Ibovespa fecha em queda sob pressão de Vale e Itaú Unibanco
O Ibovespa (IBOV) fechou em queda nesta quarta-feira, chegando a ficar abaixo dos 115 mil pontos no pior momento, com blue chips como Vale (VALE3) e Itaú Unibanco (ITUB4) entre as principais pressões, enquanto Bradespar (BRAP4) figurou entre as maiores altas.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 0,96%, a 115.062,54 pontos. No pior momento, chegou a 114.741,16 pontos.
O giro financeiro somou 46,4 bilhões de reais, influenciado pelo vencimento de opções de Ibovespa.
Uma combinação negativa de fatores domésticos seguiu pesando nas ações. Entre eles componentes, o diretor de investimentos da Reach Capital, Ricardo Campos, destacou o revés do governo no Senado na MP das redes sociais, que “atrapalha um pouco a sensação de que o clima entre os poderes estava apaziguado”.
O presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco, anunciou na véspera a devolução MP assinada pelo presidente Jair Bolsonaro que alterava o Marco Civil da Internet e limitava a remoção de contas, perfis e conteúdos em redes sociais.
A decisão, que na prática implica rejeição da proposta, reforça o tom mais cauteloso para a pauta de reformas e outros temas em Brasília, como o dos precatórios, que segue sob os holofotes no mercado.
Também trouxe desconforto, segundo Campos, comentários do ministro da Economia, Paulo Guedes, de que o governo deve um Bolsa Família mais robusto à população, mesmo ponderando que a conta de precatórios em 2022 inviabiliza a expansão do programa.
O Itaú BBA cortou o preço-alvo do Ibovespa no fim de 2021, de 152 mil para 120 mil pontos, citando o aumento de riscos fiscais, mas também deterioração na perspectiva macroeconômica do país e um cenário hídrico desafiador.
O cenário externo também trouxe divulgações que reforçaram as vendas de ações, com o economista sênior do Banco ABC Brasil Daniel Xavier destacando dados econômicos na China.
“Tanto o varejo como a indústria desaceleraram mais do que o esperado em agosto, alimentando preocupações sobre o enfraquecimento da economia global – com reflexo nos exportadores brasileiros e empresas de commodities.”
As operações na B3 ainda refletiram negócios ligados ao vencimento de opções sobre ações, na sexta-feira, que tem entre as séries mais líquidas papéis com peso relevante no Ibovespa.
O Ibovespa descolou de seus pares norte-americanos, com o S&P 500 fechando em alta de 0,85%.
Destaques
Vale (VALE3) caiu 2,5%, na esteira da queda dos contratos futuros do minério de ferro na China, que atingiram o nível mais baixo em nove meses, com recuo na produção de aço aumentando temores quanto à demanda pela commodity.
Itaú Unibanco (ITUB4) perdeu 1,62% e Bradesco (BBDC4) recuou 0,89%, com receios fiscais e perspectivas piores para o crescimento pressionando o setor como um todo.
Banco Inter (BDID11), que mostrou forte valorização nos últimos dois pregões, passou por ajustes e caiu 3,48%.
Magazine Luiza (MGLU3) caiu 2,41%, em sessão negativa para o e-commerce.
Americanas (AMER3) cedeu 4% e Via (VVAR3) encerrou em baixa de 2,98%.
Na contramão, Mercado Livre, negociada em Nova York, subiu 1,77%.
Petrobras (PETR4) valorizou-se 1,74%, endossado pela forte alta dos preços do petróleo, inflando ainda Petrorio (PRIO3), que teve acréscimo de 7,44%.
Bradespar (BRAP4) avançou 5,23%, após aprovar bonificação em ações, bem como distribuição de ações da Vale a seus acionistas a ser aprovada em assembleia em 15 de outubro e desdobramento de ações.
Analistas avaliam que o movimento deve reduzir o desconto de holding.
Gol (GOLL4) subiu 2,59%, após acordo de codeshare exclusivo com a American Airlines válido por três anos, em que receberá um investimento em ações de 200 milhões de dólares (1,05 bilhão de reais).