À espera de Copom, Ibovespa descola de NY e fecha em queda aos 130 mil pontos; dólar cai a R$ 5,67
O Ibovespa (IBOV) devolveu os ganhos da véspera com a reação à vitória de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos, com a perspectiva de que medidas do republicano devem reduzir o fluxo de capital estrangeiro para países emergentes — entre eles, o Brasil. Por outro lado, as bolsas de Nova York renovaram recordes de fechamento.
Nesta quarta-feira (6), o principal índice da bolsa brasileira caiu 0,24%, aos 130.340,92 pontos. Durante o pregão, o Ibovespa registrou mínima aos 128.822,16 pontos (-1,41%).
Já o dólar à vista (USBRL) terminou a sessão a R$ 5,6759 (-1,26%).
Mesmo com as atenções concentradas no exterior, o mercado doméstico repercutiu dados econômicos, balanços corporativos e andamento das tratativas em Brasília sobre o pacote de medidas fiscais.
A balança comercial brasileira registrou um superávit de US$ 4,343 bilhões em outubro, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). O valor representa uma queda de 52,7% sobre o resultado positivo apurado no mesmo mês do ano passado.
O resultado ficou abaixo das expectativas de economistas consultados pela Reuters, que previam saldo positivo de US$ 4,976 bilhões para o período.
Mais cedo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que todos os ministros do governo estão “muito conscientes” da tarefa de reforçar o arcabouço fiscal, acrescentando que a rodada de reuniões pedida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para discussão de medidas fiscais foi concluída.
O chefe da pasta econômica também afirmou que o próximo passo de Lula provavelmente será pedir conversas com os presidentes das duas Casas do Congresso, para que se discuta o envio das medidas fiscais para análise dos parlamentares, em entrevista a jornalistas.
Após o fechamento do mercado, os investidores acompanham a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central.
Perto do fechamento, a curva de juros precificava 97% de probabilidade de alta de 50 pontos-base da Selic nesta quarta, contra 3% de chance de elevação de 75 pontos-base. Atualmente a Selic está em 10,75% ao ano.
Altas e quedas do Ibovespa
Entre os ativos negociados no Ibovespa, Gerdau (GGBR4) saltou quase 10% durante a sessão e liderou a ponta positiva do índices. Os investidores repercutiram o balanço do terceiro trimestre e o anúncio de dividendos.
A Gerdau também é uma das ações que se beneficiam com a vitória de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos.
“Olhando para o futuro, podemos ver tarifas ainda mais altas, uma indústria dos Estados Unidos mais forte (Buy American), importações indiretas de aço reduzidas, impostos potencialmente mais baixos e um real mais fraco. Todos positivos para os negócios da Gerdau nos EUA, agora a maior parte de seu Ebitda”, escreveram os analistas do BTG Pactual em relatório.
Embraer (EMBR3) também avançou mais de 2% durante o pregão.
Já a ponta negativa foi liderada por Carrefour Brasil (CRFB3). RD Saúde (RADL3), antiga Raia Drogasil, devolveu os ganhos da véspera em reação ao balanço do terceiro trimestre. A companhia reportou lucro líquido ajustado de R$ 336,8 milhões entre julho e setembro, ante R$ 268,4 milhões um ano antes.
Para a XP Investimentos, os resultados da companhia vieram em linha com o esperado, com forte geração de caixa, mas com vendas nas mesmas lojas (SSS) abaixo de seus pares.
Entre os pesos-pesados do Ibovespa, Vale (VALE3) acompanharam o desempenho do minério de ferro. A commodity encerrou as negociações em Dalian, na China, com baixa de 0,76%, a US$ 109,99 a tonelada hoje.
Os papéis da mineradora também foram pressionados por com a vitória de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos — já que o republicano defende medidas protecionistas, que devem afetar os países emergentes e, principalmente, as commodities.
Petrobras (PETR4;PETR3) terminou a sessão próximo da estabilidade, com a baixa do petróleo.
Exterior
Nos Estados Unidos, os índices de Wall Street renovaram os recordes históricos intraday nos primeiros minutos da sessão, com o resultado das eleições presidenciais favorável a Donald Trump.
A promessa do republicano de menor regulamentação e impostos mais baixos para as grandes corporações, mais produção de petróleo e uma política de imigração rígida propiciam um cenário de crescimento e uma inflação mais fortes — o que tende a ser positivo para o mercado de ações.
Os investidores também fizeram ajustes de olho na reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Federal Reserve, que acontece nos dias 6 e 7 de novembro.
O consenso é de corte de 25 pontos-base, o que levaria os juros norte-americano a faixa de 4,50% a 4,75% ao ano. A decisão será divulgada na quinta-feira (7), acompanhada da coletiva de imprensa do presidente do Fed, Jerome Powell.
Confira o fechamento dos índices de Nova York:
- S&P 500: +2,53%, aos 5.929,04 pontos;
- Dow Jones: +3,57%, aos 43.729,93 pontos;
- Nasdaq: +2,95%, aos 18.983,46 pontos.
*Com informações de Reuters