Ibovespa fecha em queda com riscos políticos e fiscais e Vale recua mais de 3%
O Ibovespa (IBOV) fechou em queda nesta quarta-feira, em meio à continuadas preocupações com os cenários político e fiscal no Brasil, com Vale (VALE3) entre as maiores pressões de baixa na esteira do declínio dos preços do minério de ferro na China.
Índice de referência da bolsa brasileira, o Ibovespa caiu 1,07%, a 116.642,62 pontos, menor fechamento desde 1 de abril. Foi a terceira queda seguida, ampliando a perda na semana para cerca de 3,75%.
O volume financeiro no pregão somou 67 bilhões de reais, turbinado por operações ligadas aos vencimentos de opções sobre Ibovespa e do índice futuro.
“Investidores ainda monitoram com preocupação os problemas fiscais e políticos no Brasil”, afirmou o analista da Terra Investimentos, Régis Chinchila.
Chinchila chamou a atenção para a melhora do Ibovespa, que chegou a 118.738,54 pontos na máxima do dia (+0,7%), atribuindo parte do movimento a declarações do presidente do Senado, após encontro com o presidente do STF, quando ele tentou acalmar os ânimos e pediu que os poderes retomem o diálogo.
“Investidores acompanham esse ponto com bastante atenção porque discussões importantes seguem na agenda do governo e esse desgaste institucional preocupa”, acrescentou.
No exterior, a ata de reunião do Federal Reserve ocupou as atenções, mas, na visão do estrategista-chefe do banco digital Modalmais, Felipe Sichel, adicionou poucas novidades quanto à postura de política monetária do BC norte-americano.
Ainda assim, ele destacou trecho do documento com discussão sobre possível redução no ritmo de compra de ativos (tapering), como mais um passo do Fed na comunicação sobre o assunto.
De acordo com o documento, a maioria dos participantes avaliou que os critérios relativos ao guidance para compras de ativos poderiam ser cumpridos neste ano.
Para Sichel, fica evidente que o comitê segue observando que a recuperação econômica progride e que, mantido o ritmo atual, um progresso substancial pode ser atingido este ano e, assim, será relevante preparar o mercado para o início do tapering.
Destaques
Vale (VALE3) caiu 3,36%, acompanhando o movimento dos contratos futuros do minério de ferro negociados na China, que recuaram mais de 4%, pressionados pelo aumento nos estoques em portos e por restrições à produção de aço.
No setor, Usiminas (USIM5) cedeu 4,73%. Além disso, o Ministério Público de Minas Gerais pediu arresto de bens de Vale e BHP no valor da dívida da Samarco de 50,7 bilhões de reais.
Ultrapar (UGPA3) fechou em baixa de 4,97%, após três sessões de recuperação depois de ter atingido mínima desde maio de 2020 na última quinta-feira, na esteira da recepção negativa ao resultado do segundo trimestre.
Braskem (BRKM5) valorizou-se 4,21%, endossada por analistas do BTG Pactual, reiterando recomendação de compra para as ações, com aumento do preço-alvo a 71 reais.
Eles citaram entre os pilares dessa visão a alta de spreads petroquímicos e expectativas de contínua geração de forte fluxo de caixa livre.
Embraer (EMBR3) avançou 3,69%, reagindo após dois dias seguidos de baixa, período em que acumulou uma perda de 12,65%.
As ações da fabricante de aviões continuam entre os melhores desempenhos do Ibovespa no ano, com alta de 112,77%.
Magazine Luiza (MGLU3) recuou 2,43%, mantendo o sinal negativo desde a divulgação balanço da empresa na semana passada.
No setor de e-commerce, VIA (VVAR3) subiu 1,42%. Executivos da empresa fizeram acordo com a CVM em processo sobre divulgação de informações.
Itaú Unibanco (ITUB4) avançou apenas 0,2%, terminando o dia distante das máximas da sessão, enquanto Bradesco (BBDC4) fechou com declínio de 0,65%.
Petrobras (PETR4) caiu 0,89% e Petrobras (PETR3) recuou 1,19%, na esteira da forte piora dos preços do petróleo no exterior, com o Brent em queda de 1,16%.
Na contramão, Petrorio (PRIO3) subiu 3,16%.