Ibovespa engata terceira queda no pós-Copom; hora de ligar o pisca-alerta?
O Ibovespa fechou em sua terceira queda seguida desde a Super Quarta, quando os bancos centrais de Brasil e EUA definiram as taxas de juros. Nesta sessão, o índice caiu 0,07%, a 115.929 pontos.
De acordo com analistas, os mercados continuam observando com lupa os juros globais, que repercutem a mensagem de que o Federal Reserve pode elevar os juros nos Estados Unidos neste ano e manter as taxas altas por mais tempo.
“Essa preocupação do mercado em relação aos juros lá fora derruba bolsas em todo o mundo, inclusive no Brasil”, explica Leandro Petrokas, diretor de research e sócio da Quantzed.
O analista diz ainda que Boletim Focus de hoje ficou sem grandes novidades, mantendo a expectativa de inflação conforme os últimos boletins.
Mais cedo, os economistas consultados pelo Banco Central mantiveram as projeções para a inflação em 4,86 neste ano.
No próximo ano, a projeção para o IPCA também segue a mesma da semana anterior, 3,86%. Selic ao final de 2023 e 2024 continua em 11,75% e 9%, respectivamente.
Para piorar, o mercado não está animado com China e isso reflete em Vale (VALE3) e empresas do setor de siderurgia como CSN (CMIN3) e Usiminas (USIM5).
Queda do Ibovespa: hora de se preocupar?
Além de um exterior predominantemente negativo, o lado cíclico doméstico ainda carrega muitas dúvidas, afirma João Piccioni, analista da Empiricus Research, ao Giro do Mercado.
De acordo com Piccioni, investidores precisarão aguardar para ver o que vem por aí na próxima temporada de resultados trimestrais.
“A gente começa a se aproximar do fim do ano, começa a se aproximar da Black Friday. Vamos ver como está o apetite do consumidor. Mais para o fim de outubro, o mercado vai tentar capturar um pouco o sentimento”, comenta.
Veja o vídeo abaixo:
Maiores quedas do Ibovespa
O setor de varejo foi destaque entre as quedas muito por conta dos juros futuros, os chamados DI’s, que trabalharam no campo positivo e com certo estresse na ponta longa, “o que ocorre devido ao cenário negativo lá fora e também com as preocupações com o fiscal”.
“Gastos subindo e arrecadação caindo, segundo os últimos dados divulgados”, diz Petrokas.
Entre as três maiores baixas, todos os ativos são sensíveis às variações das taxas de juros de mercado (DI´s) que sobem ao longo de toda a curva, com destaque para os juros longos.
MRV (MRVE3), do setor de construção, recuou 3%. Os juros altos prejudicam os financiamentos imobiliários e reduzem a renda disponível da população (maiores juros, maior parte da renda comprometida com os juros de linhas de crédito).
Casas Bahia (BHIA3) e Magalu (MGLU3) voltaram a tombar.
“Via e Magalu são empresas que faltam compradores convictos nos dois cases. São companhias que estão com dificuldade de entregar resultados. Nos últimos trimestres, apresentaram prejuízo e são empresas que o mercado não enxerga com tanta confiança”, explica o analista.
Entre as maiores altas do dia, temos WEG (WEGE3), Hapvida (HAPV3) e Soma (SOMA3). WEG sobe por conta da notícia de compra da operação de motores elétricos e geradores da Regal Rexnord por US$ 400 milhões.
“Mercado recebeu bem a notícia e cabe destacar que parte da receita da empresa é obtida por meio de exportações, portanto, com a alta do dólar hoje, a empresa acaba sendo favorecida”, completa Petrokas.