Ibovespa cai aos 123 mil pontos com risco fiscal; dólar fecha no maior valor nominal a R$ 6,09
O Ibovespa (IBOV) continuou a ceder à pressão do risco fiscal, com a perspectiva de que o pacote fiscal só deve ser aprovado pelo Congresso Nacional no próximo ano.
Nesta segunda-feira (15), o principal índice da bolsa brasileira caiu 0,84%, aos 123.560,06 pontos.
Já o dólar à vista (USBRL) terminou a sessão a R$ 6,0934 (+1,03%), no maior valor nominal de fechamento da história, mesmo após duas novas intervenções do Banco Central no câmbio.
No cenário doméstico, os investidores aumentaram a aversão ao risco. Os economistas consultados pelo BC também elevaram as projeções para inflação e dólar para 2024 e 2025, no primeiro Boletim Focus após a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar a Selic a 12,25% ao ano.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, teve uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na capital paulista para discutir as medidas fiscais. Ele disse que o presidente fez um apelo para que as propostas do governo não sejam desidratadas.
Ontem (15), Lula afirmou que ninguém tem mais responsabilidade fiscal do que ele, e voltou a criticar a taxa de juros, em entrevista ao “Fantástico”, da Globo.
O presidente disse que o governo fez “aquilo que é possível” ao mandar o pacote fiscal para o Congresso Nacional. Ele também afirmou que “a única coisa errada nesse país é a taxa de juros estar acima de 12%”. “Essa é a coisa errada. Não há nenhuma explicação”, acrescentou Lula.
Altas e quedas do Ibovespa
Entre as ações mais negociada no Ibovespa, as ações da Automob (AMOB3) estrearam na B3 e passaram a integrar o Ibovespa junto com Vamos, com a cisão de negócios entre as empresas. No primeiro dia de negociações, os papéis ultrapassaram alta de mais de 200% e lideraram os ganhos do principal índice da bolsa brasileira.
Os papéis do Grupo Pão de Açúcar (GPA; PCAR3) também disputaram o pódio da ponta positiva do Ibovespa. A companhia estendeu a alta ainda com a possível combinação de negócios entre a rede de supermercados Dia.
Na ponta negativa, Vamos (VAMO3) caíram mais de 8% pressionados pela disparada da curva de juros — que impacta negativamente as ações mais ligadas ao consumo.
Entre os pesos-pesados do índice, Vale (VALE3) teve a quinta baixa consecutiva, em meio às incertezas sobre o crescimento da China após dados mais fracos. Os papéis da mineradora destoaram mais uma vez do desempenho do minério de ferro.
O contrato de janeiro do minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE), da China, encerrou as negociações do dia com alta de 0,50%, a 802,5 yuans (US$ 110,26) a tonelada.
Petrobras (PETR4;PETR3) fechou também em queda, com as ações contaminadas pela aversão ao risco doméstico e com desempenho fraco do petróleo.
Exterior
Nos Estados Unidos, os investidores seguiram calibrando as expectativas para a última decisão de política monetária no ano, que acontece nessa semana.
A reunião do Comitê Federal do Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Federal Reserve (Fed) está prevista para os dias 17 e 18 de dezembro. Até agora, as apostas de corte de 25 pontos-base nos juros, para a faixa de 4,25% a 4,50%, são as majoritárias.
Em destaque, o índice Nasdaq renovou o recorde de fechamento com novo impulso das ações da Broadcom, que subiram mais de 10% durante o pregão.
Na semana passada, a empresa divulgou a previsão de uma receita trimestral acima das estimativas e uma demanda crescente por seus chips de IA nos próximos anos. A divulgação do guidance fez a empresa ultrapassar US$ 1 trilhão em valor de mercado pela primeira vez.
Já o Dow Jones caiu pelo oitavo dia consecutivo, na maior sequência de perdas desde 2020.
Confira o fechamento dos índices de Nova York:
- S&P 500: +0,38%, aos 6.074,08 pontos;
- Dow Jones: -0,25%, aos 43.717,48 pontos;
- Nasdaq: +1,24%, aos 20.173,89 pontos.