Ibovespa tem melhor novembro desde 1999 com esperança sobre vacina contra Covid-19
O Ibovespa (IBOV) fechou em queda nesta segunda-feira, mas acumulou em novembro a maior alta percentual para o mês desde 1999 e voltou a trabalhar em patamares próximos de fevereiro, com o noticiário promissor de vacinas contra a Covid-19 prevalecendo sobre o avanço de casos em todo o mundo.
Nesse contexto, as ações de companhias aéreas foram o principal destaque positivo no período, com Azul(AZUL4), Gol (GOLL4) e CVC Brasil (CVCB3) acumulando valorizações de 69%, 50% e 48,5%, respectivamente no mês após fortes perdas provocadas pelos impactos da pandemia.
Analistas do BTG Pactual (BPAC11) enviaram relatório a clientes no domingo elevando a recomendação de Azul para “compra” e o preço-alvo para 47 reais, bem como reiteraram “compra” de Gol, subindo o preço a 27 reais, apesar das notícias envolvendo possível retomada de medidas de restrição à circulação após as eleições.
Nesta segunda-feira, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou que a capital paulista, a região metropolitana e demais regiões do Estado que estavam na fase verde regrediram para a fase amarela do plano de reabertura da economia por causa do agravamento da pandemia de Covid-19.
Doria passou boa parte das semanas que antecederam o segundo turno das eleições negando tal agravamento e que poderia tomar medidas de encerramento do comércio após o pleito.
“O fluxo de notícias sobre a segunda onda de Covid representa o principal ‘overhang’ de curto prazo na indústria, enquanto o desenvolvimento de potenciais vacinas deve se intensificar no futuro, influenciando positivamente o desempenho das ações do setor”, afirmaram analistas do BTG.
Na outra ponta do Ibovespa, varejistas associadas a comércio eletrônico experimentaram acomodação nos preços, após altas expressivas desde o começo da pandemia, com a disparada das vendas online na esteira de medidas de restrições para tentar controlar a disseminação da doença.
Magazine Luiza (MGLU3) termina o mês com queda acumulada de 5,1%, embora em 2020 ainda contabilize um ganho de 96,4%.
B2W (BTOW2) acumulou declínio de 6,4%, enquanto Via Varejo (VVAR3) conseguiu encerrar no azul, mas ainda assim com performance pior que a do Ibovespa, subindo 3,4%.
A bolsa brasileira também assistiu a uma rotação nos portfólios para ações de setores de ‘valor’ e ‘cíclicos’, como bancos e commodities, com forte peso no Ibovespa, em detrimento de papéis de ‘crescimento’, com as ações de tecnologia, e que tiveram um desempenho mais forte desde o começo da pandemia.
O penúltimo mês do ano foi marcado por entrada líquida representativa de estrangeiros na bolsa, seguindo um movimento global, com os dados da B3 (B3SA3) até o dia 26 mostrando saldo positivo de 31,5 bilhões de reais em novembro, o que respaldou a reação do Ibovespa após três meses seguidos de performance negativa.
No ano, as vendas ainda superam as compras em 51,6 bilhões de reais, considerando dados do mercado secundário de ações do país.
Mas além das novidades sobre a eficácia de vacinas contra o coronavírus o fim das incertezas com as eleições norte-americana, da qual saiu vencedor o democrata Joe Biden, corroborou o apetite a risco global, com Wall Street também registrando recordes nesse mês.
Para a XP Investimentos, uma volta duradoura dos estrangeiros à bolsa brasileira, porém, depende, entre outros fatores, da melhor resolução sobre a trajetória fiscal do país e continuação da recuperação da economia e revisão de lucros das empresas listadas para cima.
A XP (XP) consultou sua ampla rede de assessores de investimento sobre o Ibovespa no final de 2021, com a pesquisa mostrando que 36% o veem entre 120 mil e 130 mil pontos.
Uma fatia de 25% enxerga acima 130 mil pontos, 23% calculam entre 110 mil e 120 mil pontos e 13% projetam entre 100 mil e 110 mil pontos.
Nesta segunda-feira, o Ibovespa fechou em queda de 1,52%, a 108.893,32 pontos, mas acumulou em novembro elevação de 15,9%, o melhor desempenho para o mês desde 1999 (+17,77%). Considerando todo o calendário, foi o melhor mês desde março de 2016.
O volume negociado no pregão nesta segunda-feira somou bilhões de reais, com a média de novembro em 48,87 bilhões de reais.