Mercados

Ibovespa (IBOV) é balançado por Lula, Haddad e PEC da Transição na semana; vem mais queda por aí?

18 nov 2022, 18:08 - atualizado em 18 nov 2022, 18:25
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Ibovespa fecha a semana acumulando perdas de 3% (Imagem: Tainá da Silva)

O Ibovespa (IBOV) enfrentou um pregão volátil nesta sexta-feira (18) com mais ruídos vindo da política. Após passar o dia variando entre altas e baixas, o índice cravou sua terceira queda consecutiva, fechando mais uma semana com perdas acumuladas.

Hoje, o índice de referência da Bolsa brasileira recuou 0,75%, a 108.870,17 pontos. Com isso, o recuo na semana foi de 3,01%.

O pregão desta sexta foi pressionado pelas ações da Petrobras (PETR3;PETR4), que fecharam em queda de 1,84% (ordinária) e 1,69% (preferencial), seguindo a baixa do petróleo.

Há pouco, o ministro relator do Tribunal de Contas da União (TCU) negou a cautelar solicitada pelo Ministério Público para suspender o pagamento dos dividendos aprovados pela companhia no terceiro trimestre. Especialistas já consideravam remota a possibilidade de órgãos derrubarem os dividendos da Petrobras, apesar das pressões.

No campo político, crescem os rumores de que Fernando Haddad será o nome escolhido pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva para ocupar o Ministério da Fazenda a partir de 2023.

O ex-prefeito de São Paulo esteve no Egito junto a Lula para participar da COP27. Sua proximidade com o presidente eleito durante os dias em que estiveram na conferência aumentou a percepção de que ele será escolhido para assumir a pasta da Economia.

Como aconteceu durante toda a semana, a PEC da Transição ainda está mexendo com os mercados. O texto apresentado pelo governo eleito a parlamentares na noite de quarta propõe “excepcionalizar” do teto de gastos R$ 175 bilhões para o pagamento do Bolsa Família a partir de 2023 no valor de R$ 600, com adicional de R$ 150 por criança, sem um prazo determinado.

O texto inclui ainda uma autorização para que parte das receitas extraordinárias fique fora do teto e possa ser redirecionada para investimentos, em um limite de R$ 23 bilhões, entre outras possibilidades.

Investidores acompanham com preocupação o andamento da PEC. Falas de Lula sobre responsabilidade fiscal também sacudiram o mercado nos últimos dias.

Lula defendeu recentemente que há gastos públicos que têm que ser considerados como investimentos.

“Por que as pessoas são levadas a sofrerem por conta de garantir a tal da estabilidade fiscal nesse país?”, questionou o petista, uma semana atrás.

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, afirmou nesta sexta, em evento da Bloomberg, que a PEC da Transição vai provocar um aumento do déficit público e da dívida do governo. Ele também ressaltou que a situação fiscal, a depender da forma como se desdobrará, pode interferir nos cenários avaliados pelo BC para definir sua situação.

Curto prazo pressionado

Segundo a XP Investimentos, gestores macro enxergam uma assimetria negativa em relação à Bolsa brasileira, atribuindo risco de queda maior que o esperado até o momento.

O posicionamento reflete uma transição fiscal avaliada como pior do que esperada, além de um Brasil que deverá crescer menos no ano que vem, com juros altos se estendendo por mais tempo e a inflação seguindo apertada.

Régis Chinchila e Luis Novaes, da equipe de análise da Terra Investimentos, afirmam que o mercado vive um momento de “expectativas quebradas” com as primeiras ações do novo governo.

Na avaliação dos analistas, o mercado esperava que o aumento de gastos além do teto fosse apenas para garantir o pagamento adicional dos programas sociais, como prometido em campanha. Porém, a PEC indica a possibilidade de que esses gastos com programas sociais sejam inteiramente mantidos fora do teto e por tempo indeterminado.

A Terra reforça que o peso da indefinição de um nome e o que esperar sobre as políticas voltadas à economia do país são o que prendem o Ibovespa a um viés negativo – por isso, a perspectiva de queda no primeiro momento tende a se manter.

Paulo Albuquerque, analista e sócio da Quantzed, acredita que, apesar da pressão no curto prazo, é difícil que o Ibovespa afunde para um patamar abaixo dos 100 mil pontos.

“Existe uma barreira psicológica nos 100 mil [pontos]. Dos 100 mil, dificilmente perde. Mas, do atual patamar até os 100 mil, talvez caia. Seria uma queda marginal”, afirma.

Com informações da Reuters.

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