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Ibovespa (IBOV) cai 1% e perde os 100 mil pontos, sob temor de recessão e risco fiscal

29 jun 2022, 17:05 - atualizado em 29 jun 2022, 19:19
Ibovespa, Ações, Mercados, B3
Ibovespa sofre pressão do exterior e de riscos domésticos e fecha em queda nesta quarta-feira (29) (Imagem: Diana Cheng/Money Times)

O Ibovespa (IBOV) voltou a ficar abaixo dos 100 mil pontos nesta quarta-feira (29) de forte aversão a risco nos mercados.

O principal índice da Bolsa brasileira teve queda de 0,96% e marcou 99.621,58 pontos.

O Ibovespa acumula uma desvalorização de 10,53% em junho, que, se confirmada, será a pior performance mensal desde março de 2020, quando desabou 29,9%, por conta da pandemia no Brasil.

O volume financeiro nesta quarta-feira somou apenas R$ 20 bilhões, abaixo da média diária de R$ 28,3 bilhões do mês.

Boa parte do impacto do pregão de hoje veio do exterior, após a divulgação de dados de crescimento econômico nos Estados Unidos e falas do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, sobre a inflação norte-americana.

Diante da perspectiva de um aperto monetário mais rígido, ações de crescimento e tecnologia foram negativamente afetadas. O destaque de queda do Ibovespa ficou para a Qualicorp (QUAL3), que viu suas ações derreterem 8,38%.

No Brasil, preocupações com o risco fiscal ditaram o humor dos investidores. A reação do dia foi uma resposta aos desdobramentos da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Combustíveis. O relatório foi apresentado nesta quarta pelo senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE).

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Notícias que movimentaram o Ibovespa hoje

PIB dos EUA

O Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA caiu para uma taxa anualizada de 1,6% no último trimestre, disse o governo, em sua terceira estimativa de crescimento da maior potência mundial. A economia dos EUA contraiu em meio a um déficit comercial recorde.

O dado foi revisado para baixo em relação ao ritmo de queda de 1,5% relatado no mês passado. No quarto trimestre, a economia norte-americana cresceu a um ritmo de 6,9%.

Os dados dos EUA abrem caminho para investidores começarem a pensar na possibilidade de uma recessão global estar a caminho.

Powell fala

Powell disse nesta quarta que o maior risco para a economia dos EUA é uma inflação persistente.

O presidente do banco central norte-americano destacou que existe o risco de os juros desacelerarem a economia, mas o que pesa mais é a pressão inflacionária.

“O risco é que, devido à multiplicidade de choques, você comece a fazer a transição para um regime de inflação mais alta”, afirmou Powell.

“Nosso trabalho é literalmente impedir que isso aconteça, e vamos impedir que isso aconteça”, reforçou.

Como risco ainda maior, Powell citou a falha em restaurar a estabilidade de preços.

Há duas semanas, o Fed elevou a taxa básica de juros norte-americana em 0,75 ponto percentual, a 1,5-1,75%.

Além da elevação dos juros, o Fed revisou suas estimativas para a meta dos juros nos próximos anos por conta da inflação mais apertada.

Com o Fed confirmando uma postura ainda mais agressiva sobre a inflação, que está em seu maior nível em mais de 40 anos, crescem as preocupações envolvendo uma possível recessão nos EUA.

Para o BofA, a probabilidade de os EUA entrarem em recessão no próximo ano é de cerca de 40%.

PEC dos Combustíveis

O relator da PEC dos Combustíveis, senador Fernando Bezerra Coelho, confirmou que o aumento no pagamento do Auxílio Brasil, de R$ 400 para R$ 600 e a criação do “voucher caminhoneiro” de R$ 1 mil estão no relatório.

O pagamento das “medidas emergenciais transitórias” começarão em 1° de agosto, em cinco parcelas, e vão até dezembro de 2022.

Segundo Bezerra, o impacto financeiro para a União será de R$ 38 bilhões, uma diferença de mais de R$ 9 bilhões levando em consideração o valor estimado pelo texto inicial da PEC.

Além disso, o Congresso voltou atrás de entregar o vale-gás mensalmente a famílias de baixa renda. Bezerra diz que o parecer final prevê o subsídio para um botijão a cada dois meses.

Destaques da Bolsa hoje

ITAÚ UNIBANCO PN (ITUB4) caiu 1,03% e BRADESCO PN (BBDC4) perdeu 1,73%, em sessão negativa para os bancos do Ibovespa. BANCO DO BRASIL ON (BBAS3) recuou 0,51% e SANTANDER BRASIL UNIT (SANB11) perdeu 1,81%.

PETROBRAS PN (PETR4) recuou 0,88%, em sessão de ajustes após ter avançado 7,76% apenas nos últimos dois pregões, tendo de pano de fundo ainda a queda do petróleo no exterior.

VALE ON (VALE3) cedeu 0,83%, apesar da alta dos futuros do minério de ferro em Dalian, na China, enquanto, em Cingapura, os contratos recuaram após dois dias de alta.

MRV ON (MRVE3) valorizou-se 3,41%, em movimento acompanhado pela CYRELA ON (CYRE3), que subiu 1,63%, enquanto o índice do setor imobiliário, que inclui também papéis de shopping centers, cedeu apenas 0,52%.

REDE D’OR ON (RDOR3) valorizou-se 2,83%, experimentando uma trégua nas vendas após cinco sessões seguidas sem fechar com sinal positivo, período em que acumulou queda de 6,5%. No mês, o declínio alcançava 21% até a véspera.

QUALICORP ON (QUAL3) despencou 8,38%, no sexto pregão consecutivo de queda, acumulando no período perda de 21,16%. O Safra reiterou recomendação “neutra” para a ação, não esperando melhoria significativa da receita, entre outros fatores.

POSITIVO TECNOLOGIA ON (POSI3) caiu 5,52%, acumulando perda ao redor de 35% desde as máximas do mês nos primeiros dias de junho, tendo de pano de fundo aumento do custo de capital, além de demanda ainda fraca.

Com Reuters

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