Santander (SANB11) e Wall Street pressionam Ibovespa, que fecha em queda; dólar sobe a R$ 5,76
O Ibovespa (IBOV) acompanhou o desempenho do exterior e reagiu a temporada de balanços locais, enquanto os investidores aguardam o anúncio de novas medidas fiscais.
Nesta terça-feira (29), o principal índice da bolsa brasileira caiu 0,37%, aos 130.729,93 pontos.
Já o dólar à vista (USBRL) terminou a sessão a R$ 5,7616 (+0,92%) — no maior nível desde 30 de março de 2021.
No cenário doméstico, o quadro fiscal dividiu as atenções dos investidores, em meio a temporada de balanços corporativos. O mercado espera o anúncio de novas medidas de contenção de gastos públicos com o fim do período eleitoral.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o conjunto de medidas de contenção de gastos a ser apresentado pela área econômica do governo ainda está em análise e não há uma data para ser divulgado. Ele ainda disse a equipe econômica tem feito contas para “fazer uma coisa ajustadinha”.
Em entrevista rápida a jornalistas na saída do ministério, Haddad afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu mais dados sobre as propostas e que a Fazenda está fornecendo as informações.
Altas e quedas da Bolsa
Entre os ativos negociados na bolsa, as ações da Sequoia Logística (SEQL3) chegaram a disparar 24% durante o pregão com o anúncio de troca no comando da companhia, que está em recuperação extrajudicial.
O fundador da Sequoia, Armando Marchesan Neto, deixou a cadeira de CEO a partir desta terça-feira (29), após 13 anos, e passa a ocupar um cargo no Conselho de Administração. Alexandre Rodrigues, ex-Ambev, assumiu a posição de forma interina — com início do mandato oficial em janeiro de 2025.
Já a ponta positiva do Ibovespa foi liderada pelo frigoríficos. As ações da Marfrig (MRFG3) e da Minerva (BEEF3) figuraram como as maiores altas do índice desde o início do pregão, em extensão dos ganhos da véspera. Ontem (28), a Minerva informou a conclusão da venda de ativos da Marfrig na Argentina, Brasil e Chile.
Santander (SANB11) liderou a ponta negativa do Ibovespa, em reação ao balanço do terceiro trimestre antes da abertura dos mercados. As ações do banco fecharam o pregão com queda superior a 5% — que resultou na perda de R$ 700 milhões em valor de mercado.
O banco reportou lucro líquido gerencial de R$ 3,7 bilhões entre julho e setembro, alta de 34% em relação ao mesmo período do ano passado. A cifra ficou pouco acima do esperado pelo consenso reunido pela Bloomberg, que aguardava lucro de R$ 3,5 bilhões.
Entre os pesos-pesados do Ibovespa, Vale (VALE3) avançou na esteira do minério de ferro. O contrato mais negociado da commodity, no mercado futuro da Dalian Commodity Exchange, para janeiro de 2025, fechou em queda de 0,77%, cotado a 777,5 yuans por tonelada, o equivalente a US$ 109,11.
Já Petrobras (PETR4;PETR3) acompanhou a queda do petróleo no mercado internacional, em meio à reação à prévia operacional.
A estatal informou nesta segunda-feira (28) que a produção total própria de óleo, LNG e gás natural no terceiro trimestre alcançou 2,689 milhões barris por dia (Mboed), em uma queda de 6,5% em relação ao mesmo período do ano passado.
Quando considerada apenas a produção de óleo e LGN, houve uma queda mais acentuada, de 8,2%, totalizando 2.129 Mbpd em relação ao ano anterior, de acordo com o relatório de produção da estatal.
Na avaliação da XP, os preços mais baixos do petróleo — de queda de mais de 6% na comparação trimestral — refletiram em resultados mais fracos.
“Finalmente, a produção do terceiro trimestre foi marginalmente menor do que a do segundo trimestre, o que já esperávamos, mas uma redução substancial dos estoques pode impulsionar os próximos resultados”, escreveram Regis Cardoso e Helena Kelm, em relatório.
Segundo os analistas, a companhia deve anunciar dividendos extraordinários de até US$ 4 bilhões após o balanço trimestral.
- ‘Chuva de Cifrões’? Entenda por que o 2º semestre de 2024 pode ter os maiores dividendos da história da bolsa brasileira
Exterior
Nos Estados Unidos, Wall Street tiveram um dia de volatilidade e índices sem direção única.
Os investidores reagiram aos dados econômicos.
As vagas de emprego em aberto registraram o nível mais baixo em mais de três anos e meio em setembro, e os dados do mês anterior foram revisados para baixo, apontando para uma redução considerável nas condições do mercado de trabalho.
Os postos de trabalho abertos caíram em 418.000, para 7,443 milhões no último dia de setembro, o nível mais baixo desde janeiro de 2021, informou o Departamento do Trabalho em seu relatório Jolts.
Economistas consultados pela Reuters previam 8,00 milhões de vagas de emprego em aberto. As contratações aumentaram em 123.000, chegando a 5,558 milhões, enquanto as demissões cresceram em 165.000, a 1,833 milhão.
Além disso, a confiança dos consumidores subiu para o maior patamar em nove meses em outubro, em meio a uma melhor percepção sobre o mercado de trabalho.
O Conference Board informou que seu índice de confiança do consumidor subiu para 108,7 neste mês, de 99,2 em setembro, em dado revisado para cima. Economistas consultados pela Reuters previam uma leitura de 99,5, em comparação com os 98,7 relatados anteriormente.
Na bateria de dados, o mercado ainda espera o índice de inflação (PCE, na sigla em inglês) — o indicador preferido do Federal Reserve (Fed)— e o relatório de empregos (payroll) de outubro.
A temporada de balanço também divide as atenções. Hoje, depois do fechamento dos mercados, os resultados de Alphabet, dona do Google, serão divulgados.
Meta — controlador do Facebook, Instagram e WhatsApp — e Microsoft mostram os resultados do terceiro trimestre na quarta-feira (30); e Apple, na quinta-feira (31).
O mercado tem aumentado as apostas de vitória de Donald Trump na disputa pela Casa Branca em 5 de novembro.
Confira o fechamento dos índices de Nova York:
- S&P 500: +0,16%, aos 5.832,92 pontos;
- Dow Jones: -0,36%, aos 42.233,05 pontos;
- Nasdaq: +0,78%, aos 18.712,75 pontos.
*Com informações de Reuters