Ibovespa recua antes de feriado e Magalu perde R$ 16,7 bi em valor de mercado
O Ibovespa (IBOV) fechou em baixa nesta sexta-feira, reflexo de realização de lucros após três altas seguidas e tendo um fim de semana prolongado no horizonte, com Natura&Co (NATU3) e Magazine Luiza (MGLU3) caindo após resultados e perspectivas frustrarem investidores.
Índice de referência da bolsa brasileira, o Ibovespa caiu 1,17%, a 106.334,54 pontos. Ainda assim, teve desempenho positivo de 1,44% na semana, a segunda seguida de alta. O giro financeiro da sessão somou 31,7 bilhões de reais.
Na visão do líder de renda variável da assessoria de investimentos Blue3 Antonio Carlos Pedrolin, a queda é natural diante do feriado no Brasil na segunda-feira. “Investidores acabam reduzindo um pouco as posições”, afirmou.
Além disso, acrescentou, o noticiário macroeconômico continuou mostrando um cenário mais desafiador no país, com o setor de serviços registrando queda inesperada no volume em setembro, após cinco meses de crescimento.
Agentes financeiros também atribuíram o declínio do Ibovespa a movimentos de realização de lucros, após três pregões seguidos de alta, em que acumulou um ganho de 2,7%.
Para Pedrolin, esse movimento encontrou respaldo na aprovação da PEC dos Precatórios. Mesmo com críticas à medida, ele afirmou que o desfecho do texto na Câmara dos Deputados trouxe um sentimento positivo, “ruim com a PEC, pior sem ela”.
A PEC tem sido vista como a opção menos nociva no momento em que o governo busca espaço fiscal para acomodar medidas como o Auxílio Brasil, tendo no horizonte a eleição presidencial em 2022. A proposta, porém, ainda precisa ser votada pelo Senado.
Na visão do diretor da plataforma de análises independentes Ohmresearch, Roberto Attuch, com o avanço da PEC o cenário político, pelo menos por enquanto, não deve fazer tanto preço no mercado como ultimamente.
Olhando para a frente, contudo, ele ressaltou que, se a popularidade do governo não reagir, o mercado deve começar a questionar sobre potenciais medidas que podem ser adotadas pela equipe do presidente Jair Bolsonaro para melhorar esses números.
O último pregão da semana ainda teve de pano de fundo o rebalanceamento semestral de índices MSCI, referências para os mercados acionários globais, que passam a vigorar no fechamento de 30 de novembro. Para mais detalhes sobre as mudanças.
Destaques
Magazine Luiza (MGLU3) despencou 18,32%, para 11,15 reais, perdendo quase 16,7 bilhões de reais em valor de mercado, após reportar desaceleração nas vendas no terceiro trimestre, quando apurou um tombo de quase 90% no lucro líquido ano a ano afetado por provisões para estoques.
Natura&CO (NATU3) desabou 17,54%, com uma perda de 9,7 bilhões de reais de valor de mercado, com o resultado trimestral e a revisão de estimativas de desempenho ofuscando os planos da fabricante de cosméticos de listar seus papéis nos Estados Unidos.
Foi a menor cotação de fechamento desde maio de 2020.
Americanas (AMER3) avançou 5,83%, após resultado melhor do que o esperado para o terceiro trimestre, com expansão de quase 24% na venda bruta total no conceito GMV. Executivos da companhia também afirmaram que o ritmo de crescimento das vendas em outubro está mais rápido do que no terceiro trimestre. Na máxima do dia, a ação disparou 11,7%.
Lojas Renner (LREN3) caiu 5,01%, mesmo após passar de prejuízo para lucro líquido de 172 milhões de reais no terceiro trimestre, período marcado por crescimento de receita e alta nas margens.
A varejista de vestuário disse que pode ter queda momentânea da margem Ebitda, com aumento do e-commerce.
Embraer (EMBR3) recuou 4,44%, após a Força Aérea Brasileira (FAB) anunciar plano de reduzir contratos envolvendo o fornecimento do cargueiro KC-390 desenvolvido em parceria com a empresa.
A Embraer disse que buscará medidas legais para proteger o pedido das 28 aeronaves feito pela FAB.
BRMALLS (BRML3) subiu 3,14%, também tendo resultado trimestral e perspectivas da empresa.
Segundo o Credit Suisse, a empresa de shopping centers reforçou uma visão positiva sobre a recuperação operacional e financeira da companhia.