Mercados

Ibovespa fecha em queda com NY e cenário político; bancos pesam

12 maio 2020, 17:52 - atualizado em 12 maio 2020, 17:53
Ibovespa Mercados
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 1,51%, a 77.871,95 pontos, na mínima da sessão (Imagem: Reuters/Paulo Whitaker)

O Ibovespa (IBOV) fechou em queda nesta terça-feira, contaminado pela piora em Nova York e preocupações relacionadas ao cenário político no país, com ações de bancos entre as maiores pressões de baixa, compensando o avanço de papéis de exportadoras na esteira de nova alta do dólar em relação ao real.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 1,51%, a 77.871,95 pontos, na mínima da sessão, após superar os 80 mil pontos mais cedo. O giro financeiro somou 22,7 bilhões de reais.

Em Wall Street, o S&P 500 fechou em baixa de 2%, conforme agentes financeiros continuam contrabalançando os riscos de uma nova onda de contágio do Covid-19 com a reabertura de atividade em várias regiões dos Estados Unidos, onde o vírus já matou 80 mil pessoas.

Anthony Fauci, especialista em doenças infecciosas renomado dos Estados Unidos e diretor do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas, alertou o Congresso nesta terça-feira que uma suspensão prematura dos isolamentos pode provocar surtos adicionais do coronavírus.

No Brasil, a deterioração em Wall Street foi seguida pelos primeiros relatos sobre o conteúdo do vídeo de uma reunião ministerial na qual, segundo o ex-ministro Sergio Moro, é apontado como possível prova da tentativa de interferência política do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal.

Em reunião ministerial no dia 22 de abril, Bolsonaro disse que a investigação sobre seus familiares justificaria a troca do então superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro e afirmou que, se ela não fosse efetivada, trocaria o diretor-geral da PF e o próprio ministro da Justiça e Segurança Pública, cargo então ocupado por Moro, relatou à Reuters uma fonte com conhecimento do vídeo da reunião.

“Isso fez a bolsa acelerar as perdas”, afirmou o diretor da Mirae Asset Pablo Spyer em vídeo na sua conta no Twitter.

Ainda no cenário político, agentes financeiros também estão na expectativa do veto prometido por Bolsonaro da proposta que exclui categorias do congelamento de salário previsto aos servidores públicos. A medida está no projeto de auxílio a Estados e municípios aprovado pelo Congresso.

“O Brasil não tem novidades auspiciosas”, afirmou a Verde Asset Management, em relatório de gestão, citando que aos problemas relacionados à pandemia do Covid-19 juntam-se a confusão política recente e a deterioração do cenário fiscal e de dívida no curto e médio-prazos.

BTG Pactual caiu 1,59%, sucumbindo à pressão no setor, após subir 6,6% no melhor momento da sessão (Imagem: Facebook/Divulgação/BTG Pactual)

“Nessa neblina de incertezas, fica mais difícil alocar mais capital”, afirmou a equipe liderada pelo gestor Luis Stuhlberger, para quem não surpreende a fraqueza – com algumas exceções – do mercado acionário.

Destaques

Itaú Unibanco (ITUB4) caiu 3,44% e Bradesco (BBDC4) recuou 3,12%, em meio a receios sobre medidas de combate aos efeitos do Covid-19 que podem prejudicar o sistema financeiro e estão na pauta do Senado para os próximos dias, em um momento já complicado para o setor em razão dos prognósticos de recessão no país. “Devemos reconhecer que o risco regulatório aumentou para os bancos brasileiros”, afirmaram analistas do Credit Suisse. Banco do Brasil (BBAS3) cedeu 3,52% e Santander (SANB11) perdeu 5,18%.

BTG Pactual (BPAC11) caiu 1,59%, sucumbindo à pressão no setor, após subir 6,6% no melhor momento da sessão, tendo de pano de fundo resultado do primeiro trimestre de 2020, que mostrou melhora no seu índice de capital principal. O banco decidiu adiar o lançamento de sua plataforma de banco de varejo em três a quatro meses por causa da pandemia.

Carrefour (CRFB3) fechou em baixa de 4,33%, entre os destaques negativos, após divulgar na noite de segunda-feira uma queda de 15,8% no lucro líquido do primeiro trimestre, afetada por impostos maiores e despesas financeiras.

Vale (VALE3) caiu 0,57%, perdendo o fôlego com a piora no mercado como um todo, após subir mais cedo apoiada na alta do preço do minério de ferro e também dos futuros do vergalhão de aço na China diante de perspectivas firmes para o consumo, mesmo com dados mostrando uma queda acentuada nos preços na porta da fábrica no mês passado.

Petrobras (PETR4)  cedeu 0,06%, também abandonando os ganhos registrados na maior parte da sessão, conforme os preços do petróleo no mercado externo valorizaram-se com o inesperado comprometimento da Arábia Saudita com maiores cortes de produção em junho.

Minerva (BEEF3) avançou 7,06%, com o setor de proteínas entre os destaques positivos, na esteira da alta do dólar ante o real, além de perspectivas ainda positivas para a demanda de carnes pela China. Marfrig (MRGF3)  subiu 3,78% e JBS (JBSS3) avançou 2,50%.

Embraer (EMBR3) recuou 5,70%, após informar que entregou apenas cinco jatos comerciais no primeiro trimestre, menos da metade do que entregou há um ano, atrelando a queda aos preparativos para um acordo com a Boeing (BA).