibilidade de uma recessão global estar a caminho.
Nesta quinta, o Departamento de Comércio dos EUA mostrou que os gastos dos consumidores aumentaram menos do que o esperado em maio, com os preços mais altos levando a cortes nas compras.
Os gastos dos consumidores, que representam mais de dois terços da atividade econômica dos EUA, avançaram 0,2% no mês passado, menor ganho em cinco meses.
O dado de abril foi revisado para um aumento de 0,6%, em vez de 0,9% divulgado anteriormente. Economistas consultados pela Reuters projetavam alta de 0,4% dos gastos.
Fusão Fleury-Hermes Pardini
A Fleury e a Hermes Pardini anunciaram nesta quinta que firmaram um acordo de combinação de negócios.
A combinação de negócios resultará:
- na titularidade, pelo Fleury, da totalidade das ações de emissão de Hermes Pardini; e
- no recebimento por todos os acionistas de Hermes Pardini para cada ação ordinária de emissão de Hermes Pardini, de: a) uma parcela em moeda corrente nacional de R$ 2,154102722, corrigida pro rata die com base na variação do CDI, a partir da data da aprovação societária de Hermes Pardini para operação até a data de sua consumação e sujeita aos ajustes na forma do Protocolo e Justificação, conforme aplicável, a ser paga, em parcela única, em até 15 dias posteriores à data da consumação da operação; e b) 1,213542977 ação ordinária de emissão de Fleury.
As empresas citaram a fusão como uma “excelente oportunidade de criação de valor, que poderá resultar em significativos ganhos aos seus acionistas“.
A operação deve gerar um incremento de Ebitda anual da companhia combinada entre R$ 160 milhões e R$ 190 milhões, de acordo com as duas empresas.
O acordo estipula que a marca “Hermes Pardini” será mantida no mercado por, pelo menos, dez anos, contados da efetiva consumação da combinação de negócios.
O acordo também prevê a expansão da marca em novas unidades que venham a ser criadas por meio do seu crescimento.
Destaques da Bolsa hoje
– FLEURY ON (FLRY3) saltou 16,10%, após acertar compra do Instituto Hermes Pardini, em negócio transformacional para a companhia e que prevê um incremento de Ebitda anual do grupo combinado antes de impostos e líquido de custos de entre 160 milhões e 190 milhões de reais. HERMES PARDINI ON (PARD3), que não está no Ibovespa, disparou 18,99%.
– VALE ON (VALE3) recuou 2,83%, em sessão negativa para os futuros do minério de ferro em Dalian e Cingapura, com CSN MINERAÇÃO ON (CMIN3) caindo 6,31%. No setor de siderurgia, CSN ON (CSNA3), USIMINAS PNA (USIM5) e GERDAU PN (GGBR4) recuaram 6,42%, 4% e 3,41%, respectivamente.
– PETROBRAS PN (PETR4) cedeu 0,53%, na esteira do declínio dos preços do petróleo no mercado externo. Dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) também mostraram que a venda de combustíveis no Brasil cresceu 6,1% em maio ante igual mês do ano passado.
– BRADESCO PN (BBDC4) caiu 2,27% e ITAÚ UNIBANCO PN (ITUB4) recuou 1,78%, contaminados pela aversão a risco que minou o pregão. O índice do setor financeiro – que inclui ainda papéis como o da B3, que subiu 0,09% – fechou em baixa de 0,98%.
– SUZANO ON (SUZB3) subiu 1,72%, após anunciar planos de construir fábrica de R$ 600 milhões no Espírito Santo, bem como da aquisição da Caravelas Florestal por R$ 336 milhões. No setor, KLABIN UNIT (KLBN11) valorizou-se 0,2%.
– MRV ON (MRVE3) avançou 2,90% após anúncio de programa de recompra de até 2% das ações em circulação no mercado.
– TC ON (TRAD3) desabou 27,09%, pior desempenho do Small Caps. O colunista Lauro Jardim publicou que CVM e BSM estão investigando a plataforma para investidores por suposta manipulação de cotação de ações. O TC disse que não recebeu qualquer notificação dos respectivos órgãos.
Com Reuters
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