Ibovespa sobe aos 126 mil pontos com PIB mais forte que o esperado; dólar cai a R$ 6,05
O Ibovespa (IBOV) deixou a cautela de lado e voltou aos 126 mil pontos, com dados econômicos mais fortes que o esperado no Brasil e nos Estados Unidos.
Nesta terça-feira (3), o principal índice da bolsa brasileira subiu 0,72%, aos 126.139,20 pontos.
Já o dólar à vista (USBRL) terminou a sessão a R$ 6,0584 (-0,16%), a primeira queda desde o anúncio do pacote fiscal na última quarta-feira (27).
No cenário doméstico, os investidores reagiram ao Produto Interno Bruto (PIB) mais forte do que o esperado. O cenário fiscal, que vinha gerando aversão ao risco, ficou em segundo plano.
O PIB cresceu 0,9% no terceiro trimestre de 2024 frente ao período de abril a junho. O PIB em valores correntes totalizou R$ 3 trilhões. Na comparação anual, o crescimento da economia foi de 4%.
O resultado divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ficou em linha com a expectativa do mercado. Era esperada uma alta trimestral de 0,8% e anual de 4%.
Na avaliação do economista-chefe da Warren Investimentos, Felipe Salto, os dados da atividade econômica indicam que, até o encerramento de setembro, a economia ainda apresentava desempenho bastante robusto. “Esse quadro deve se alterar entre o fim de 2024 e o próximo ano”, afirmou.
Para ele, o Banco Central deve seguir com uma política monetária mais contracionista, pressionado pelas expectativas de inflação ainda desancoradas e o câmbio mais forte nos últimos dias.
Altas e quedas do Ibovespa
Entre as ações negociadas no Ibovespa, Brava Energia (BRAV3) subiu mais de 7% durante o pregão. Os papéis foram impulsionados pelo forte desempenho do petróleo Brent. A commodity também ajudou Petrobras (PETR4;PETR3) a estender os ganhos da véspera.
O destaque, porém, foi para BRF (BRFS3) com a elevação de preço-alvo para as ações pelo Itaú BBA. Na visão dos analistas do banco, o valuation atual da companhia já precifica os benefícios do superciclo — o que justifica a recomendação neutra para os papéis do frigorífico.
Hapvida (HAPV3) também figurou entre as maiores altas do Ibovespa e as ações mais negociadas da B3 após o anúncio de investimentos de R$ 2 bilhões para a expansão da estrutura da empresa nos próximos dois anos.
Já a ponta negativa do principal índice da bolsa brasileira foi liderada por LWSA (LWSA3), que recuou pelo quinto pregão consecutivo. A antiga Locaweb manteve a tendência de queda iniciada na semana passada com o rebaixamento de recomendação para as ações pelo Citi, de compra para neutra/alto risco.
Entre os pesos-pesados, Vale (VALE3) ignorou o desempenho positivo do minério de ferro na China, com o mercado acompanhando o evento anual com investidores e analistas — o Vale Day.
O presidente da mineradora, Gustavo Pimenta, afirmou que o preço do minério de ferro a US$ 90 por tonelada é um “ponto de equilíbrio” na indústria. Já para a Vale, o preço de break even é de cerca de US$ 50 por tonelada. “Nós continuamos a ser um player competitivo”, disse o CEO.
Na véspera, a ex-estatal concluiu a aquisição de 15% de participação societária na Anglo American Minério de Ferro Brasil, que atualmente detém o complexo Minas-Rio.
Exterior
Nos Estados Unidos, os índices de Nova York fecharam sem direção única, mas S&P 500 e Nasdaq renovaram o recorde de fechamento mais uma vez. Os investidores reagiram a dados econômicos e falas de dirigentes do Federal Reserve (Fed).
O relatório Jolts mostrou que as vagas de emprego em aberto aumentaram para 7,744 milhões em outubro. Os economistas consultados pela Reuters estimavam alta de 7,475 milhões no mês.
Após o dado, os agentes financeiros elevaram as apostas de corte nos juros pelo Fed. Os traders agora veem 73,8% de chance de o Banco Central norte-americano reduzir os juros em 25 pontos-base, para a faixa de 4,50% a 4,75% ao ano, na próxima reunião — que acontece entre os dias 17 e 18 de dezembro. Ontem (2), a probabilidade era de 61,6%.
O mercado aguarda agora o relatório oficial de empregos (payroll) de novembro, com divulgação prevista para a próxima sexta-feira (6).
Confira o fechamento dos índices de Nova York:
- S&P 500: +0,05%, aos 6.049,88 pontos – no maior nível histórico de fechamento;
- Dow Jones: -0,17%, aos 44.705,53 pontos;
- Nasdaq: +0,40%, aos 19.480,91 pontos – no maior nível histórico de fechamento.
Na Europa, os principais índices fecharam na máxima de um mês. O índice Stoxx 600 subiu 0,37%, aos 515,53 pontos, registrando a quarta sessão de ganhos.
Em destaque, o índice alemão DAX atingiu brevemente a marca de 20 mil pontos pela primeira vez, enquanto os investidores monitoravam a turbulência política da França.
Ontem (2), os partidos de extrema-direita e de esquerda apresentaram moções de desconfiança contra o primeiro-ministro Michel Barnier, que está enfrentando forte oposição ao orçamento de seu governo.