Ibovespa (IBOV) ameniza perdas após Mantega deixar equipe de transição, mas não sai do vermelho
O Ibovespa (IBOV) iniciou um movimento de recuperação no fim do pregão desta quinta-feira (17), após Guido Mantega renunciar ao posto na equipe de transição do governo eleito de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ainda assim, fechou no vermelho, estendendo as perdas da última sessão.
Com investidores repercutindo os últimos desdobramentos da PEC da Transição, o índice de referência da Bolsa brasileira apresentou perdas de 0,49%, a 109.702,78 pontos.
O mercado repercutiu o texto apresentado pelo governo eleito a parlamentares na noite desta quarta, propondo “excepcionalizar” do teto de gastos R$ 175 bilhões para o pagamento do Bolsa Família a partir de 2023 no valor de R$ 600, com adicional de R$ 150 por criança, sem um prazo determinado.
O texto inclui ainda uma autorização para que parte das receitas extraordinárias fique fora do teto e possa ser redirecionada para investimentos, em um limite de R$ 23 bilhões, entre outras possibilidades.
De acordo com a Tullet Prebon Brasil, a PEC veio “no pior dos prognósticos”, mesmo em meio à expectativa de que o Congresso irá moldar o texto.
Analistas ouvidos pela Reuters avaliam que a PEC da Transição pode gerar uma tendência de alta expressiva no endividamento público do país, além de pressionar a inflação e dificultar o trabalho do Banco Central.
Economistas acreditam que o texto apresentado ao Congresso pode levar a dívida bruta do governo, atualmente em 77,1% do PIB, para 90% ao fim do mandato de quatro anos de Lula.
Para o Safra, ainda é cedo para tirar conclusões. Atualmente, a instituição não vê o Banco Central mudando o discurso e subindo juros em função desses gastos, uma vez que o patamar atual já é muito elevado.
“O que poderia trazer sim alguma pressão inflacionista, e com isso uma reação diferente do Banco Central, é um dólar mais forte por um prazo mas longo, mas ainda é cedo para tirar conclusões a respeito”, afirmaram, em nota a clientes.
Ibovespa cai mais?
Segundo a XP Investimentos, gestores macro enxergam uma assimetria negativa em relação à Bolsa brasileira, atribuindo risco de queda maior que o esperado até o momento.
O posicionamento reflete uma transição fiscal avaliada como pior do que esperada, além de um Brasil que deverá crescer menos no ano que vem, com juros altos se estendendo por mais tempo e a inflação seguindo apertada.
Para o Itaú BBA, o Ibovespa está indefinido no curto prazo. Tendo perdido o suporte em 111.400 pontos, as atenções estão nos 108.500 pontos.
“Se perder esse suporte, o próximo patamar importante será os 106.200 pontos”, diz a corretora.
“Vale lembrar que, se o índice negociar abaixo dessa região, entrará em tendência de baixa no curto prazo em direção aos 101.600 e 95.200 pontos”, completa.
Paulo Albuquerque, analista e sócio da Quantzed, acha difícil que o índice afunde para um patamar abaixo dos 100 mil pontos.
“Existe uma barreira psicológica nos 100 mil [pontos]. Dos 100 mil, dificilmente perde. Mas, do atual patamar até os 100 mil, talvez caia. Seria uma queda marginal”, afirma.
Albuquerque ressalta que a Bolsa continua muito barata em relação ao exterior.
“Quando a gente olha métricas de lucros das empresas, métricas de valuation, o Brasil está muito barato. Acho difícil cair muito mais do que caiu agora”, reforça o analista.
O que pode melhorar o humor do Ibovespa
Segundo o analista da Quantzed, o que pesa sobre o mercado de ações brasileiro no momento é a indefinição de alguns pontos, como os nomes que vão compor os ministérios do governo Lula.
“Quanto mais rápida [a definição] acontecer e os nomes escolhidos forem de preferência do mercado, com viés mais de redução do Orçamento, de disciplina fiscal, isso tudo tende a dar uma impressão positiva no mercado, e o mercado deverá reagir de acordo”, avalia.
Felipe Simões, economista e diretor da WIT Asset, afirma que, tão importante quanto saber quem será o próximo ministro da Economia, o mercado deve olhar para a equipe que vier junto.
“Mesmo se for um nome mais político, ligado ao PT e que desagrade o mercado, se pelo menos a equipe que vier junto for mais coerente, talvez dê uma aliviada na Bolsa neste mês e meio que temos até o fim do ano”, diz o especialista.
Altas e baixas
As ações da Petrobras (PETR3;PETR4) recuaram nesta quinta, seguindo a baixa do petróleo nos mercados internacionais. O papel ordinário teve queda de 0,77%, enquanto o preferencial ficou praticamente estável.
A petroleira 3R Petroleum (RRRP3) derreteu 6,19%, seguindo o movimento do setor de óleo e gás na Bolsa.
A Cyrela (CYRE3) recuperou parte do tombo de 10% mais cedo e fechou em queda de 3,59%, pressionada pela curva futura de juros. Destaque de queda do Ibovespa no dia, a Qualicorp (QUAL3) mostrou perdas de 10,6%.
A Vale (VALE3), por outro lado, conseguiu fechar em alta de 0,8%, seguindo o avanço nos preços do minério de ferro.
O dia foi de poucas valorizações fortes, tendo WEG (WEGE3) subido mais (+2,17%).
Com informações da Reuters.
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