Mercados

Ibovespa recua com ‘pesos-pesados’ e Wall Street, apesar de PIB mais forte; dólar sobe a R$ 5,64

03 set 2024, 17:15 - atualizado em 03 set 2024, 17:49
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Ibovespa estendeu as perdas pela segunda sessão consecutiva com pressão de Wall Street e forte queda das commodities (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

O Ibovespa (IBOV) seguiu o ritmo de perdas da véspera e estendeu o tom negativo pela segunda sessão consecutiva, em meio ao crescimento da economia brasileira acima do esperado para o segundo trimestre e dados de atividade econômica nos Estados Unidos. O tombo do minério de ferro e do petróleo também pesaram.

O principal índice da bolsa brasileira fechou com queda de 0,41%, aos 134.353,48 pontos. 

Já o dólar à vista (USBRL) terminou a sessão a R$ 5,6404 (+0,46%)

No cenário doméstico, o mercado repercutiu o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro do segundo trimestre de 2024.

A economia brasileira cresceu 1,4% entre abril e junho em relação ao trimestre anterior, acima das projeções de economistas consultados pela Reuters de avanço 0,9%. Na base anual, o crescimento foi de 3,3%.

Na avaliação do Inter, o crescimento mais acelerado, impulsionado pela expansão fiscal, não é sustentável considerando o atual patamar de juros que resulta em elevado déficit fiscal e aceleração preocupante da dívida pública.

“É necessária uma revisão das políticas públicas e uma maior harmonia entre a fiscal e monetária. Sem capacidade adequada pelo lado da oferta, com o hiato do produto positivo, a pressão inflacionária pode crescer e resultar em novo ciclo de aperto monetário pelo Banco Central, como já está precificado na curva de juros”, afirma Rafaela Vitória, economista-chefe do Inter.

Altas e quedas da Ibovespa 

As ações da Azul (AZUL4), que liderou as perdas do Ibovespa na véspera, saltaram mais de 10% durante o pregão. Os investidores reagiram a rumores de que a companhia aérea iniciou diversas rodadas com bondholders, que são detentores de dívida no exterior, para tentar captar mais recursos.

Segundo o Valor Econômico, a empresa tem usado a subsidiária de logística, Azul Cargo, como garantia nas negociações.

Com o forte avanço, os papéis AZUL4 encerraram como a maior alta do principal índice da bolsa brasileira.

Yduqs (YDUQ3) também se destacou na ponta positiva com o anúncio do programa de recompra de até R$ 300 milhões em ações.

Fleury (FLRY3) avançou mais de 2% após o Itaú BBA elevar o preço-alvo para os papéis da companhia de saúde, de R$ 21 para R$ 24 — o que representa um potencial de valorização de 52% em relação ao fechamento de ontem (2).

Já a ponta negativa do Ibovespa foi liderada pelas companhia do setor de commodities, em reação a dados mais fracos dos setores industriais dos Estados Unidos e da China.

Entre elas, Petrobras (PETR4;PETR3) e Vale (VALE3) figuraram entre as maiores perdas do dia — e foram as ações mais negociadas na B3.

Os contratos mais líquidos do petróleo Brent, referência para o mercado internacional, para novembro, terminaram o dia em queda de 4,86%, a US$ 73,75 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE), em Londres.

Já o contrato de janeiro de minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) encerrou as negociações com perda de 4,74%, a 703,5 iuanes (equivalente a US$ 98,87) a tonelada, registrando sua maior queda desde 31 de outubro de 2022.

Exterior 

As bolsas dos Estados Unidos retomaram as negociações, depois do feriado do Dia do Trabalho, em tom negativo.

Os investidores reagiram ao Índice de Gerentes de Compras (PMI) industrial do país, que subiu para 47,2 em agosto, de 46,8 em julho. 

Apesar da melhora o dado ficou aquém das projeções do mercado, de avanço a 47,5 no mês. O PMI também permaneceu abaixo de 50 — indicando uma contração no setor industrial — pela quinta vez consecutiva.

Logo após o dado, os investidores globais aumentaram a busca por ativos de segurança, como a moeda norte-americana e os títulos do Tesouro dos Estados Unidos, os Treasuries, com a retomadas das preocupação sobre a maior economia do mundo e à espera de  de dados do mercado de trabalho ao longo da semana.

Em reação, os traders veem uma chance de 63% de um corte de 25 pontos-base, o que levaria os juros norte-americanos a faixa de 5,00% a 5,25% ao ano, em setembro. Ontem (2), as apostas eram de 70%.

Já a probabilidade de uma redução de 50 pontos-base aumentou depois do PMI, de 30% (ontem) para 37% hoje, segundo a ferramenta de monitoramento do CME Group, FedWatch.

Agora, o mercado espera os dados d0 mercado de trabalho. O mais esperado é o relatório oficial de empregos, o payroll, que será divulgado na sexta-feira (6). Economistas ouvidos pela Reuters esperam a criação de 160.000 empregos nos EUA em agosto, acima das 114.000 vagas criadas em julho.

Além dos dados, a forte quedas das ações de tecnologia contribuíram para o dia negativo em Nova York. Os papéis de Nvidia caíram quase 10%, após o UBS divulgar que as vendas totais de semicondutores caíram 11% em julho em relação ao mês anterior.

Confira o fechamento dos índices de Nova York:

  • S&P 500: -2,21%, aos 5.528,93 pontos;
  • Dow Jones: -1,51%, aos 40,936,93 pontos;
  • Nasdaq: -3,26%, aos 17.136,30 pontos.

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Jornalista formada pela PUC-SP, com especialização em Finanças e Economia pela FGV. É repórter do MoneyTimes e já passou pela redação do Seu Dinheiro e setor de análise politica da XP Investimentos.
liliane.santos@moneytimes.com.br
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