Ibovespa (IBOV) tem maior alta desde 1º turno das eleições de 2022 e salta para os 106 mil pontos
O Ibovespa (IBOV) conseguiu manter a forte valorização desta terça-feira (11), fechando o dia com ganhos de 4,29%, a 106.213,76 pontos.
Trata-se da maior alta desde 3 de outubro de 2022, quando o mercado reagiu ao primeiro turno das eleições gerais, que acabaram mostrando uma disputa mais acirrada entre o atual presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e o ex-presidente Jair Bolsonaro. No pregão seguinte aos resultados do primeiro turno eleitoral, o Ibovespa disparou 5,54%.
Nesta terça, dados de inflação divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ajudaram na arrancada do Ibovespa.
Em março, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,71%, desacelerando em relação à alta de 0,84% em fevereiro.
Assim, a alta acumulada em 12 meses atingiu 4,65%, também abaixo da mediana projetada pelo mercado, de 4,71%. Com esse resultado, a inflação ficou abaixo do teto da meta do Banco Central para 2023, de 4,75%.
Os dados positivos levaram a uma queda dos juros, uma vez que abriram caminho para expectativas de corte da Selic, a taxa básica de juros do Brasil. O dólar também foi empurrado para baixo, gerando assim uma migração de recursos para o mercado de ações.
“Este fluxo de venda do dólar e DI faz com que estes ativos caiam, enquanto o IBOV recebe os recursos, gerando um fluxo de compras que cria uma alta para a Bolsa”, explica Guilherme Lamonica, especialista em investimentos e sócio da Matriz Capital.
Com a queda dos juros, ações como de varejo e as companhias aéreas dispararam hoje. O Magazine Luiza (MGLU3) fechou em alta de 12,84%, enquanto Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4) avançaram 13,81% e 17,13%, respectivamente.
Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4) serviram para dar suporte ao salto do Ibovespa. Seguindo as commodities no exterior, a mineradora disparou 5,28% e a petroleira estatal reportou alta de 4,69%.
Os bancos também se firmaram no positivo e deram mais gás ao índice.
Luis Novaes, analista da Terra Investimentos, ressalta que os ativos locais estão “significativamente descontados nos últimos meses”. Por isso, notícias positivas acabam tendo impacto superior.
Porém, Novaes avalia que os dados divulgados hoje não são suficientes para levar o Ibovespa à frente.
“O dado [IPCA] é importante para aliviar a perspectiva de juros altos para os próximos meses, mas ainda vemos como insuficiente para impulsionar o índice, tendo em vista o horizonte ainda incerto”, diz o analista.
Para a Associação Brasileira de Bancos (ABBC), o IPCA veio como uma surpresa positiva, mas alerta que o caminho para a convergência da inflação e a ancoragem das expectativas até as metas vigentes não será trivial.
Everton Gonçalves, superintendente da assessoria econômica da ABBC, afirma que, a depender dos fatores de risco para a inflação, pode-se esperar uma flexibilização monetária no segundo semestre deste ano.