Ibovespa cai mais de 2% com perspectiva de aumento mais forte da Selic
O Ibovespa (IBOV) voltou a fechar abaixo dos 107 mil pontos nesta terça-feira, com o IPCA-15 de outubro reforçando a deterioração do quadro inflacionário no país e as expectativas de um aumento mais forte nos juros pelo Banco Central.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 2,11%, a 106.419,53 pontos, devolvendo quase toda a alta da véspera, quando experimentou uma trégua após a pior semana desde o final de março do ano passado.
O volume financeiro da sessão somou 27,2 bilhões de reais.
O IPCA-15 subiu 1,2% em outubro, maior leitura para o mês desde 1995, com piora qualitativa e acima das expectativas, o que provocou forte alta nas taxas futuras de juros, contaminando os negócios com ações.
O dado corroborou apostas de aceleração no ritmo de alta da Selic, com muitos economistas já aguardando uma alta de 1,5 ponto na taxa básica pelo Copom na quarta-feira.
Vários bancos também já veem a Selic com dois dígitos ao final do ciclo de altas, o que tende a minar o apetite por ações, que tinham entre seus principais catalisadores justamente o nível historicamente baixo das taxas de juros no país.
Nesse cenário, o Ibovespa voltou a se descolar de seus pares norte-americanos. O S&P 500 fechou com acréscimo de apenas 0,19% e renovou máxima histórica.
De acordo com estrategistas do JPMorgan, tem em sido uma jornada difícil para as ações brasileiras e as próximas três a quatro semanas ainda devem ser de incertezas. Mas, se não atingiram o fundo, estão perto disso.
“Continuamos a defender que o mercado oferece um ponto de entrada interessante, talvez o melhor que encontraremos por um tempo”, afirmam em relatório a clientes.
Destaques
B3 (B3SA3) recuou 5,74%, com o setor financeiro pressionando o Ibovespa.
Entre os grandes bancos, Itaú Unibanco (ITUB4) perdeu 1,08% e Bradesco (BBDC4) cedeu 2,26%.
Eztec (EZTC3) caiu 7,64%, em sessão de forte queda do setor na esteira da alta dos juros, com o índice do setor imobiliário na B3 apresentando a pior performance entre os índices setoriais, com queda de 4,45%.
Vale (VALE3) perdeu 1,06%, apesar da alta do minério de ferro na China, com Gerdau (GGBR4) destoando o setor de mineração e siderurgia, com alta de 0,32% antes do balanço do terceiro trimestre na quarta-feira.
EDP Brasil (EDPE3) subiu 2,23%, após reportar salto de 70% no lucro do terceiro trimestre e avanço no processo para a venda de três hidrelétricas e programa de recompra de ações.
Petrobras (PETR4) caiu 0,96%, após forte valorização na véspera, em meio ao ceticismo de agentes financeiros em relação a declarações recentes do presidente Jair Bolsonaro sobre a privatização da companhia ter entrado no radar.