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Ibovespa cede à pressão doméstica e cai mais de 1%, aos 125 mil pontos; dólar renova recorde a R$ 6,07

06 dez 2024, 18:15 - atualizado em 06 dez 2024, 18:48
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O Ibovespa cedeu aos 125 mil pontos com aumento da aversão ao risco de desidratação do pacote fiscal no Congresso; dólar bateu recorde (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

O Ibovespa (IBOV) cedeu à pressão interna em torno da tramitação do pacote fiscal no Congresso e fechou nos 125 mil pontos. As blue chips também pesaram no desempenho.

Nesta sexta-feira (6), o principal índice da bolsa brasileira caiu 1,50%, aos 125.945,67 pontos. No acumulado dos últimos cinco pregões, o índice teve leve alta de 0,22%.

Já o dólar à vista (USBRL) terminou a sessão a R$ 6,0708 (+1,02%) — no maior valor nominal de fechamento da história. O recorde anterior foi registrado em 2 de dezembro, quando a divisa atingiu R$ 5,0680.  Na semana, a moeda avançou 1,16% sobre o real. 

No cenário doméstico, os investidores operaram mais avessos ao risco com a percepção de que o pacote de gastos, apresentado pelo governo na semana passada, pode ser desidratado no Congresso Nacional.

Uma das notícias na imprensa, que circulava pelas mesas, era a de que parlamentares estariam resistentes a mexer no Benefício de Prestação Continuada (BPC), pago a idosos e a pessoas com deficiência.

O acordo do Mercosul-União Europeia não repercutiu sobre o mercado.

Perto do fechamento a curva brasileira precificava 59% de probabilidade de alta de 100 pontos-base da taxa básica de juros, a Selic, na semana que vem, contra 41% de chance de elevação de 75 pontos-base. Na véspera, os percentuais eram de 36% e 64%, respectivamente. Hoje a Selic está em 11,25% ao ano.

Para ilustrar o desarranjo recente da curva, no dia 26 de novembro, antes do lançamento do pacote, as taxas dos DIs precificavam 73% de probabilidade de alta de 75 pontos-base da Selic e 27% de chance de elevação de 50 pontos-base — a probabilidade de 100 pontos-base nem estava no preço.

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Altas e quedas do Ibovespa

Entre as ações negociadas no Ibovespa, as ações da CVC (CVCB3estenderam as perdas da véspera e caíram mais de 11% durante o pregão com a escalada dos juros futuros, com o temor sobre o cenário fiscal, e do dólar.

Em linhas gerais, um dólar mais forte e a alta na curva de juros, tendem a resultar em uma taxa de juros elevada por mais tempo — o que impacta o consumo das famílias. Consequentemente há a redução da procura e da compra de pacotes de viagens e a reserva de hospedagens, principalmente no exterior.

Os papéis do  Banco do Brasil (BBAS3) também figuraram entre as maiores quedas do principal índice da bolsa brasileira. O banco foi pressionado pelo rebaixamento da recomendação das ações de compra para neutro pelo Citi e pelo Goldman Sachs. Os dois cortaram o preço-alvo para R$ 26 no final de 2025.

Entre os pesos-pesados, Vale (VALE3)Petrobras (PETR4;PETR3) fecharam com recuo de mais de 1% na esteira do desempenho das commodities.

Já na ponta positiva, a MRV (MRVE3) disparou mais de 10% nas primeiras horas do pregão. Ontem (5), a construtora anunciou a troca do CEO da sua subsidiária Resia nos Estados Unidosalém de uma nova estratégia para se adequar ao cenário econômico americano, reduzindo a operação, estrutura organizacional e financeira.

Entre os destaques, Embraer (EMBR3) e WEG (WEGE3) subiram beneficiadas pelo dólar forte sobre o real.

Na semana, BRF (BRFS3) foi a ação com melhor desempenho no Ibovespa, com alta de mais de 14%. CVC (CVCB3liderou as perdas com baixa de 14%.

Exterior 

Nos Estados Unidos, o mercado acompanhou novos dados do mercado de trabalho, que reforçaram as apostas com continuidade do ciclo de afrouxamento monetário empregado pelo Federal Reserve (Fed).

O relatório oficial de empregos, o payroll, mostrou a abertura de 227 mil postos de trabalho em novembro, ante a expectativa de 200 mil no mês.  A taxa de desemprego subiu de 4,1% em outubro para 4,2% no mês passado, em linhas com as expectativas.

Após o payroll, a probabilidade de o Fed cortar os juros em 25 pontos-base, para a faixa de 4,25% a 4,50%, subiu de 71% (ontem) para 88,8% hoje, segundo a ferramenta de monitoramento FedWatch, do CME Group.

A próxima reunião do Comitê Federal do Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Banco Central norte-americano acontece entre os dias 17 e 18 de dezembro.

Confira o fechamento dos índices de Nova York:

  • S&P 500: +0,25%, aos 6.090,27 pontos – no maior nível histórico;
  • Dow Jones: -0,28%, aos 44.642,52 pontos;
  • Nasdaq: +0,81%, aos 19.859,77 pontos – no maior nível histórico. 

Com a sucessão de recordes consecutivos, Wall Street completou a terceira semana consecutiva de ganhos.

Repórter
Jornalista formada pela PUC-SP, com especialização em Finanças e Economia pela FGV. É repórter do MoneyTimes e já passou pela redação do Seu Dinheiro e setor de análise politica da XP Investimentos.
liliane.santos@moneytimes.com.br
Jornalista formada pela PUC-SP, com especialização em Finanças e Economia pela FGV. É repórter do MoneyTimes e já passou pela redação do Seu Dinheiro e setor de análise politica da XP Investimentos.