Ibovespa fecha Super Semana com Lula e payroll no radar
O Ibovespa (IBOV) encerra hoje uma semana de tirar o fôlego dos investidores. Os balanços decepcionantes das big techs abrem o dia, após Apple, Amazon e Alphabet (dona do Google) serem castigadas no after hours em Nova York.
A sexta-feira (3) ainda reserva dados sobre o emprego nos Estados Unidos. O payroll deve calibrar as expectativas em relação ao Federal Reserve, com os mercados ignorando as palavras duras (“hawkish”) de Jerome Powell e apostando em cortes nos juros ainda neste ano.
Porém, isso depende de um mercado de trabalho menos robusto, sendo que nem mesmo o tsunami de demissões em empresas de tecnologia foi sentido na economia. A ver, então, o que revela o dado, que sai às 10h30, com forças para afetar os mercados globais.
Já o tom do presidente Lula voltou a fazer preço nos ativos locais. Ainda durante o pregão da véspera (2), o Ibovespa foi abalado pela mensagem presidencial ao Congresso. Nela, o novo governo deixou claro que se opõe à privatização da Eletrobras e traçou os planos para a Petrobras sobre a política de preços dos combustíveis e autossuficiência em petróleo.
Ibovespa cai quando Lula fala
As declarações atingiram em cheio as ações das estatais. Como resultado, o Ibovespa fechou em queda de 1,7% ontem. Mas o pior ainda estava por vir. Em entrevista à Rede TV, Lula voltou a questionar temas caros ao mercado, como a autonomia do Banco Central, as metas de inflação e o nível elevado da taxa Selic.
Para o presidente, o BC deveria perseguir uma inflação “padrão Brasil” – e não “padrão europeu”. Por isso, ele afirmou que vai “começar a cobrar” porque os juros básicos estão em 13,75%. No entanto, Lula deixou claro que vai esperar o fim do mandato de Roberto Campos Neto, em 2024, para reavaliar o status do BC.
Portanto, se o Ibovespa caiu ontem com um documento que apenas continha mensagens do governo; imagina então hoje, quando a bolsa brasileira deve reagir a novas declarações do presidente. É verdade que Lula não disse nenhuma novidade, e desde a primeira vez que tocou nesses assuntos, deixou claro que abriria tal discussão.
Porém, dificilmente as novas falas do presidente deixarão de ter impacto nos negócios nesta sexta-feira. Só que enquanto os investidores locais só ouvem ruídos vindos de Brasília, os estrangeiros dançam ao ritmo do som e vão às compras na B3.
Há quem diga que os R$ 12,5 bilhões alocados apenas em janeiro é só o começo. Aliás, é esse ingresso de recursos externos que tem pressionado o dólar para baixo. Ontem, a moeda norte-americana fechou no menor valor desde agosto, depois de furar a marca simbólica de R$ 5,00 durante o pregão. A ver, então, se o dólar abaixo de R$ 5,00 tem futuro.
Confira o desempenho dos mercados globais por volta das 7h45:
EUA: o futuro do Dow Jones caía 0,33%; enquanto o do S&P 500 cedia 0,84% e o Nasdaq tinha queda de 1,62%;
NY: o Ibovespa em dólar (EWZ) ainda não tinha negociação no pré-mercado; nos ADRs, o da Vale subia 0,34%, enquanto o da Petrobras tinha alta de 0,73%;
Europa: o índice pan-europeu Stoxx 600 caía 0,23%; a bolsa de Frankfurt tinha baixa de 0,63%; a de Paris recuava 0,32%, mas a de Londres subia 0,19%;
Ásia: o índice japonês Nikkei 255 fechou em alta de 0,39%, enquanto o Hang Seng, em Hong Kong, caiu 1,36%; a Bolsa de Xangai cedeu 0,68%;
Câmbio: o índice DXY caía 0,13%, 101.62 pontos; o euro tinha alta de 0,20%, a US$ 1,0936; a libra subia 0,24%, a US$ 1,2253; o dólar cedia 0,19% ante o iene, a 128,47 ienes;
Treasuries: o rendimento da T-note de dez anos estava em 3,395%, de 3,398% na sessão anterior; o rendimento da T-bill de 2 anos estava em 4,096%, de 4,108% na mesma comparação;
Commodities: o futuro do ouro recuava 0,36%, a US$ 1.923,90 a onça na Comex; o futuro do petróleo WTI caía 0,13%, a US$ 75,76 o barril; o do petróleo Brent tinha baixa de 0,19%, a US$ 82,01 o barril; o contrato futuro do minério de ferro (maio) fechou em queda de 1,23% em Dalian (China), a 846 yuans a tonelada métrica, após ajustes.