Temor de recessão nos EUA derruba Ibovespa (IBOV); dólar fecha a R$ 5,70, após renovar máxima do ano
Nesta sexta-feira (2), Ibovespa (IBOV) cedeu à pressão externa, em dia movimentado por dados no Brasil e nos Estados Unidos, e fechou em forte queda, de 1,21%, aos 125.854,09 pontos. Na semana, o índice caiu 1,29%.
O dólar à vista (USBRL), que renovou a máxima do ano a R$ 5,79 e alcançou o maior nível em mais de três anos, terminou a sessão a R$ 5,7092 (-0,45%). Na semana, a moeda norte-americana subiu 0,91%.
No cenário doméstico, novos dados econômicos limitaram as perdas do Ibovespa e trouxeram alívio na curva de juros
A produção industrial brasileira encerrou o segundo trimestre com crescimento acima do esperado em junho, quando houve o maior ganho de produção em quatro anos.
Em junho, a produção teve alta de 4,1% na comparação com o mês anterior, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados nesta sexta-feira (2). O resultado foi bem acima das expectativas, sendo o maior crescimento desde julho de 2020.
A limitação da perdas também deve-se a renovação do otimismo com o cenário fiscal. O mercado vê espaço para um contigenciamento de até R$ 50 bilhões no Orçamento deste ano — ou seja, superior aos R$ 15 bilhões anunciados pelo governo. A expectativa é de que novos cortes sejam anunciados até o final do ano.
Contudo, o noticiário local ficou em segundo plano.
O aumento das incertezas sobre a economia dos Estados Unidos, após dados de emprego despertarem a atenção para uma eventual recessão do país, dominou o humor dos investidores. As tensões geopolíticas no Oriente Médio seguiram no radar.
Altas e quedas do Ibovespa
Entre os ativos, Marcopolo (POMO4) disparou quase 10% durante o pregão em reação ao balanço do segundo trimestre. As ações da companhia registraram o maior preço da história a R$ 6,68, com quase 14 mil negócios.
Apesar da cautela externa, os ativos cíclicos recuperaram as perdas com o alívio na curva de juros. Magazine Luiza (MGLU3) figurou entre as maiores altas do Ibovespa. Eztec (EZTC3) também foi destaque, com impulso da reação positiva do mercado ao balanço trimestral.
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Na ponta negativa, Embraer (EMBR3) seguiu o ritmo da véspera e caiu mais uma vez, em meio a realização dos ganhos recentes. Os papéis da fabricante de aeronaves também foram pressionados pela volatilidade do dólar, sendo uma das ações mais negociadas no mercado brasileiro nesta sexta-feira (2).
Vale (VALE3) ignorou a recuperação de mais de 2% do minério de ferro na China e fechou em queda. Petrobras (PETR3;PETR4) recuou com o tombo de 3% do petróleo Brent em meio a incertezas sobre a economia dos Estados Unidos e tensões geopolíticas no Oriente Médio.
Na semana, Tim (TIMS3) liderou os ganhos do Ibovespa com salto de quase 9% no acumulado dos últimos cinco pregões, enquanto Braskem (BRKM5) registrou a maior perda do índice.
Exterior
Nos Estados Unidos, o dia foi de cautela após o relatório de empregos, o payroll, vir mais fraco que o esperado para julho.
O país criou 114 mil vagas de emprego em julho ante consenso de 180 mil postos de trabalho para o mês. A taxa de desemprego também subiu de 4,1% em junho para 4,3% em julho; as expectativas eram de estabilidade.
Além disso, as novas encomendas de produtos manufaturados nos Estados Unidos caíram 3,3% em junho depois de recuo de 0,5% em maio, mais do que o esperado para o mês.
Ontem (1º), dados da indústria também frustraram as expectativas. Com isso, o mercado passou a precificar uma eventual recessão da maior economia do mundo.
O VIX, índice de aversão ao risco de Wall Street também conhecido como “termômetro do medo”, chegou a disparar 48%.
Após os dados, os investidores esperam que cortes mais agressivos na taxa básica de juros, o Fed Funds.
A expectativa é de que o Federal Reserve inicie o afrouxamento monetário em setembro com um corte de 50 pontos-base, levando a taxa ao intervalo de 4,75% a 5,00% ao ano.
Até o final do ano, a perspectiva é de que o Fed reduza até 125 pontos-base.
Em reação, Wall Street começou a devolver os ganhos acumulados do ano.
Confira o fechamento dos índices de Nova York:
- S&P 500: -1,84%, aos 5.346,56 pontos;
- Dow Jones: -1,51%, aos 39.737,26 pontos;
- Nasdaq: -2,43%, aos 16.776,16 pontos.