Ibovespa hoje: Apetite por risco no exterior renova fôlego de alta dos ativos locais
O Ibovespa tenta passar por cima da realização de lucros hoje novamente, um dia após emplacar a sétima alta seguida. O renovado apetite por risco no exterior nesta manhã, ainda diante da boa surpresa com a inflação ao consumidor nos Estados Unidos (CPI, na sigla em inglês), pode empurrar a bolsa brasileira para além dos 110 mil pontos.
Trata-se do maior nível há mais de dois meses do Ibovespa. Ao mesmo tempo, o dólar fechou no menor valor desde junho e busca a faixa de R$ 5,00. Portanto, é o fluxo de capital estrangeiro que tem garantido a festa da renda variável local, fazendo a alegria dos investidores domésticos.
Mas é bom ir devagar com o andor. Afinal, alguns membros do Federal Reserve já trataram de conter a euforia dos mercados com o CPI. Ontem mesmo, dois dos membros votantes do Fed disseram que “ainda são necessários vários meses de desaceleração” do índice de preços para interromper o ciclo de alta dos juros dos EUA.
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Que dirá, então, um pivô no processo, em direção a cortes na taxa em 2023? Por ora, parece algo “irrealista”, na visão do Fed. Ainda que o CPI tenha surpreendido para baixo, declarar vitória contra a alta da inflação é algo “bem, bem longe”. Ou seja, parece haver pouca chance de os preços voltarem à meta de 2% em breve.
Apetite por risco x risco geopolítico
Seja como for, o mercado mantém a guinada nas apostas para a próxima reunião do Fed, em setembro, vendo agora uma chance majoritária (62,5%) de alta menor, de 0,50 ponto porcentual (pp).
O restante (37,5%) ainda mantém a possibilidade de manutenção do ritmo. Há uma semana, o placar era contrário, com 66% de chance de alta de 0,75 pp.
Essa expectativa dá suporte à dinâmica de curto prazo das bolsas globais, o que embute um sinal positivo nos índices futuros de Nova York. Esse movimento tenta contagiar outras classes de ativos, como as commodities industriais. O minério de ferro fechou em alta em Dalian (China) e o barril do petróleo também avança no mercado internacional.
Mas há um ângulo geopolítico nisso, que impõem desafios nas cadeias globais de produção. Afinal, taxas de juros mais altas nos EUA empurram os preços das commodities industriais para baixo – punindo grandes exportadores, como a Rússia. Juros mais elevados também aumentam a pressão sobre a China e seus enormes superávits comerciais.
Portanto, qualquer semelhança com o longo conflito no leste europeu e a mais recente tensão no Estreito de Taiwan não é mera coincidência. Ainda mais quando se lembra que as eleições de meio de mandato nos EUA estão chegando.
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Aliás, assim como no Brasil, boa parte do alívio do CPI veio de medidas artificiais para aliviar a alta dos preços dos combustíveis. Sem esse artifício, a Europa vive uma situação energética segue bastante complicada, o que embute um sinal negativo nas bolsas da região.
A seguir, veja o desempenho dos mercados financeiros por volta das 7h55:
EUA: o futuro do Dow Jones tinha alta de 0,37%; o do S&P 500 subia 0,25%; e o do Nasdaq avançava 0,13%;
Europa: o índice pan-europeu Stoxx 600 tinha baixa de 0,05%; a bolsa de Frankfurt recuava 0,05%; a de Londres cedia 0,29% e a de Paris perdia 0,30%.
Câmbio: o DXY caía 0,19%, a 105.00 pontos; o euro tinha alta de 0,24%, a US$ 1,0335; a libra caía 0,16%, a US$ 1,2200; o dólar tinha queda de 0,17% ante o iene, a 132,66 ienes.
Treasuries: o rendimento da T-note de dez anos caía a 2,793%, de 2,785% na sessão anterior; o rendimento da T-bill de 2 anos estava em aaa%, de aaa% na sessão anterior
Commodities: o futuro do ouro tinha queda de 0,42%, a US$ 1.806,00 a onça na Comex; o futuro do petróleo WTI subia 0,86%, a US$ 92,72 o barril; o do petróleo Brent avançava 0,79%, a US$ 98,18 o barril; o minério de ferro para janeiro teve alta de 1,38% em Dalian (China), a 734,50 yuans
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