Ibovespa recua com dúvidas sobre teto de gastos e queda da Petrobras
O Ibovespa (IBOV) fechou em queda nesta quarta-feira, após mais uma sessão volátil, afetada por perspectivas relacionadas ao cenário fiscal brasileiro e agravamento da pandemia de Covid-19, com Petrobras (PETR4) novamente entre as maiores pressões negativas.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 0,32%, a 111.183,95 pontos.
“Tanto o Senado quanto a Câmara votarão as PECs sem nenhum risco ao teto de gastos, sem nenhuma excepcionalidade ao teto. Essas especulações não contribuem para o clima de estabilidade e previsibilidade”, afirmou Lira no Twitter.
Um gestor ouvido pela Reuters também citou ruídos de que Ministério da Economia estava evoluindo nas negociações com os senadores para não retirar o Bolsa Família do teto de gastos como componente para a melhora.
O novo parecer da PEC Emergencial, com uma versão mais desidratada da proposta, de forma a facilitar sua votação, foi oficialmente protocolado e lido em plenário na terça-feira.
No mercado, houve ruídos sobre o Bolsa Família ser retirado do teto, movimento visto como negativo do ponto de vista fiscal. Na versão protocolada não havia previsão de retirada do Bolsa Família, mas especulava-se a possibilidade de mudanças.
“Tudo que envolve contabilidade criativa para financiar gastos públicos é motivo para uma resposta negativa do mercado”, reforçou o analista Rafael Ribeiro, da Clear Corretora.
Mais cedo, no pior momento, o Ibovespa chegou a recuar 3,6%.
O governador de São Paulo, por sua vez, anunciou que o Estado voltará à fase mais restritiva do plano de quarentena, na qual somente atividades consideradas essenciais podem operar, a partir de sábado, por 14 dias.
Em meio à volatilidade, a temporada de balanços no Brasil continuou no radar com Magazine Luiza entre os destaques aguardados ainda nesta quarta-feira.
A B3 também divulgou novos horários de negociação a partir de 15 de março, em razão do começo do horário de verão nos Estados Unidos. No mercado à vista de ações, o fechamento será adiantado em 1h, para 17h.
Destaques
Petrobras (PETR4) e Petrobras (PETR3) caíram 3,64% e 4,29%, respectivamente, ainda afetadas por incertezas envolvendo a petrolífera, particularmente a autonomia para os preços de combustíveis.
Quatro membros de seu conselho de administração rejeitaram indicação para recondução aos cargos. Após o fechamento, a companhia divulgou que mais um conselheiro afirmou que não pretende ser reconduzido.
O Santander cortou a recomendação dos papéis para ‘manter’, bem como reduziu o preço-alvo da ON para 20 reais.
Itaú Unibanco (ITUB4) avançou 0,23%, após fechar com alta de 4% na véspera, enquanto agentes financeiros continuam avaliando os efeitos no setor após anúncio de aumento na alíquota da Contribuição Sobre Lucro Líquido (CSLL) nos bancos.
Bradesco (BBDC4) subiu 0,88%. Banco do Brasil (BBAS3) avançou 0,21%, tendo ainda no radar ruídos envolvendo o comando do banco de controle estatal.
CVC Brasil (CVCB3) caiu 4,53%, engatando a quinta sessão consecutiva de queda, em meio ao agravamento da pandemia de Covid-19 no país e o risco de recrudescimento em medidas de restrição de circulação.
Via Varejo (VVAR3) fechou em baixa 0,83%, perdendo o fôlego das máximas registradas no começo do pregão, quando chegou a subir 2,75%.
A companhia passou de prejuízo para lucro no quarto trimestre, uma vez que o salto do comércio eletrônico e a reabertura de lojas físicas aceleraram ganhos de produtividade da dona das marcas Casas Bahia e Ponto Frio. Magazine Luiza (MGLU3) subiu 3,5%.
Vale (VALE3) cedeu 1,23%, apesar da alta do minério de ferro na China. No setor de mineração e siderurgia, o desempenho foi misto: CSN (CSNA3) encerrou em alta de 1,66%, Usiminas (USIM5) ganhou 0,52% e Gerdau (GGBR4) caiu 0,33%.
Na China, os futuros do aço chegaram a atingir o maior nível em uma década, em meio a plano chinês de adotar mais medidas de proteção ao ambiente.