Vale e receios fiscais pesam e Ibovespa fecha em queda
O Ibovespa (IBOV) fechou com declínio discreto nesta quinta-feira por receios com os cenários político e fiscal no país e pela queda de Vale (VALE3), que ofuscou a disparada de Petrobras (PETR4) após resultado acima das expectativas e antecipação de dividendos.
Índice de referência da bolsa brasileira, o Ibovespa cedeu 0,18%, a 121.581,98 pontos, segundo dados preliminares, após subir mais cedo aos 123.540,76 pontos na máxima da sessão.
No pior momento, recuou a 121.128,39 pontos. O volume financeiro somava 38,1 bilhões de reais.
“Isso traz insegurança jurídica”, afirmou Antonio Pedrolin, líder da mesa de renda variável da Blue3, acrescentando que a questão de um novo valor para o Bolsa Família tem incomodado investidores há alguns dias.
Propostas de regularização tributária a serem analisadas pelo Senado também estão no radar.
O pregão ainda teve de pano de fundo aumento do ritmo do aperto monetário no país, com o Banco Central elevando a Selic em 1 ponto percentual, a 5,25%, e indicando que deve repetir a dose em setembro diante das pressões inflacionárias.
“De fato, os juros mais altos acabam tirando um pouco do apetite do investidor e piorando os ‘valuations’ das empresas, uma vez que o valor na perpetuidade e os custos de capital acabam sendo prejudicados”, afirmou Pedrolin.
Ele ressaltou, porém, que o posicionamento do BC diminui os riscos de médio e longo prazos, o que beneficia o mercado de renda variável.
Destaques
Petrobras (PETR4) disparou 7,88%, após a petrolífera superar com folga expectativas no mercado com lucro de 42,86 bilhões de reais no segundo trimestre. A empresa também aprovou antecipação de dividendos de 31,6 bilhões de reais.
Vale (VALE3) recuou 3,06%, em sessão negativa para o setor de mineração e siderurgia como um todo no Ibovespa, depois que os futuros do minério de ferro na China terminaram em queda de quase 5% nesta sessão, na mínima em quase quatro meses.
Braskem (BRKM5) fechou em baixa de 4,17%, mesmo após lucro multibilionário no segundo trimestre. Em teleconferência, executivos da petroquímica afirmaram que esperam redução de spreads no segundo semestre e que a empresa avaliar retomar pagamento de dividendos.
Banco do Brasil (BBAS3) caiu 1,78%, revertendo a alta na primeira etapa do dia, que chegou a 3,6% na máxima, após balanço do segundo trimestre que mostrou crescimento de 52,2% no lucro. O BB anunciou que o lucro líquido anual deve ser maior do que o esperado.
Totvs (TOTS3) avançou 1,81%, em meio a um aumento robusto do lucro no segundo trimestre, fortalecido por aumento de receitas de sua divisão principal de softwares de gestão, enquanto os negócios nascentes de serviços financeiros e business performance decolaram.
Raízen (RAIZ4) caiu 2,16%, em estreia na B3 após precificar IPO a 7,40 reais por ação na terça-feira, no piso da faixa estimada. Na máxima, o papel chegou a 7,60 reais. Na mínima, a caiu a 7,18 reais.
Mercado Livre disparou 13,77% em Nova York, após mais do que dobrar receitas no segundo trimestre, uma vez que seguiu se beneficiando de foco na América Latina, a região onde o comércio eletrônico mais cresce no mundo, ainda na esteira dos efeitos das medidas de isolamento social.