Carrego Lula? Ibovespa volta a subir (e analistas já veem recordes)
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O Ibovespa voltou a fechar em alta, após disparar mais de 2% na última sexta. Com a agenda esvaziada e sem o auxílio das bolsas nos Estados Unidos, que estão fechadas devido ao feriado, o índice continuou repercutindo a queda de popularidade do presidente Lula.
Na sessão, o índice subiu 0,26%, a 128.522 mil pontos Já o dólar, que começou a sessão em queda, fechou em alta de 0,27%, aos R$ 5,7128, após ter encerrado a sexta-feira em R$ 5,6974.
De acordo com analistas, os mercados colocam nos preços uma possível alternância de poder em 2026. Membros do próprio governo já admitem que Lula tem até o fim do ano para se recuperar se quiser ter chances mais concretas de se reeleger. A popularidade do presidente despencou 11 pontos percentuais, a mais baixa dos seus três mandatos.
“Temos inércia do pregão de sexta, que foi muito forte. Você tem esse driver que é bem volúvel, bastante incipiente para eleições de outubro de 2026″, diz Victor Benndorf, da corretora que leva o seu nome.
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Rafael Passos, da Ajax Asset, diz que o mercado reage aos sinais políticos e econômicos, especialmente com a possibilidade de alternância de poder, “o que pode ser interpretado como um gatilho positivo, considerando os prêmios elevados na curva de juros, câmbio e Bolsa”.
“A preocupação principal segue sendo a sustentabilidade das contas públicas, enquanto o cenário externo não traz grandes fluxos que possam influenciar significativamente. No geral, o Brasil ainda está em um período de digestão dessas informações e ajustando expectativas para o futuro”, coloca.
Desaceleração da economia?
Na macroeconomia, o IBC-Br pior que o esperado se juntou a outros dados recentes que sugerem desaceleração da economia no Brasil. Na semana passada, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) já havia revelado dados de serviços, varejo e núcleos de inflação mais favoráveis ao controle da inflação.
A expectativa de que talvez o Banco Central não precise elevar os juros até a casa dos 15% já ganha força.
“A economia brasileira está desacelerando, não tem maiores dúvidas em relação a isso. Resta ver que tamanho de desaceleração é esta”, disse o economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala, ao analisar o resultado do IBC-Br.
“O BC está obviamente olhando todos estes dados e tentando ver como é esta tendência de desaceleração, se é mesmo tendência, se não é só ruído, mas o fato é que a curva de juros tem reagido com uma queda forte”, destacou Gala. “O juro longo está caindo bastante, com esta visão de que, crescendo menos, o Brasil desacelera e a pressão inflacionária cai.”
Na curva de juros, a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2026 — um dos mais líquidos no curto prazo — estava em 14,67%, ante o ajuste de 14,794% da sessão anterior, enquanto a taxa para janeiro de 2027 marcava 14,575%, ante o ajuste de 14,791%, distantes dos 15%.
Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 14,29%, em queda de 26 pontos-base ante 14,553% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 14,25%, ante 14,514%.
Ibovespa: Máximas históricas?
De olho no gráfico, o Ibovespa caminha para renovar máximas históricas, vê análise técnica do Itaú BBA. Segundo a equipe liderada por pelo analista Fabio Perina, o índice superou três regiões importantes de resistência no último pregão:
- a linha de tendência de baixa desde ago-24;
- a média móvel de 200 períodos,
- a resistência de curto prazo em 127.400 pontos
“Aeronave Ibovespa, autorizado a decolar: o pregão da última sexta, com a ultrapassagem das três resistências mencionadas, foi como se fosse a torre de controle tivesse dado a autorização para a aeronave na pista”, diz.
O Itaú recorda que o Ibovespa já havia entrado em alta em 30 de janeiro ao superar os 125.400 pontos.
“Porém, a partir de agora, se não tivermos nenhum problema, o avião (Ibovespa) deve seguir sua viagem rumo ao seu destino 137.469 pontos, com uma possível parada na região dos 130 mil. Apertem os cintos, assuma riscos calculados por que é hora de subir”.
Altas e quedas
Entre as maiores altas, ações sensíveis aos juros lideraram. Na maior alta, Magazine Luiza (MGLU3) subiu 7,86%, a R$ 7,96.
Já a Automob (AMOB3) fechou em alta de 3,7%, a R$ 0,28. A companhia anunciou que planeja implementar um grupamento de ações para superar o valor de R$ 1 por ação, após a B3 cobrar um posicionamento da empresa sobre como irá reenquadrar a cotação das ações até o dia 31 de julho de 2025.
Entre as maiores quedas, a JBS (JBSS3) liderou as perdas. BB Seguridade (BBSE3) também caiu 2,26%, a R$ 38. A seguradora deverá divulgar seus resultados trimestrais depois do fechamento do mercado.