Mercados

Ibovespa sucumbe aos 128 mil pontos com risco fiscal em foco; dólar fecha no maior nível desde maio de 2020

01 nov 2024, 17:19 - atualizado em 01 nov 2024, 20:03
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O Ibovespa recuou aos 128 mil pontos com aumento da cautela fiscal e pressão dos juros futuros; dólar sobe a R$ 5,86 (Imagem: Pixabay)

O Ibovespa (IBOV) estendeu as perdas por mais um pregão com foco no cenário fiscal e ignorou a recuperação dos índices em Nova York.

Nesta sexta-feira (1°), o principal índice da bolsa brasileira caiu 1,23%, aos 128.120,75 pontos. Na semana, o Ibovespa caiu 1,36%. 

Já o dólar à vista (USBRL) terminou a sessão a R$ 5,8634 (+1,53%) — no maior nível desde maio de 2020. Na semana, a moeda norte-americana acumulou alta de 2,88%. 

No cenário doméstico, as incertezas sobre o anúncio de medidas fiscais pesaram sobre a bolsa brasileira, com a notícia de que ministro da Fazenda, Fernando Haddad, viaja à Europa na segunda-feira (4) e só deve retornar ao Brasil na madrugada de sábado (9).

O mercado também acompanhou o noticiário corporativo, em meio à reação aos balanços do terceiro trimestre.

Os dados econômicos ficaram em segundo plano.

A produção industrial acelerou em setembro a 1,1% na comparação com o mês anterior, quando houve alta de 0,2%, e cresceu 3,4% sobre o mesmo mês do ano passado, de acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os resultados ficaram acima das expectativas em pesquisa da Reuters de alta mensal de 0,9% e de avanço de 2,8% na base anual.

Altas e quedas do Ibovespa 

Entre os ativos negociados no Ibovespa, Eztec (EZTC3) liderou os ganhos em reação ao balanço do terceiro trimestre. Os papéis da construtora subiram mais de 8% durante o pregão.

A empresa teve lucro de líquido de R$ 132,6 milhões entre julho e setembro , salto de 239% em comparação com o ganho dos meses de julho a setembro de 2023, com a margem líquida 12,2 pontos percentuais acima do patamar de um ano antes, a 27,7%.

Na avaliação do BTG Pactual, os números vieram “sólidos” e acima das expectativas, impulsionados principalmente por uma receita maior do que o esperado. A Eztec também anunciou um pagamento de R$ 150 milhões em dividendos extraordinários. 

São Martinho (SMTO3) também despontou entre as maiores altas após o Morgan Stanley elevar a recomendação das ações para neutra e aumentar o preço-alvo.

Já na ponta negativa do principal índice da bolsa brasileira, Azul (AZUL4) caiu mais de 6% com o rebaixamento do rating da companhia aérea pelas agências classificadoras de risco S&P Global e Fitch. 

Entre os pesos-pesados do Ibovespa, Vale (VALE3) acompanhou o desempenho negativo do minério de ferro. A commodity encerrou as negociações em Dalian, na China, com queda de quase 1,50% hoje.

Petrobras (PETR4;PETR3) ignorou o avanço do petróleo e terminou a sessão em baixa de mais de 1%. Mais cedo, a estatal afirmou que qualquer informação sobre investimentos ou distribuição de dividendos “é meramente especulativa”.

Exterior 

Nos Estados Unidos, Wall Street recuperou as perdas da véspera com os índices em tom positivo. Nasdaq avançou mais de 1% durante o pregão, impulsionado pelo balanço de Amazon.

As ações da companhia de Jeff Bezos saltaram mais de 7%, em reação aos números do terceiro trimestre — com destaque para o lucro acima das expectativas do mercado.

Os investidores também reagiram ao relatório de empregos norte-americano, o payroll — que mostrou a criação de postos de trabalho mais fraca do que a esperada para outubro e o menor ganho mensal desde dezembro de 2020.

O país criou 12 mil postos de trabalho no mês passado, de 223 mil em setembro. Economistas consultados pela Reuters projetavam a criação de 113 mil vagas.

Segundo o Departamento do Trabalho norte-americano, o dado afetado por furacões recentes e greves trabalhistas, particularmente a paralisação na Boeing.

Apesar do relatório mostrar que a taxa de desemprego no país se manteve em 4,1% no mês, os mercados reagiam com a percepção de um mercado de trabalho mais enfraquecido, em uma reversão do que vinha se projetando nas sessões anteriores.

Com isso, os agentes financeiros ajustaram apostas para o ciclo de afrouxamento monetário.

Operadores passaram a precificar quase 100% de chance de o Federal Reserve cortar os juros em 25 pontos-base na próxima reunião, o que levaria à faixa de 4,50% a 4,75% ao ano. Antes dos dados, a probabilidade era de 89%, de acordo com a ferramenta FedWatch, do CME Group.

Os investidores seguem aumentando as apostas de vitória de Donald Trump na disputa pela Casa Branca. A eleição acontece na próxima semana, no dia 5 de novembro.

Confira o fechamento dos índices de Nova York:

  • S&P 500:+0,46%, aos 5.728,80 pontos; 
  • Dow Jones: +0,69%, aos 42.052,19 pontos;
  • Nasdaq: +0,80%, aos 18.233,92 pontos.

Apesar do avanço nesta sexta-feira (1º), os índices terminaram a semana em tom negativo. S&P 500 recuou 1,4%, Dow Jones caiu 0,2% e Nasdaq acumulou baixa de 1,5% nos últimos cinco pregões.

*Com informações de Reuters 

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Jornalista formada pela PUC-SP, com especialização em Finanças e Economia pela FGV. É repórter do MoneyTimes e já passou pela redação do Seu Dinheiro e setor de análise politica da XP Investimentos.
liliane.santos@moneytimes.com.br
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