Ibovespa (IBOV) subindo com Haddad na Fazenda? Saiba por que índice fechou em alta nesta sexta

O Ibovespa (IBOV) fechou em alta nesta sexta-feira (9), dia em que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva anunciou os primeiros nomes para comandar equipes ministeriais de seu governo.

Esta sexta também foi de eliminação do Brasil na Copa do Mundo de 2022. O índice de referência da Bolsa brasileira operou com menos liquidez por conta do jogo, mas segurou a valorização ao longo da sessão, encerrando com ganhos de 0,25%, a 107.519,56 pontos. Na semana, o índice acumulou perdas de 3,93%.

Fernando Haddad foi nomeado para comandar o Ministério da Fazenda no novo governo Lula. Junto a ele, outros quatro nomes também ficaram conhecidos: José Múcio para o Ministério da Defesa; Flávio Dino para o Ministério da Justiça; Rui Costa na Casa Civil; e Mauro Vieira como ministro das Relações Exteriores.

Haddad era um dos principais nomes cotados pelo mercado para o comando da pasta da Fazenda. O Ibovespa chegou a ser penalizado diante da perspectiva de que o ex-prefeito de São Paulo poderia, de fato, assumir o cargo.

Contrariando a leitura negativa do mercado sobre a nomeação, o Ibovespa subiu hoje. Porém, Ricardo Jorge, especialista em investimentos e sócio da Quantzed, acredita que a nomeação de Haddad não tem relação direta com a performance do mercado.

Os dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) surpreenderam de maneira positiva, com o indicador subindo 0,41% em novembro, ante mediana projetada de 0,59%. Isso acabou aliviando a pressão na curva de juros e beneficiando a Bolsa, explica.

Bruno Monsanto, sócio e assessor de investimentos na RJ Investimentos, diz que o mercado “já dormiu digerindo Haddad na economia”.

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“Sua nomeação, isoladamente, não traz um grande choque nos mercados de câmbio e ações. Já os juros longos, que captam melhor a percepção dos riscos fiscais, embutiu prêmio de risco já na quinta-feira”, destaca o especialista.

Segundo Monsanto, o anúncio de que a pasta da Economia será fatiada em três ministérios (Fazenda; Planejamento e Gestão; e Indústria e Comércio) pode mexer mais com o humor do mercado, para o bem ou para o mal.

Grande dúvida

Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil Investimentos, destaca que ainda existe uma grande dúvida em relação à maneira como a Fazenda será conduzida.

“A “grande pulga atrás da orelha” é saber a força que irá conduzir a Fazenda: o lado técnico de Pérsio Arida e equipe, caso seja um dos nomes da equipe econômica, com foco em políticas públicas direcionadas para a geração de emprego, renda e crescimento do Brasil, ou o viés mais político capitaneado por Haddad, com mais Estado na Economia”, comenta.

Alves lembra que dúvidas costumam adicionar incerteza, insegurança e falta de previsibilidade, “tudo o que o mercado financeiro não gosta”.

Pescando aspectos positivos no novo ministro

Analistas e gestores já começam a levantar pontos positivos de Haddad, que já foi ministro da Educação.

Edmar de Oliveira, operador de renda variável da One Investimentos, recorda que Paulo Guedes teve dificuldade em dialogar com os deputados e senadores e com outros partidos justamente por conta da falta de traquejo político.

“Tem a necessidade de você personificar um político à frente do ministério porque precisa do diálogo com a classe política. Eles falam a mesma língua”, diz.

Já Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, lembra que Haddad é um nome tido como pragmático e mais lulista do que petista. Para ele, dentro das possibilidades, não é o pior.

“Quem será o ministro da Fazenda será o Lula“, completa.

Destaque positivo do Ibovespa nesta sexta, o setor de mineração e siderurgia ajudou a levantar o Ibovespa, com CSN Mineração (CMIN3) disparando 10% e CSN (CSNA3) subindo 5,18%. A Vale (VALE3) avançou 3,33%, na esteira do minério de ferro.

IRB (IRBR3) perdeu fôlego ao longo da sessão, mas conseguiu terminar em alta de 2,86%.