Ibovespa fecha no maior nível da história pela 3ª vez consecutiva com ajuda de NY e Vale (VALE3); dólar cai a R$ 5,48
O próximo objetivo do Ibovespa (IBOV) é alcançar os 137 mil pontos — superado levemente nesta quarta-feira (21). Pela terceira sessão consecutiva, o principal índice da bolsa brasileira replicou a “dobradinha” de recordes.
Nos primeiros minutos da sessão, o índice renovou a máxima intradia histórica ao tocar os 137.039,54 pontos. Antes o maior nível registrado durante o pregão foi aos 136.329,79 pontos na véspera.
Com a sessão à mercê das bolsas do exterior, o Ibovespa encerrou a sessão aos 136.493,65 pontos (+0,28%), o novo maior nível de fechamento — acima do recorde anterior, de 136.087,41 pontos.
Já dólar à vista (USBRL) terminou a sessão a R$ 5,4821 (-0,02%).
Vale lembrar que o índice da bolsa brasileira está em seu recorde nominal, mas ainda está longe do pico em termos reais — a considerar a inflação e/ou câmbio.
“O All-Time High do Ibovespa aconteceu em 20 de maio de 2008, quando o índice bateu os 73.517 pontos. Em termos reais, para superar essa marca atualmente, o Ibovespa precisaria ultrapassar os 180.000 pontos”, afirma Allan Antonio, professor de Economia da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
No cenário doméstico, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a previsão de que o anúncio das indicações para o Banco Central, entre elas a da presidência da autoridade monetária, aconteça ainda em agosto depende de uma decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Haddad disse que vai se reunir com Lula para saber o resultado da conversa entre o chefe do Executivo e o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), sobre o tema.
Em segundo plano, os investidores reagiram à aprovação do projeto de lei da desoneração da folha de pagamentos no Senado. A proposta prevê a reoneração gradual a partir de 2025 para dar fim à medida em 2027. Junto com o texto, foram incluídas medidas de compensação que devem gerar até R$ 26 bilhões para cobrir os custos de 2024.
Altas e quedas do Ibovespa
Entre as ações negociadas no Ibovespa, CVC (CVCB3) foi o destaque do dia. Os papéis da companhia de turismo chegaram a saltar mais de 20% nas primeiras horas do pregão após a notícia de que fundos de investimentos geridos pela WNT passaram a deter 5,01% do capital social da empresa.
O investidor Nelson Tanure negou estar à frente na compra das ações ao Broadcast. Em outras ocasiões, o empresário já usou a estrutura da WNT para adquirir participações em outras companhias, como a Light (LIGT3).
Petz (PETZ3) seguiu estendendo os ganhos pela quarta sessão consecutiva ainda em reação ao acordo de fusão com a Cobasi, anunciado na última sexta-feira (16). Na semana, os papéis da varejista acumulam alta de 37%.
Na ponta negativa do índice, as ações cíclicas foram novamente penalizadas com o avanço dos juros futuros nos vértices mais longos, com a expectativa de alta na taxa básica de juros, a Selic, a partir de setembro. Assaí (ASAI3), Carrefour (CRFB3) e Cogna (COGN3) figuraram entre as maiores quedas.
Entre as blue chips, Vale (VALE3) teve mais um dia de ganhos com apoio do minério de ferro na China. A commodity registrou alta de mais de 4,5% em Dalian, na China. Petrobras (PETR4;PETR3) permaneceu no território negativo em mais uma sessão marcada na esteira do petróleo.
Fora do Ibovespa, as ações da Priner (PRNR3) avançaram mais de 10% com o anúncio da aquisição da Real Estruturas por R$ 170,7 milhões — sendo o maior M&A da companhia na história.
Exterior
Nos Estados Unidos, as bolsas de Wall Street recuperaram as perdas da sessão anterior em um dia movimentado.
Segundo o Departamento do Trabalho norte-americano, o país criou menos emprego no ano até março do que o anteriormente divulgado. Nesta quarta-feira (21), o órgão divulgou dados revisados do mercado de trabalho.
A estimativa para o total de postos de trabalho criados no período de abril de 2023 a março de 2024 foi reduzida em 818.000.
O número nitidamente mais baixo é a primeira de duas revisões anuais de “referência” realizadas pelo departamento, conforme ele coleta dados mais precisos disponibilizados apenas nos meses seguinte à publicação do seu relatório mensal, o payroll.
Se a contagem se mantiver até a revisão final em fevereiro, será a maior revisão para baixo desde a redução de 902.000 empregos em março de 2009.
Além disso, o mercado reagiu à ata da mais recente reunião do Federal Reserve (Fed). No final de julho, o BC norte-americano manteve os juros inalterados na faixa de 5,25% a 5,50% ao ano pela oitava vez consecutiva— patamar mais elevado em mais de duas décadas.
Na ata, a maioria dos dirigentes afirmou que “se os dados continuassem a vir de acordo com o esperado, provavelmente seria apropriado flexibilizar a política monetária na próxima reunião”.
Eles também ressaltaram que “muitas” autoridades do Fed consideram a postura dos juros restritiva e “alguns participantes” argumentaram que, em meio a um arrefecimento contínuo das pressões inflacionárias, nenhuma mudança na taxa básica significaria que a política monetária aumentará o peso sobre a atividade econômica.
Após a divulgação do documento, as apostas de corte de 50 pontos-base, o que levaria os juros a faixa de 4,75% a 5,00% ao ano, aumentaram. Mas a probabilidade de corte menor, de 25 pontos-base, ainda é a majoritária.
Os traders estão precificando uma chance de 63,5% de o BC norte-americano cortar as taxas de juros em 25 pontos-base em setembro, de acordo com a ferramenta FedWatch do CME Group. Ontem (20), as apostas eram de 71%.
Agora o mercado espera o Simpósio de Política Econômica de Jackson Hole — um encontro anual de autoridades de bancos centrais, para obter mais sinais sobre a trajetória dos juros. O discurso mais esperado é o do presidente da autoridade monetária, Jerome Powell, na próxima sexta-feira (23).
Confira o fechamento dos índices de Nova York:
- S&P 500: +0,42%, aos 5.620,85 pontos;
- Dow Jones: +0,14%, aos 40.890,49 pontos;
- Nasdaq: +0,57%, aos 17.918,99 pontos.