Ibovespa sustenta os 136 mil pontos e avança mais de 6% em agosto; dólar sobe a R$ 5,63 com risco fiscal e Campos Neto
Depois de uma semana agitada por novos recordes, o Ibovespa (IBOV) aliviou o ritmo no último pregão de agosto e terminou a sessão em tom negativo.
O principal índice da bolsa brasileira fechou com leve queda de 0,03%, aos 136.004,01 pontos. Na semana, o índice avançou 0,29%.
Já o dólar à vista (USBRL) terminou a sessão a R$ 5,6350 (+0,21%). A alta da moeda norte-americana foi contida por duas intervenções do Banco Central. Nos últimos cinco pregões, a divisa subiu 2,84%
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No cenário doméstico, o mercado reagiu a declarações do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e do BC, Roberto Campos Neto.
Lula afirmou o futuro presidente do BC, Gabriel Galípolo, poderá subir ou cortar os juros, caso ache necessário, mas que é preciso ter uma explicação.
“O papel do Banco Central não é apenas controlar os juros, ele também deve ter uma meta de crescimento. Se não tivermos uma meta de crescimento alinhada com a meta de inflação e com a melhoria da qualidade de vida da população, o país não vai para lugar nenhum”, disse Lula em entrevista à Rádio MaisPB.
Já Campos Neto reiterou que o BC fará o necessário para trazer a inflação à meta de 3% neste ano. Ele também afirmou que um eventual ciclo de ajuste nos juros básicos, se ocorrer, será gradual — o que dividiu as apostas do mercado entre uma alta em 25 pontos-base ou a manutenção da Selic, a 10,50%, na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) em setembro.
Além disso, o dia foi movimentado por dados econômicos.
O setor público consolidado (governo central, Estados, municípios e estatais, excluindo de Petrobras e Eletrobras) registrou déficit primário de R$ 21,3 bilhões em julho, pior que o esperado pelo mercado.
Em 12 meses, o primário consolidado foi de um déficit de 2,4% em junho para um déficit de 2,3% do PIB em julho, sendo uma queda de 2,4% no governo central de acordo com a definição do BC e alta de 0,1% nos estados, municípios e estatais.
A taxa de desemprego no Brasil ficou em 6,8% nos três meses até julho, em linha com o esperado por economistas e marcando o menor nível para o período desde o início da série do governo, em 2012, evidenciando a força do mercado de trabalho no país em um momento em que o Banco Central tem reiterado surpresa com a força da atividade econômica.
No mês, o Ibovespa acumulou alta de 6,52% e o dólar teve leve queda de 0,36% ante o real.
Altas e quedas da Ibovespa
Com poucos destaques corporativos, Azul tentou recuperar o tombo da véspera, mas sem sucesso. Os papéis AZUL4 fecharam em queda. Ontem (29), as ações da companhia aérea caíram 23,45% em meio a rumores de que a empresa estuda pedir recuperação judicial nos Estados Unidos.
Entre as blue chips, Petrobras (PETR4;PETR3) teve os papéis pressionados pela forte queda do petróleo. Vale (VALE3) também acompanhou o desempenho do minério de ferro, que fechou com baixa de 0,53%, a US$ 106,22 a tonelada, na Bolsa de Dalian, na China.
Os bancos também caíram em bloco. O setor foi pressionado pela postura mais cautelosa do mercado em relação ao cenário macroeconômico, o ajuste comum no último pregão do mês e a ‘antecipação’ ao feriado dos Estados Unidos na próxima segunda-feira (2).
Apesar das quedas significativas, a ponta negativa do Ibovespa foi liderada por Petz (PETZ3) e Magazine Luiza (MGLU3). As ações cíclicas foram pressionadas pela abertura da curva de juros, em meio às apostas de alta na Selic em setembro e o déficit do setor público em julho pior do que o esperado para o mês.
Já a ponta positiva do Ibovespa, as companhias do setor elétrico, consideradas mais ‘conservadoras’, figuraram entre as maiores altas — com destaque para Engie (EGIE3) e Taesa (TAEE11).
Na semana, as ações da Petrobras (PETR4;PETR3) foram as maiores altas e, Azul (AZUL4) a maior queda.
Em agosto, os papéis de IRB Re (IRBR3) tiveram o melhor desempenho, com alta acima de 65%. Já a companhia aérea que mais caiu na semana também liderou as perdas do mês.
Exterior
Nos Estados Unidos, os investidores reagiram ao aguardado dado de inflação.
O Índice de Preços de Gasto com Consumo (PCE, na sigla em inglês) avançou 0,2% no mês de julho, em linha com o esperado. Na comparação anual, o PCE foi a 2,5%, levemente abaixo do previsto, mas acima da meta de 2% perseguida pelo Federal Reserve (Fed).
Após o dado, o mercado reforçou a expectativa de que o Fed inicie o ciclo de afrouxamento monetário nos Estados Unidos com um corte de 0,25 pontos-base nos juros em setembro.
Segundo a ferramenta FedWatch, do CME Group, as chances de corte de menor magnitude, que levaria os juros norte-americanos a faixa de 5,00% a 5,25% ao ano, são de 69,5%. Ontem (29), a probabilidade era de 66%.
Já as apostas de redução de 50 pontos-base, o que traria os juros ao intervalo de 4,75% a 5,00%, caíram de 34% (ontem) para 30,5% hoje após o dado de inflação.
O Fed se reúne entre os dias 17 e 18 de setembro.
Confira o fechamento dos índices de Nova York:
- S&P 500: +1,01%, aos 5.648,10 pontos;
- Dow Jones: +0,55%, aos 41.563,08 pontos;
- Nasdaq: +1,13%, aos 17.713,63 pontos.
Em agosto, o índice S&P 500 registrou o quarto mês consecutivos de ganhos, com avanço de 2,3%. O Dow Jones acumulou alta de 1,8% e Nasdaq teve ganhos de 0,7% no período.