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Ibovespa: Gestoras aproveitam desconto e voltam a olhar para ações locais

07 jun 2022, 13:10 - atualizado em 07 jun 2022, 13:10
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Gestores parecem se apoiar na mesma perspectiva: as ações brasileiras estão muito descontadas (Imagem: Diana Cheng/Money Times)

Apesar da elevada volatilidade dos mercados globais, o sentimento em relação ao Ibovespa melhorou de maneira significativa, revela um relatório elaborado pelo Modalmais com base na percepção de gestores sobre o mercado.

Na edição de maio da pesquisa Termômetro de Mercado, 61% dos gestores se dizem otimistas em relação ao principal índice da B3 (B3SA3), contra 28% neutros e 11% pessimistas.

Os gestores parecem se apoiar na mesma perspectiva: as ações estão muito descontadas.

De acordo com o Modalmais, alguns gestores acreditam que as empresas se encontram atualmente em patamares mais sólidos, visto que aproveitaram o cenário de juros baixos para melhorar a saúde financeira de seus balanços.

“Hoje, conseguem passar com mais segurança por esse momento de liquidez reduzida”, destaca o banco digital.

A SFA Investimentos afirma que os preços das ações espelham um cenário de deterioração de lucro, o que não reflete a realidade.

Gestoras como Vitis Capital e BV Asset chamam atenção para a assimetria positiva do mercado brasileiro, abrindo caminho para aumento de exposição a ativos domésticos.

Setores para ficar de olho

O levantamento do Modalmais mostra a clara preferência dos gestores por ações do setor financeiro, que representa em torno de 25% do Ibovespa.

A maioria dos especialistas consultados (67%) se diz otimista ou muito otimista sobre as empresas do segmento, visto que o ambiente de juros elevados tende a favorecer bancos e instituições ligadas a serviços financeiros.

A Bresser Asset Management tem suas principais posições em empresas do setor. A gestora continua vendo os bancos negociando a preços “muito atrativos”, embora também acredite no suporte das commodities.

De acordo com a pesquisa, 72% dos gestores estão otimistas ou muito otimistas com o setor energético (petróleo, gás e combustíveis), considerando que a guerra na Ucrânia continua trazendo impactos na cadeia de suprimentos global.

Para a Bresser, os preços das commodities devem continuar elevados nos próximos meses, apesar da volatilidade dos mercados devido aos juros norte-americanos e ao aumento da inflação.

“No médio e longo prazo, o equilíbrio da economia norte-americana é indispensável para a estabilização dos mercados, e a queda recente nos preços das ações cria oportunidades de compra e vai ser revertida assim que os mercados se normalizarem”, comenta a gestora.

A BV Asset vê sobrepreço na cadeia por conta do conflito que se instaurou no leste europeu, mas acredita que o prêmio deve se dissipar. A gestora reforça que a forte geração de caixa contribui para uma perspectiva positiva das empresas do setor energético como potenciais grandes pagadoras de dividendos.

Mudança de cenário

A Vitis Capital aproveitou a queda do Ibovespa para aumentar sua posição em ações locais e com valuations atraentes e reduzir a exposição a ativos mais defensivos e commodities (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

O sentimento geral em relação às commodities mudou pouco, mas algumas gestoras já começaram a movimentar suas carteiras para refletir as perspectivas do fim do ciclo de elevação dos juros.

“O Brasil está muito próximo do fim do ajuste de juros e do pico inflacionário. Num cenário de relativa normalidade fiscal do novo governo, a atividade fraca e o arrefecimento da inflação podem permitir o início do processo de afrouxamento monetário em 2023 e redução das taxas de juros de longo prazo”, destaca a Vitis.

A gestora aproveitou as oportunidades de queda do Ibovespa para aumentar sua posição em ações locais e com valuations atraentes e reduzir a exposição a ativos mais defensivos e commodities.

Para a Butiá Investimentos, faltam elementos de curto prazo que justifiquem uma alteração das condições de baixo crescimento e inflação e juros crescentes.

“Um cenário tão negativo permite alocação apenas em ativos muito depreciados, que já incorporam expectativas bastante desgastadas. Vemos os ativos locais refletindo mais adequadamente essas condições em relação aos ativos externos”, afirma a gestora.

A alocação em ações de mercados emergentes do JPMorgan segue neutra. Geograficamente, o banco tem preferência pelos EUA e por índices com alta exposição à commodities.

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