Ibovespa (IBOV) marca nova alta, apesar de fraqueza de PETR4; AMER3 volta a despencar
O Ibovespa (IBOV) deu continuidade à trajetória de valorização nesta quarta-feira (18). Dessa vez, o apoio veio das ações de mineração e siderurgia, enquanto a situação da Americanas (AMER3) segue chamando a atenção do mercado.
O índice de referência da Bolsa brasileira fechou em alta de 0,71%, a 112.228,39 pontos. A baixa dos índices em Wall Street após uma queda maior do que a esperada nas vendas no varejo dos Estados Unidos em dezembro não prejudicou o mercado local a ponto de fazer o Ibovespa reverter a alta.
O varejo de e-commerce foi o destaque negativo do pregão, com as ações da Americanas desabando 8,42%, a R$ 1,74 cada.
Após duas derrotas na Justiça, o BTG Pactual conseguiu que o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro concedesse liminar suspendendo a decisão a favor da Americanas que bloqueava a execução de dívidas por parte dos bancos. Com isso, o banco conseguirá reter R$ 1,2 bilhão em dívidas da varejista.
Segundo informações que circulam na mídia, a varejista deve pedir recuperação judicial de R$ 20 bilhões nos próximos dias, uma vez que os acionistas de referência não concordaram com o valor de injeção de capital para salvar a companhia.
Os acionistas de referência, formados pelos bilionários Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles, propuseram R$ 6 bilhões, enquanto os bancos pediam R$ 10 bilhões.
Do lado positivo, os papéis da CSN Mineração (CMIN3) subiram mais de 4%, seguindo a recuperando dos preços do minério de ferro. Além disso, o Bradesco BBI elevou a recomendação para “outperform” (desempenho esperado acima da média do mercado).
As ações da Vale (VALE3) fecharam o dia em alta de mais de 1%. Já a Petrobras (PETR4) recuou 1,76%. A empresa informou ontem que bateu a meta de produção anual de 2022. Hoje, circularam notícias de que petroleiros vão acionar a Justiça e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para barrar o pagamento de dividendos bilionários na quinta.
Haddad em Davos
A agenda do dia não trouxe indicadores relevantes. Os investidores voltaram suas atenções para o noticiário político e fiscal, principalmente sobre o reajuste do salário mínimo em 2023.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse na véspera que o governo definirá o valor a partir de negociação com centrais sindicais. Ele indicou, no entanto, que a viabilidade de ficar acima de R$ 1.302 dependerá do cálculo do número de beneficiários do INSS.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou hoje, durante o encontro com as centrais sindicais, um despacho determinando que os ministérios do Trabalho e da Previdência, entre outros, apresentem em 45 dias uma proposta para uma política de valorização do salário mínimo.
Em painel no Fórum Econômico Mundial, em Davos, Suíça, Haddad defendeu a integração dos países da América Latina. Segundo o ministro, “precisamos de uma integração que passa por infraestrutura, acordos comerciais, retomada do Mercosul e integração de outros países”.
Durante a participação em outro painel no fórum na terça, Haddad disse que o governo quer votar a reforma tributária ainda no primeiro semestre de 2023.
De acordo com Haddad, a primeira parte da reforma será sobre o consumo. Até o fim do ano, terá outra votação sobre renda.
“No segundo semestre, queremos votar reforma tributária sobre a renda para desonerar as camadas mais pobres e onerar quem não paga, os mais ricos”, disse o ministro.
Lei das Estatais
Outro assunto que movimentou o mercado nesta quarta é a mudança da Lei das Estatais.
O governo Lulaestá preparando um substitutivo para alterar a lei que define as regras para cargos de presidência de empresas públicas.
Segundo o Valor Econômico, o desenvolvimento da proposta está nas mãos da Secretaria de Assuntos Jurídicos (SAJ) da Casa Civil com o apoio da Advocacia-Geral da União (AGU).
A ideia é flexibilizar o acesso a cargos nos conselhos administrativos das estatais.
Se houver avanço da proposta, serão 317 postos disponíveis para indicação de Lula, o que garantiria espaços para aliados na liderança das empresas.
Se o substitutivo incluir também cargos de direção, entram na conta outros 272 cargos nas diretorias executivas, totalizando 589 cargos.