Ibovespa engata ritmo de altas à espera de Copom; dólar cai a R$ 6,04
O Ibovespa (IBOV) engatou a segunda alta consecutiva com expectativas na tramitação do pacote fiscal, enquanto as atenções ficaram dividas entre o quadro de saúde do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o primeiro dia de reunião do Copom e dados de inflação de novembro.
Nesta terça-feira (10), o principal índice da bolsa brasileira subiu 0,80%, aos 128.228,49 pontos.
Já o dólar à vista (USBRL) terminou a sessão a R$ 6,0480 (-0,57%).
No cenário doméstico, os investidores repercutiram rumores de que o governo federal deve liberar R$ 6,4 bilhões em emendas a parlamentares — o que levaria a um potencial avanço de pautas no Congresso, como o pacote fiscal.
O mercado também monitorou o efeito do quadro de saúde do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a tramitação das medidas. A jornalistas, o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse que o fato de o chefe do Executivo estar hospitalizado não impede a aprovação do pacote fiscal pelo Congresso Nacional ainda este ano.
Em segundo plano, o mercado reagiu ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país. O índice subiu 0,39% em novembro — apontando para uma desaceleração em relação à alta de 0,56% apurada em outubro. O resultado ficou levemente acima do esperado pelo mercado, de 0,36%.
O IPCA também acelerou a alta acumulada em 12 meses para 4,87%, de 4,76% no mês anterior — acima do teto da meta de inflação.
Hoje também foi o primeiro dia de reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). A expectativa é de que o colegiado do Banco Central eleve a taxa básica de juros em 75 pontos-base, a 12,00% ao ano. A decisão será divulgada amanhã (11) depois do fechamento dos mercados.
Entre eles, os economistas consultados pelo Banco Central aumentaram a estimativa da Selic, de 11,75% para 12% para este ano, às vésperas da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). Sabendo que a taxa básica de juros está a 11,25% ao ano, o relatório semanal projeta uma elevação de 0,75 ponto percentual na próxima reunião.
Altas e quedas da bolsa
Os papéis da Gol (GOLL4) chegaram a disparar quase 17% após a companhia aérea protocolar o plano de reestruturação no Chapter 11 (equivalente à recuperação judicial no Brasil). A Corte de Falência de Nova York marcou a audiência para discutir o plano de reestruturação para o dia 15 de janeiro.
Entre as medidas, a empresa mencionou uma possível fusão da Abra, a holding da Gol, com a Azul (AZUL4). A criação de uma joint venture entre as companhias também foi uma alternativa apresentada.
Já entre as ações negociadas no Ibovespa, as ações cíclicas recuperaram parte das perdas da véspera com o alívio na curva de juros, em ajuste antes da decisão do Copom. Vamos (VAMO3) disparou mais de 10% e liderou os ganhos do principal índice da bolsa brasileira.
Já a ponta negativa foi dominada pelos frigoríficos e companhias exportadoras, que foram pressionados pelo enfraquecimento do dólar ante o real. BRF (BRFS3), JBS (JBSS3) e Suzano (SUZB3) terminaram o dia entre as maiores quedas.
Em linhas gerais, as companhias mais expostas ao mercado externo tendem a ser prejudicadas com o desempenho negativo do dólar ante a moeda brasileira, já que as negociações e as receitas das empresas são atreladas à divisa norte-americana.
Entre os pesos-pesados do Ibovespa, Petrobras (PETR4;PETR3) também fechou com alta acompanhando o desempenho do petróleo, enquanto Vale (VALE3) devolveu parte dos ganhos da véspera e encerrou em leve baixa — na contramão do minério de ferro.
Exterior
Nos Estados Unidos, os índices de Wall Street fecharam em tom negativo pela segunda vez consecutiva. Os investidores aguardam novos dados de inflação.
O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) de novembro deve mostrar um ligeiro aumento nas pressões de preços amanhã (11). Os economistas consultados pela Dow Jones esperam um aumento mensal e anual de 0,3% e 2,7%, respectivamente. Isso seria um aumento de 0,2% e 2,6%, respectivamente, do mês anterior.
Ainda que o CPI não seja a principal referência de inflação para Federal Reserve (Fed), o indicador deve calibrar as expectativas para a reunião do Comitê Federal do Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), que acontece entre os dias 17 e 18 de dezembro.
Até agora, as apostas de corte de 25 pontos-base nos juros, para a faixa de 4,25% a 4,50%, são as majoritárias.
Confira o fechamento dos índices de Nova York:
- S&P 500: -0,30%, aos 6.034,91 pontos;
- Dow Jones: -0,35%, aos 44.247,83 pontos;
- Nasdaq: -0,25%, aos 19.687,24 pontos.