Lula vs. BC e ITUB4 nas alturas: O resumo da disparada do Ibovespa (IBOV) nesta quarta
O Ibovespa (IBOV) engatou um forte movimento de alta nesta quarta-feira (8), puxado principalmente pelo setor bancário, que saltou após os resultados divulgados pelo Itaú (ITUB4).
O índice de referência da Bolsa brasileira teve valorização de 1,97%, a 109.951,49 pontos. Os papéis do Itaú saltaram 8,27%, levantando também a ação da Itaúsa (ITSA4), que mostrou ganhos de 8,46%.
O lucro líquido recorrente de R$ 7,66 bilhões do banco no quarto trimestre de 2022 não bateu as expectativas do consenso do mercado, ao mesmo tempo que o provisionamento aumentou no período (o mercado aponta Americanas [AMER3] como principal responsável).
Apesar disso, analistas gostaram da resiliência nos dados do Itaú, com entrega de 19% de ROE (retorno sobre o patrimônio líquido).
Leandro Petrokas, diretor de research e sócio da Quantzed, destaca que, com a provisão para cobrir 100% da exposição de crédito junto à Americanas, o Itaú limpa todo o “efeito Americanas” no balanço do quarto trimestre de 2022.
“O mercado, além de ter gostado, entende que as expectativas permanecem positivas para o case, então é o grande destaque do dia de hoje”, reforça o analista.
Além de Itaúsa, outras ações do setor financeiro subiram. Até Bradesco (BBDC4), cotado para ser um dos destaques negativos da indústria nessa temporada de resultados, fechou em alta de 4,89%. A companhia divulga seu balanço nesta quinta (9), após o fechamento do mercado.
Ainda entre as financeiras, o Banco Pan (BPAN4) divulgou seus resultados. No entanto, os números não agradaram o mercado.
Contribuíram para a disparada do Ibovespa hoje as ações de Petrobras (PETR4), encerrando em alta de 1,68%. A Vale (VALE3) teve leve avanço de 0,34%.
Do lado das baixas, Pão de Açúcar (PCAR3) e Carrefour Brasil (CRFB3) marcaram presença nos destaques do índice. A Hapvida (HAPV3) recuou 3,66%, em movimento de correção. O Bank of America (BofA) também soltou um relatório reiterando recomendação “neutro”.
No documento, o BofA comentou que o crescimento da companhia dependeria principalmente do reajuste dos preços no setor.
Lula vs. BC
O mercado segue monitorando a situação entre o governo de Luiz Inácio Lula da Silva e o Banco Central.
O presidente da República fez críticas à condução dos juros do país por parte da autoridade monetária. O petista também mostrou descontentamento com o atual presidente do BC, Roberto Campos Neto.
Com a repercussão das falas de Lula, Alexandre Padilha, ministro das Relações Institucionais, enfatizou que não existe qualquer intenção do governo para mudar a lei que dá autonomia ao BC. Padilha também negou que haja pressão sobre qualquer mandato da autoridade monetária.
O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), também comentou sobre o assunto, reforçando que não há orientação do governo para buscar a troca do comando do BC e nem iniciativas no Legislativo para alterar o status de independência formal da instituição.
Além do conflito entre Lula e o BC, pesam para o mercado local as discussões sobre o cenário fiscal, com investidores de olho na proposta da Reforma Tributária e o voto de qualidade no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf).