Ibovespa (IBOV) fecha em queda, abaixo dos 100 mil pontos, com cautela global sobre Fed
Seguindo o humor negativo dos mercados dos Estados Unidos, o Ibovespa (IBOV) fechou em queda nesta terça-feira (26), perdendo o patamar dos 100 mil pontos que reconquistou na sessão passada.
O principal índice da Bolsa brasileira teve perdas de 0,5%, a 99.771,69 pontos.
Em Wall Street, o S&P 500 recuou 1,15%, enquanto Nasdaq e Dow Jones apresentaram quedas de 1,87% e 0,71%, respectivamente.
A temporada de balanços americana adiciona componentes à narrativa de recessão, o que mantém a expectativa pelos resultados previstos para hoje.
O Walmart, referência no setor de varejo, projetou mais cedo uma queda de 11% a 13% no lucro em 12 meses (até o fim de janeiro de 2023), em comparação com a queda de 1% estimada anteriormente.
O corte nas estimativas acabou levando não só as ações da companhia para baixo, como também os papéis de outras empresas do varejo.
No Brasil, não foi diferente. Via (VIIA3) e Magazine Luiza (MGLU3) ficaram entre os destaques de queda hoje, caindo mais de 6% cada uma.
Nesta terça, os mercados também foram alimentados por expectativas em relação ao resultado da reunião do Federal Reserve (Fed), que será anunciado amanhã. A expectativa é de uma nova alta de 0,75 ponto percentual na taxa de juros dos Estados Unidos, para 2,25-2,5%.
O movimento de hoje no mercado doméstico também os dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A prévia da inflação mostrou um crescimento de 0,13% em julho, abaixo da taxa registrada em junho, de avanço de 0,69%. Essa é a menor variação mensal do IPCA desde junho de 2020.
No ano, a prévia da inflação acumula alta de 5,79% e, em 12 meses, de 11,39% – abaixo dos 12,04% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em julho de 2021, a taxa foi de 0,72%.
O dólar caiu 0,38%, a R$ 5,3518, menor valor para um fechamento desde 8 de julho.
Apesar da “calmaria”, Marcus Labarthe, sócio-fundador da GT Capital Investimentos, explica que a queda do dia vem de uma movimento normal de mercado.
“Correções ao longo da trajetória são bem normais, ainda porque a valorização do dólar nestes últimos três meses foi atípica”, afirma.
Labarthe destaca que o indicador da força do dólar segue forte, aumentando o risco nos mercados acionários e levando o investidor a opções de proteção.
“O mercado tende a vender renda variável, diminuir exposição em mercados emergentes e economias que possam vir a apresentar resultados negativos e compra dólar como proteção”, explica.
O que mexeu com o Ibovespa hoje
Indo na contramão do Ibovespa, a Petrobras (PETR3;PETR4) terminou o dia em alta, com as ações ordinárias subindo 1,44% e as preferenciais apresentando ganhos de 1,01%.
A petroleira e outras estatais federais receberam ofício do Ministério da Economia solicitando a antecipação de dividendos para cobrir os auxílios.
O mercado aguarda mais detalhes concretos sobre a decisão da Petrobras, mas o BTG Pactual (BPAC11), por exemplo, não vê a antecipação dos dividendos como um problema devido ao nível de alavancagem da empresa.
Destaque de baixa, a Qualicorp (QUAL3) derreteu 8,1%, a R$ 9,19. Régis Chinchila e Luis Novaes, da Terra Investimentos, acreditam que o que impulsiona a queda é o fato de o mercado estar com uma visão “bem negativa” para as empresas do setor de saúde.
A Hapvida (HAPV3) também recuou bem hoje, terminando em queda de 5,17%.
Carrefour Brasil (CRFB3) e Vivo (VIVT3) caíram 1,41% e 0,06%, respectivamente, antes da divulgação dos seus resultados.
Neoenergia (NEOE3), que também soltará suas demonstrações financeiras, fechou em alta de 0,4%.
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